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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

Parecia sábado

Era uma segunda-feira, que parecia sábado.  Eu ainda na ativa, em ritmo de aposentado.  Meio-dia de verão, calor de fevereiro. Aguardo o busu, na sombra sob o abrigo O compromisso é de almoço, num shopping O ônibus aparece, vai lentamente, Na cidade ainda preguiçosa, silente.  Vou lendo as notícias, na paisagem conhecida A viagem demora um tanto, o veículo vai preguiçoso,  Nada, nada buliçoso De repente, já perto do destino  Uma surpresa, momento supino No banco a meu lado, vinda do fundo do bus Senta, ágil, uma menina  Pele muito branca, quase transparente Sainha abaixo da metade da coxa Em cima um bustiê Tenis brancos,  Com brancas meias, Só até os tornozelos Não sei se alta de tão magra,  Ou se magra de tão alta, Será eterna vítima de bullying, uma saracura? Ou se tornará como la Bündchen, uma belezura? A idade eu não soube identificar Adolescente ou pré-adolescente De relance, ao olhar seu rosto Eis marcante maquiagem, Sombr

Diário - leituras - Vento Sobre Terra Vermelha

Travei contato com o escritor Caio Riter faz uns poucos anos. Foi então que soube que ele era um escritor relativamente conhecido e premiado no Rio Grande do Sul, em especial, com livros infanto-juvenis. Também foi dele o prefácio da primeira antologia de que participei, a "Metamorfoses".  Tendo certa curiosidade sobre a obra dele, na edição de 2018 da Feira do Livro, me deparei com um de seus livros num balaio de saldos, que acabei por comprar. Se trata da coletânea de contos "Vento Sobre Terra Vermelha".  Os contos criam um universo de personagens que habitam um vilarejo ao redor das terras do Coronel Boaventura, em uma região não especificada do Rio Grande do Sul, provavelmente na Campanha.  São contos impactantes, de pessoas que cumprem suas sinas do jeito que conseguem, em histórias que são mais tristes que felizes. Violentas muitas das vezes. Muito impactantes a maioria delas. Na alegoria cortazariana, que o conto tem que vencer por nocaute o leitor enq

Registro de Leituras - O Tempo e o Vento - O Continente (I)

Resolvi, depois de muito tempo, ler a epopeia de Érico Veríssimo, "O Tempo e o Vento". Três livros, sete volumes. É muita história, como se fosse o nosso Guerra e Paz Noite passada (17/02/2020) terminei de ler o primeiro volume da primeira parte. O primeiro volume de O Continente fala do começa falando sobrado dos Terra Cambará cercado pelos federalistas, na fictícia Santa Fé, possivelmente por volta de 1895 (Santa Fé é fictícia, e uma batalha em Santa Fé é fictícia, mas a Revolução Federalista foi real). Então abre espaço para as histórias de Pedro Missioneiro e as missões espanholas, isto é, os Sete Povos, incluindo uma citação de Sepé Tiaraju. Conta também a história de Ana Terra, seus pais e seus irmãos. E a história do Capitão Rodrigo Cambará.  Ou seja, O Continente, volume um, contém alguns livros dentro de si. Nos meus tempos de adolescência, lembro de colegas que tiveram que ler tanto Ana Terra, quanto um certo Capitão Rodrigo, para as aulas de língua portuguesa

Atualização Cadastral-Sentimental

Às vezes somos surpreendidos por sentimentos inesperados. E coisas que deveriam ser banais, acabam assumindo dimensões maiores.  Hoje, por exemplo. Depois de meses de pesquisas, tentativas de tomada da atitude e adiamentos, e, depois de ter agendado via internet, compareci a um guichê da Justiça Eleitoral, para uma atualização de endereço. Levei o título de eleitor, a carteira de identidade e um comprovante de residência, no caso a conta de luz.  Me assustei um pouco ao chegar ao local, pois parecia que havia muito mais gente do que seria possível atender, uma vez que há o agendamento prévio. Mas boa parte desse pessoal não havia agendado. A prioridade de atendimento seria dada aos que marcaram previamente. Os demais seriam atendidos na medida do possível. O esclarecimento me aliviou.  De fato, em três minutos, fui chamado para ser atendido. Apresentei os documentos, fiz o registro de minha assinatura em um escâner. O funcionário atualizou dados, me fotografou, e registrou infor

Início de Fevereiro de 2020

Início de fevereiro é sempre dia de lembranças. Lembranças familiares. Ainda no rescaldo do segundo aniversário do falecimento de minha irmã, em 22 de janeiro, sou confrontado com essas outras efemérides familiares. 3 de fevereiro, aniversário de minha mãe. Se fosse viva, não tivesse nos deixado em 1995, completaria 95 anos. 4 de fevereiro, aniversário de falecimento de meu pai. O velho foi misericordioso com a mãe. Não morreu no dia do aniversário dela, mas no dia seguinte. Lá se vão 30 anos. parece que foi ontem.  Sinto falta de todos eles. Me sinto como que abandonado. Sei que não é assim, mas é assim que me parece.  Sentimentos.  10/02/2020.

Diário - leituras - Lambuja

"Lambuja", livro de Caco Belmonte, aborda um dia na vida de Jorge, jornalista desempregado, atolado em dívidas, e na luta por um novo posto de trabalho e pela sobrevivência. Um dia de calor e chuva no abafado verão de Porto Alegre. O autor nos coloca entre o fluxo de pensamento de Jorge, e suas andanças por Porto Alegre durante esse dia. Ele está prestando um serviço avulso como relaçoes públicas, mas pleiteia uma vaga de assessor na Assembleia Legislativa.  Pleiteia dinheiro emprestado para amenizar as dívidas e ainda enfrenta problemas com o filho adolescente. Aliás, uma frase bastante repetida pela personagem é "Tudo é o dinheiro", ou algo assim. O livro acaba compondo um quadro de certa classe média porto-alegrense e brasileira, com drama e momentos para um sorriso amarelo.  Segundo descrito no livro, Caco Belmonte é jornalista e escritor. Acabei descobrindo que ele é filho de João Carlos Belmonte, antigo comentarista esportivo que trabalhou em emissora