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16 de outubro de 2024

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E a primavera sempre retorna. E então é outubro outra vez. E então o dia 16 chega e se mostra a você. E você se assusta.  É 16 de outubro de 2024. É aniversário da Siloni. Seriam os primeiros sessenta anos neste ano. Siloni não está mais entre nós, exceto, talvez em alguns de nossos corações.  O estranho foi a sensação de surpresa. De olhar para alguma tela, possivelmente algum celular, e lá estar a data: 16 de outubro.  Talvez eu devesse apenas publicar por mais um ano o texto Outubro antigamente era assim , mas não dessa vez.  Os sessenta anos de Siloni chegaram sem que eu percebesse. Pegaram-me de surpresa. E sessenta anos são, talvez, um sinal de plenitude. Pelo menos, talvez, segundo o horóscopo chinês. Segundo essa tradição, aos sessenta anos a pessoa já viveu o suficiente para passar pelos doze signos e pelos cinco elementos. Eu já falei sobre isso em um texto em que, de alguma maneira, felicitava alguém por completar… 61 anos! E como a Esfera Azul não para, sempre dá para relem

Passeio de despedida

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O sábado, 17 de agosto de 2024, era um dia de inverno. Estava frio e nublado. Foi em um período em que se faziam queimadas na Amazônia e a fumaça dessas queimadas chegava até aqui. A fumaça das queimadas da Amazônia chegava a lugares tão longínquos quanto o Rio Grande do Sul.  Nesta tarde de um sábado frio, ele me levou a passear.  Primeiro à Redenção. Nosso parque tão central e tão característico em Porto Alegre. Lugar onde tive o registro dos meus primeiros passos, literalmente, lá nos anos 1960.  A Redenção ou Parque Farroupilha é um lugar central na vida dos porto-alegrenses. Aos finais de semana sempre há muita gente por ali. Caminhando, levando os cachorros a esticar as patas, andando nos pedalinhos do pequeno lago. Eventualmente acontece algo mais. Naquele sábado, por exemplo, havia um grupo se exercitando e, ao mesmo tempo, se exibindo. Coisas que acontecem na Redenção.  Depois da minha caminhada pelo parque, voltei a ele.  Deveríamos voltar para casa, na Vila Ipiranga. Mas fom

Uma oportunidade que se perdeu em 2019: Allen Morrison e os bondes do Brasil

Allen Morrison foi um professor universitário e pesquisador estadunidense. Pesquisou sobre sistemas de transporte urbanos sobre trilhos. Entre os livros que publicou está um sobre os bondes no Brasil, isto é, em várias cidades brasileiras. Com as possibilidades abertas pela internet, ele acabou transformando este livro, originalmente chamado “The Tramways of Brazil”, em um saite . Na primeira década deste século descobri esta página dele, e, por diversão, e por curiosidade a respeito, resolvi traduzir seu texto que falava dos bondes em Porto Alegre . Concluí minha versão e enviei para ele por e-meio. Aparentemente ele gostou, me enviou uma resposta e acabou adicionando minha tradução ao seu saite . Isso foi lá por 2007 ou 2008. E por aí havia ficado minha colaboração. Na época pensei em continuar traduzindo a série de textos sobre os bondes do Brasil, mas não toquei a coisa adiante.  Passada mais de uma década, resolvi voltar aos textos de Morrison, e fiz uma tradução do texto sobre os

O inevitável Sílvio Santos

Neste sábado, 17 de agosto de 2024, morreu Silvio Santos. Escribas mais espirituosos dirão que morreu Senor Abravanel porque Silvio Santos continuará vivendo nos corações de seus fãs ainda por muito tempo. Embora o conceito de “muito tempo” possa ser relativizado.  O presidente da república declarou luto nacional de três dias. Inúmeras personalidades se manifestaram lamentando o falecimento.  Sim, o homem era um gigante da televisão brasileira. Esteve no ar por mais de cinquenta anos. Primeiro aos domingos, depois em outros dias da semana, desde que adquiriu sua própria rede de televisão.  Silvio Santos estava na TV desde que me dou por gente. Posso pensar nas tecnologias televisivas. Na primeira televisão que houve lá em casa, em preto e branco, lá estava Silvio Santos aos domingos. No primeiro aparelho com imagens coloridas, lá estava ele. Na primeira televisão de tela plana, Silvio continuava lá. Animando auditórios, dirigindo gincanas, acolhendo (ou não) calouros.  E obviamente tod

