Diário da Peste (XXXIV) - 4 de agosto de 2021, um dia como quase qualquer outro
Tentando escrever à moda de Edgar Aristimunho, em seu profíquo Diário do Confinamento.
No início da manhã, leio Marcelo Coelho, cuja coluna é uma crônica de dezenraizamento. Nela Coelho, um homem na casa dos 50 anos, já não reconhece o país me que vive. Ele termina a crônica comentando que, afinal, uma geração vai substituindo a outra.
O meu trabalho em home office foi sem sobressaltos, e, portanto, sem muito o que comentar.
Fim de expediente, início de terapia. Teleterapia. Que hoje nem foi tão visceral assim. Após a consulta permaneci sereno.
Fim de terapia, passo direto para a transmissão de O É da Coisa, com Reinaldo Azevedo. Programa da Rádio Band News, também transmitido por redes sociais.
Tio Rei. O louco Brasil me fez voltar a ouví-lo, e ele fica me parecendo até alguém ponderado.
Nos anos 1990 eu acompanhava uma revista que ele publicava e a achava equilibrada. Ele diz que nunca foi tucano, mas que parecia, parecia.
Então vieram os anos petistas e vi ele se tornar um truculento antagonista do PT. Como ele diz, foi o inventor da palavra petralha. Embora ele diga que não quis englobar todos os simpatizantes do partido, só os fanáticos radicais. Grande ressalva!
Mas, enfim, os atuais anos loucos me levam a acompanhar seu programa novamente e achá-lo ponderado, quase brilhante.
Fim de programa, e percebo que Avelina publicou nova crônica em seu saite. Meu comentário a ela é solidário. Ela é muito mais aguerrida que eu. Desde 17 de abril de 2016 não acredito mais nas políticas do meu país. Sigo acompanhando algo, votando, mas já não creio que esse país possa melhorar. O atual governo parece minha crença certa. Não que eu faça gosto nisso.
Depois da crônica de Avelina me volto a edição do dia do Diário do Confinamento de Edgar Aristimunho. 503º (quinhentésimo terceiro?) dia.
Aristimunho comenta do aniversário de seu pai. O texto de Ed me faz lembrar um trecho de O Amor nos Tempos do Cólera, em que Fermina Daza arruma as roupas de seu marido, o doutor Juvenal Urbino. Já comentei quando fiz o registro da leitura deste livro. Lendo esse livro me senti como se Gabriel Garcia Márquez me levasse pela mão.
E senti saudades de meu pai.
E as mensagens na caixa de entrada do emeio não nos deixam esquecer que no próximo domingo é dia dos pais. Mesmo que já não tenhamos o pai nesta dimensão.
O texto de Ed nos permitiu breve troca de mensagens. Nossas vidas que passam. Cronos que nos devora. Como repeti, ainda pensando em Garcia Márquez. Ele se foi e deixou sua obra. Arte longa, vida breve.
E hoje também são 38 anos que eu e Linda começamos a namorar. É uma pena que o namoro tenha terminado! Em inglês, há uma expressão melhor. It is a shame that it happened. Sem querer sem pedante, mas obviamente parecendo. É uma pena. Shame on it.
Enfim, amanhã preciso trabalhar in office. Pensei que me pareceu impressionante que o que era ordinário há um ano e meio atrás se tornou extraordinário.
O mundo dá muitas voltas. Algumas que não podíamos imaginar. E não, o mundo não é plano.
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