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Mostrando postagens de novembro, 2020

Diário - leituras - Sem / Cem Palavras

Em literatura, normalmente estamos acostumados com estrutura na poesia. Estão aí os haikais com seus três versos, em dezessete sílabas; ou os sonetos com seus dez versos, duas quadras e dois tercetos; entre outros menos conhecido.  Neste caso, uma estrutura foi proposta para a prosa. Os autores convidados deveriam escrever uma história com cem palavras, e assim se estruturou um livro: vinte autores(as), tendo cada um(a) escrito cinco histórias, em um livro com cem minicontos.  Faz algum tempo li essa coletânea "Sem / Cem Palavras", coletânea de contos curtos, ou minicontos.  Como expliquei, são cem contos. E comentar um por um demandaria uma dedicação imensa. Não farei isso. Direi apenas, que, como se poderia esperar, com vinte autores, há uma variedade de temas e estilos e de temas. E como os contos se limitam a cem palavras, têm que ser sucintos. E alguns autores tornam seus contos crípticos, deixando muito à imaginação do leitor.  Nesse caso, meu destaque vai para Gustavo

Lives que substituem eventos - Santa Sede Safra 2020

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Neste ano da peste, como eu já disse antes , quase tudo virou "live". Ontem à noite, 26 de novembro de 2020, foi feita uma live para substituir uma sessão de autógrafos que deveria haver para o lançamento do livro Santa Sede Safra 2020, tema "Eu, hein?".  Quem acompanhou, pôde ver o Rubem em uma tela, com os nove cronistas em uma tela dentro da tela, comentando sobre o livro. Sim, os bares estão abertos, mas a tradicional sessão de autógrafos em um bar traria aglomeração de gente, pois lá estariam os cronistas com seus amigos e familiares, enchendo o tal bar. Como diria o Rubem em tais eventos "o bar é nosso".  Eu gostaria de estar lá.  Eu provavelmente fotografaria um pouco lá, talvez o Marcelo Leal estivesse fotografando lá, provavelmente o Ivan Penz estaria fotografando lá. Possivelmente cada pessoa portadora de um celular estaria fotografando lá.  Bebendo, confraternizando, pegando autógrafos.  A live me pareceu uma pálida e insuficiente compensação. 

Diário - leituras - Amarelo e Marrom

Tomei a iniciativa de ler esse livro pelo comentário do colunista Sérgio Rodrigues  . Indicação de literatura sobre o racismo nosso de cada dia? Achei interessante. Tanto mais, que a história se passa em parte em Porto Alegre.  Depois de ler o livro, constato que a maior parte do livro é ambientado em Porto Alegre. Principalmente no bairro do Partenon, com descrições realistas, de suas ruas e estabelecimentos.  A história é contada por Federico, irmão de Lourenço. Filhos de pai negro e mãe branca, Federico tem a pele clara, Lourenço a pele escura. Para dar mais matiz à história, o pai negro de ambos é um importante policial civil, encarregado das perícias.  De pele mais clara, é Federico que acaba por se envolver com a militância negra. E por conta disso, é convidado a participar de uma comissão em Brasília, onde se busca uma maneira de validar as cotas para negros e indígenas. Durante as discussões da comissão, um incidente grave acaba por fazer com que Federico se sinta compelido a v

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Ele a adorava e a achava linda. Cada vez que saíam ficava impaciente com a expectativa que iriam transar.  Ela o admirava e o achava inteligente. Cada vez que saíam dizia que gostava de falar com ele e que sexo não importava.  13/11/2020.

Mensagem a Mário, a respeito de seu livro Travessia

Caríssimo Mário, Acabo de ler seu recente livro Travessia. De fato uma travessia, do Atlântico, da Europa para a América, de um continente consolidado para um onde a maior parte das coisas estava por ser feita. Sim, la vêm Ignácio e Elvira, em um brigue para o Novo Mundo, no início do século XIX. A leitura flui bem. Sabes, até quase o seu final Travessia me lembrou as obras infanto-juvenis de Francisco Marins, que li na infância, e acabei por ler e reler depois de adulto . A novela em um Brasil agreste, onde o chamado homem civilizado precisa conquistar a natureza. O que li dele é ambientado por São Paulo e Mato Grosso. Agora tenho também a tua novela. Com a diferença de ser endereçada ao público adulto. Mas, quem sabe? O universo está criado. Quem sabe a tua imaginação não cria um protagonista jovem trazido criança para a região da colônia de São Leopoldo, onde precisará desbravar a natureza e ter aventuras? E ainda, para se assemelhar mais aos livros de Marins, tua novela é ilustrada