Diário – leituras – Surrender

Recentemente terminei de ler o livro Surrender, que adquiri no final de 2022. Lançamento na época. Se trata de um livro de memórias de Bono, nascido Paul David Hewson, o vocalista da banda de pop rock irlandesa U2. Neste caso, Bono nos mostra flashes de sua vida, e da banda, através de quarenta canções que dão títulos aos capítulos. É um formato interessante porque o título das canções evoca essas canções na cabeça de um fã como eu. Pelo menos as que eu gostava e conhecia. Sim porque eu comecei a me interessar pelo U2 através do disco The Joshua Tree, no final dos anos 1980. Foi realmente uma época em que eles estouraram mundialmente. Mas os primeiros capítulos recebem títulos de canções de antes de The Joshua Tree. A carreira da banda começa no final dos anos 1970. São títulos de capítulos do livro músicas do primeiro álbum, Three, de 1979. Ou de October, de 1981. Ou de Boy, de 1983. The Joshua Tree é de 1987 e eu devo tê-lo conhecido por 1988 ou 1989. Graças aos serviços de streaming

Refletindo sobre algumas figuras públicas que nos deixaram em julho e agosto de 2024

Mais gente faleceu, e mais gente a gente sente falta, ou percebe o falecimento. Eis alguns que nos deixaram nas últimas semanas.  Xicão Tofani  era um jornalista, que era conhecido como colunista social televisivo e figura boêmia na noite porto-alegrense. No início de julho teve um infarto ao qual não resistiu.  Caçulinha  era um músico instrumentista conhecido no Brasil, e passou a ser ainda mais conhecido ao participar por vários anos do programa Domingão do Faustão na televisão nas tardes de domingo. Também um infarto o levou neste início de agosto. O músico estava com 86 anos.  Adílio  era jogador do Flamengo. Jogou com Zico e Júnior, e fez parte da equipe que foi multicampeã nos anos 1980. Morreu em decorrência de câncer no pâncreas. Tinha 68 anos.  Delfim Netto  foi ministro de estado e deputado federal entre outras atividades. Era o último sobrevivente da reunião ministerial de dezembro de 1968 que marcou a decretação do AI-5, isto é, da ditadura escancarada, conforme o título d

Os inevitáveis Jogos Olímpicos de Verão de 2024 (II)

Estou escrevendo no sábado, 10 de agosto de 2024, véspera do encerramento dos Jogos Olímpicos de Verão de 2024, realizados em Paris. A delegação brasileira terminou os jogos com vinte medalhas, três de ouro, sete de prata e dez de bronze, o que nos deixa por volta da vigésima colocação entre as nações (falo por volta porque ainda haverá competições até amanhã, nas quais o Brasil não participará, segundo o noticiário).  Parece-me um bom resultado.  E para mim é um bom resultado mesmo. A primeira Olimpíada de que me lembro, foram os jogos de Montreal, no Canadá, em 1976. Lembro do noticiário falando em segurança reforçada por causa do atentado contra atletas israelenses nos jogos anteriores, em Munique, Alemanha, em 1972. Eu não lembro nada de 1972, eu tinha cinco anos de idade.  Em 1976, na minha cabeça, havia a expectativa de que João Carlos Oliveira, conhecido como João do Pulo na época, vencesse a competição atlética do salto triplo. Ele havia sido recordista na modalidade nos Jogos

Shannen Doherty (1971-2024)

Sábado passado, 13 de julho, faleceu a atriz Shannen Doherty . Ela ficou em nossa memória por interpretar a personagem Brenda Walsh nos quatro primeiros anos da série Barrados no Baile, originalmente Beverly Hills 90210, uma série televisiva de temática adolescente dos anos 1990. O programa era exibido na TV nas tardes de sábado. No Brasil, para essa série, Shannen Doherty era dublada por Marisa Leal. A voz ainda ressoa na minha cabeça. Não lembro de praticamente nenhum episódio, mas ficou a lembrança da atriz com sua beleza e, bem, a voz de Marisa Leal.  Morreu cedo, em decorrência de um câncer. Uma pena.  19, 22/07/2024. 

Mãe, faz um ano que estou aposentado

Mãe, Faz um ano que estou aposentado. De fato na data em que escrevo, faz um ano e um dia.  Tudo passou muito rápido, mãe. Como rápida parece a vida quando olhamos para trás.  1980. No final daquele ano a Lúcia informou que havia uma vaga para office-boy na empresa em que ela trabalhava. Sim, houve nepotismo. Eu tinha quatorze anos. Meu primeiro contrato de trabalho foi assinado em janeiro de 1981. 1981. Aquele seria o ano em que o pai se aposentaria e eu começaria a trabalhar. Office-boy, como já disse.  E a frase que ficou na minha cabeça foi o teu comentário, ou recomendação, que, começando cedo assim, antes dos cinquenta anos eu poderia ter uma aposentadoria e garantir um salário mínimo por mês. Era algo significativo porque o pai sempre teve contratos precários, mesmo sendo um bom profissional pedreiro. Havia aquelas histórias que contavas, que na primeira metade do século XX, quando houve as primeiras leis concedendo férias ao trabalhador que trabalhasse por um ano inteiro, os pa

Cara Maria – XVI – Um tour por alguns escritores de Porto Alegre

Cara Maria, Viajei em teu texto sobre Porto Alegre . Pensei em te copiar, mais ou menos como fiz quando escreveste sobre a Rua Duque de Caxias, mas depois desisti. Pensar que esses textos da Duque, o teu  e o meu , já têm mais de dois anos... Nunca morei no centro da cidade, mas trabalhei ali por 42 anos. Na minha infância o centro era uma espécie de jornada mágica, uma viagem para onde minha mãe me levava, acompanhando-a a resolver algum problema, em geral alguma conta a pagar, ou algum artigo a comprar. Às vezes consultas médicas ou dentárias, dela e minhas. Quando comecei a trabalhar, o centro se tornou uma espécie de território meu. Ainda mais que nos meus primeiros quatro empregos minhas atividades eram total ou parcialmente as atividades de um office-boy, caminhando pelas ruas centrais, para lá e para cá.  Mas como eu te disse, desisti de desenvolver essas ideais.  Mais ou menos na mesma época em que escreveste tua crônica homenageando o mais recente aniversário de Porto Alegre,

A estranha situação de estar enviando uma mensagem ao meu pai morto sobre um velho relógio às vésperas do Carnaval de 2024

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Pai, Fiquei pensando em ti esta semana. Uma reflexão da semana passada  relembrou que neste dia 4 de fevereiro se completaram 34 anos da tua morte. Uma morte que senti muito, muito.  Estou escrevendo numa quarta-feira. No sábado será Carnaval. Possivelmente eu publique esse texto na Terça-Feira Gorda.  Não herdei muita coisa. Um pijama. Um roupão. Um par de sapatos. Tem um colega de trabalho que ficou com esse item de herança fixado na cabeça dele. Ele achou surpreendente que eu pudesse herdar um par de sapatos do meu pai.  Um relógio.  Esta semana usei este relógio. Aquele mesmo relógio comprado provavelmente em 1965. Teria sido na antiga Casa Masson? Um relógio que, para ti, era tão caro à época, que precisaste do apoio do salário de minha irmã para, como se dizia, abrir um crediário, e poder comprar esse relógio em não sei quantas vezes. Um dos relógios que sempre davas corda antes de deitar para dormir (o outro era o despertador que, às vésperas de conseguires te aposentar, chamava

Um mês de inverno, 2023

1. Esta semana se completou o primeiro mês do inverno no hemisfério sul neste ano de 2023. Como costumo dizer, o inverno em Porto Alegre não é assim, aqueeele inverno de temperaturas abaixo de zero, e frio de congelar. Sempre vale lembrar que Curitiba, que está mais próxima do Equador, tem temperaturas médias mais baixas que Porto Alegre.  Dito tudo isso, parece que a crise climática está ficando mais evidente.  Desde o final do outono até o momento, tivemos três ciclones percorrendo o litoral do Rio Grande do Sul, e causando estragos no continente, incluindo a Grande Porto Alegre. O mais recente deles causou ventos de mais de 100 km/h na cidade de Rio Grande, no litoral sul.  Esse mais recente ciclone também trouxe uma frente fria para o Rio Grande do Sul. No início desta semana tivemos temperaturas abaixo de dez graus em Porto Alegre.  Como somos fortes, depois da frente fria, uma onda de calor trouxe temperaturas máximas próximas de trinta graus à cidade. Podemos chamar isso de um v

Será o fim das Lojas Americanas?

Tem sido amplamente noticiado que foi encontrada o que é, pelo menos, uma vasta inconsistência contábil na contabilidade das Lojas Americanas. Há inclusive suspeitas de fraude.  No meio do noticiário econômico dando conta do derretimento no preço das ações e do pedido de recuperação judicial para tentar evitar falência, surgiram textos sobre o valor sentimental das Lojas Americanas.  Foi assim, que em 18 de janeiro passado, um certo Cleo Guimarães usou um texto na Folha de São Paulo , para demonstrar saudades... da Mesbla! Em suas memórias de menino de classe média alta (esquerdistas chamariam do pequeno burguesa), ele relembra seu pai pedindo escalopinho ao molho marsala, no restaurante da Mesbla que ficava na Rua do Passeio, no Rio de Janeiro. E relembra também os presentes que lhe foram comprados naquela loja, de relógio a bicicleta. Ele começa o texto dizendo que as Americanas não deverão deixar saudades. E termina o texto informando que depois do encerramento das atividades da Mes

Fevereiro em dois, três, quatro

No dia 2 de fevereiro é feriado em Porto Alegre. Nesse dia, no município, é comemorado o dia da Senhora dos Navegantes.  Também nesse dia, é comemorado o aniversário do Claudio. Só ele para dizer se é bênção ou maldição fazer aniversário em feriado. Se bem que já faz algum tempo que ele se mudou para uma cidade do interior, onde não é feriado no dia 2 de fevereiro. Quantos anos ele completará neste 2023? 63? Não sei. Não tenho certeza. Somos amigos desde a primeira metade da década de 1980. Com momentos mais próximos, e outros mais afastados. Acho que esse é um momento próximo, apesar de vivermos a duzentos quilômetros de distância um do outro. Feliz aniversário, Claudio!  3 de fevereiro sempre foi aniversário da minha mãe, a Dona Nadir. Ela nos deixou em novembro de 1995. Mãe é uma referência eterna. Tanto assim que ela ainda é muito presente na psicoterapia. Seriam 98 anos neste 2023. Feliz aniversário, mãe! Mais recentemente 3 de fevereiro se tornou o aniversário de Carlos. O Leão!

Glória Maria, de idade indefinida

Nesta quinta-feira fomos surpreendidos (ou, ao menos, eu fui surpreendido) com a notícia do falecimento de Glória Maria. Jornalista, repórter e apresentadora. Ela nos deixou com indefinidos mas presumidos 73 anos, em decorrência de metástases de um câncer de pulmão.  Sinto. Acho que ela poderia ter ficado um pouco mais.  Glória Maria habita aquele lugar em que habitam pessoas que vimos muito na televisão. Embora eu mesmo esteja vendo muito pouco televisão, desde a pandemia.  Assim, se vi reportagens suas no Jornal Nacional ou no Fantástico, ultimamente já não a via no Globo Repórter.  Mas ela fica na lembrança. Aquela primeira repórter negra, que inspirou tantos outros profissionais negros a seguirem o mesmo caminho.  E uma repórter que acabou por se tornar personagem, quando participava de atividades que reportava.  Muitas reportagens e depoimentos a exaltam nesta sexta-feira, 3 de fevereiro.  Como dito, vai ficar na lembrança de quem a viu. 03, 04/02/2023.

A orquídea morreu

E parece que a orquídea morreu mesmo .  Apesar de eu continuar a regá-la, e apesar de minhas orações em favor dela.  O que me fez pensar em tantas pessoas que partiram nos últimos dias, e sobre como elas nos influenciaram e influenciam. Ou não. E não necessariamente na ordem em que se foram.  Por exemplo, Roberto Dinamite. O eterno atacante do Vasco nos deixou no dia 8 desse mês, precocemente, aos 68, em decorrência de um câncer. Como não torço para o Vasco, minha principal lembrança de Dinamite foi nos jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1978, na Argentina. Aquela que o Brasil ficou em terceiro lugar, sem ter perdido nenhuma partida. Ele foi convocado para a Copa seguinte, de 1982, mas não jogou. Ficou na reserva de Serginho. Eu achava Dinamite um atacante melhor. Assim como achava que o goleiro não poderia ser Valdir Peres, mas essa é outra história.  Outra que nos deixou foi Gina Lollobrigida. A atriz, de fato uma multi-artista, se foi dia 16, aos 95. Bom, 95 é uma idade

Tia Olívia (1930-2023)

Devia ser um sábado como quase qualquer outro. A única coisa menos comum foi que na manhã desse sábado eu resolvi ir a um laboratório realizar os exames que se tornam rotina na vida da gente depois dos quarenta, quando a gente tenta cuidar da saúde.  Do laboratório para casa, resolvi realizar a caminhada diária, recomendada pela médica, aproveitando a falta de pressa e a temperatura amena do início da manhã.  Passei a manhã entre leituras.  No início da tarde, saí para almoçar em um restaurante perto de casa.  Depois do almoço, nova caminhada, até um shopping próximo. Nos dias de verão é bom caminhar sob o ar condicionado do shopping.  De tantas caminhadas, um par de tênis está se entregando. Comprei um novo par de tênis.  Quando eu ia me encaminhando lentamente para a saída do shopping, uma mensagem do Emanuel me interceptou. Tia Olívia, tia-avó dele, tia da Linda havia falecido. Caiu sobre mim o sentimento de luto.  Tia Olívia, a irmã gêmea da Dona Dyva, minha falecida sogra.  Faz qu

Odete e Mikhail

Na noite de terça-feira, 30 de agosto, quase meia-noite, o Claudio me enviou uma mensagem. Informava que Odete havia falecido. Odete que fazia mais de trinta anos que eu não via. Na minha memória é uma garota de vinte e poucos anos, baixinha, de óculos e com um amplo sorriso de todos os dentes. Agora devia estar com mais ou menos 60. Pelo que entendi era portadora de alguns males, como obesidade e diabetes, e recentemente tinha sofrido um AVC.  Como ela participava de movimentos católicos, o funeral foi triste, mas belo. Odete morreu com a esperança da ressurreição de Jesus.  No dia seguinte, o noticiário informava da morte do último líder da União Soviética, Mikhail Gorbatchev. Foi assim que ficou na minha memória. A Folha de São Paulo, por exemplo, grafou Gorbatchov, uma transliteração possível do alfabeto cirílico.  A União Soviética surgiu como um ideal de igualdade e fraternidade, e tornou-se no decorrer do tempo um estado opressor e disfuncional. Gorbatchev queria melhorar a situ

Zelão (1946-2022)

O Ed Aristimunho já disse que sou o cronista que lê obituários. Sou mesmo. Não sei se isso é normal (qual a percentagem de pessoas que costuma ler obituários em jornal, entre a população em geral?), mas sigo fazendo. Às vezes sou pego por alguma surpresa. Neste domingo, 28 de agosto, foi publicado o obituário de José Luiz Nammur, o Zelão .  Chegou a estudar direito, se apaixonou pela música, se tornou violonista. Mas como todo mundo tem que se virar, virou marqueteiro.  Em uma trajetória que me lembrou até a do Rubem Penz, meu xará fez parceria na composição de canções. E também criou jingles publicitários.  O que me surpreendeu? É dele o jingle que embalou parte da minha infância, com as propagandas do Caldo Maggi, “o caldo nobre da galinha azul”.  Mesmo que minha mãe só usasse o concorrente Knorr.  Coisas da infância, que ficam na memória. Pessoas que se vão.  Zelão morreu dia 19 de agosto, aos 75 anos, de insuficiência cardíaca e respiratória.  Gostava de amigos, violão e cerveja. C

Os óbitos da semana (14 a 21 de agosto de 2022) – Armindo Ranzolin e Claudia Jimenez

Espero que não esteja ficando mais frequente, mas me dá a impressão que estou dedicando mais tempo a escrever sobre pessoas recém falecidas.  As pessoas muito presentes na comunicação social se tornam importantes para nós. São pessoas a quem nunca fomos formalmente apresentados, mas que passam a fazer parte de nossas vidas e nossas lembranças.  Na quarta-feira, 17 de agosto, faleceu o jornalista Armindo Antônio Ranzolin. Como dito, jornalista e locutor, deve ter passado por todos os principais veículos de comunicação do Rio Grande do Sul.  Lembro de um episódio lendário sobre as eleições de 1982. Então na Companhia Jornalística Caldas Júnior (naquela época, principalmente jornal Correio do Povo e Rádio Guaíba) a equipe liderada por Ranzolin teria dado um banho na concorrência, tanto na apuração quanto na audiência. Como a memória é falha, e o assunto dado a controvérsias, acho melhor consultar os profissionais que atuavam à época, para ver se confirmam ou não. Ranzolin também era narra