Pity, um cachorrinho (+ 24/11/2020)

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Pity nos deixou. O cachorrinho mais inteligente e educado com que convivi cotidianamente se foi. Com data de nascimento não sabida, estimo que estivesse com alguma coisa como quatorze ou quinze anos. Peludo, pelo longo, preto e branco, porte pequeno, lhasa-apso sem raça definida, Pity chegou resgatado pela Linda no bairro Anchieta. Sempre ficamos nos perguntando como um cão tão manso, doce e educado estava abandonado naquele arrabalde da cidade. Será que alguém teve coragem de largar um cachorro como ele? Ou será que foi roubado com algum carro e largado lá? Bom, ele nos deu muitas alegrias. Foi companhia fiel para todos da família. E inclusive foi pai de uma ninhada. Seu filhote Max continua. Em relação a ele, houve o registro em duas crônicas, e um poema. O poema Aflição de Cachorro e a crônica-conto Cabeçada de Cachorro foram registrados no blogue. A crônica memorialística Inventário de Cachorros foi publicada em Palavras de Quinta, livro coletânea, dos alunos da oficina literária

PITY by GOOGLE PHOTOS

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Matando Preto no Dia da Consciência Negra

Não exatamente no Dia da Consciência Negra, mas na véspera. O que você pensaria se alguém querido seu fosse assassinado a socos às vésperas do Natal? Pois ontem, dia 19 de novembro de 2020, uma quinta-feira, um cidadão negro, João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, foi assassinado em um supermercado na zona norte aqui de Porto Alegre.  O mercado, filial de uma rede de lojas espalhada por todo o Brasil, se eximiu da culpa, responsabilizando a empresa terceirizada pelo incidente, inclusive com rompimento imediato do contrato. Informando ainda que dará toda assistência à família do assassinado. Aqui vale um parêntese: essa rede precisa rever seus protocolos, pois é o terceiro incidente grave em que está envolvida nos últimos anos. Em 2018, um segurança de uma loja matou um cachorro de rua que rondava uma loja em Osasco a pauladas. Em agosto deste ano, um funcionário teve um mal súbito em uma loja no Recife. Em lugar de fechar a loja, o corpo foi isolado, em uma tentativa de escondê-lo.  T

Espera

Sentado no banco da praça, o molambo perguntou ao passante, "que horas, tu tem?". O passante diminuiu o passo, olhou o relógio de pulso, e respondeu "são duas e quinze.", e ainda perguntou "o senhor tem compromisso breve?".  13/11/2020.

Incomum Feira do Livro de Porto Alegre

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A 66a. Feira do Livro de Porto Alegre terminou no final de semana passado, dia 15 de novembro de 2020. Se há uma coisa que eu realmente gosto no calendário cultural de Porto Alegre é a Feira do Livro. Sua localização na mui central Praça da Alfândega, sob os decantados jacarandás e palmeiras imperiais. Devo ser um frequentador pontual desde comecei a trabalhar no centro da cidade, no início da década de 1980. Além disso, no final daquela década passei a trabalhar muito perto da Praça da Alfândega. Sempre fui um rato de balaios. No início pela grana curta. Depois meio que virou um hábito, onde sempre é possível encontrar um best seller de outrora baratíssimo, ou um autor semidesconhecido, que eventualmente acabei por conhecer, nessas oficinas de escrita das quais tenho participado. Para mim, a glória se deu quando estive autografando na 62a. edição da Feira a coletânea Santa Sede - Safra 2016. Mas como tantas outras coisas neste ano, a peste também afetou a Feira do Livro, em sua 66a. e

Siloni Maria Elesbão (16/10/1964 - 16/11/2020)

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Siloni Maria Elesbão faleceu na manhã de 16 de novembro de 2020, uma segunda-feira.  Nascida no interior de Cachoeira do Sul, veio para Porto Alegre, no final da infância, e por aqui estudou. Depois de ter completado o ensino médio, chamado segundo grau na época, ainda fez um curso técnico de Contabilidade. Trabalhou, principalmente no comércio.  Em 1989 teve oportunidade de conhecer a cidade do Rio de Janeiro, onde passou férias, acompanhando a irmã, e ajudando a cuidar do sobrinho ainda bebê.  No ano passado, dores abdominais à levaram a uma emergência hospitalar, e ela foi diagnosticada com câncer no intestino. Lutou bravamente contra a doença sendo submetida a uma cirurgia, onde teve que usar bolsa de colostomia por um período. Entre as diversas entradas e saídas do hospital, chegou a contrair Covid-19, doença da qual se recuperou. Infelizmente o câncer continuou avançando, e ela pôde ter apenas cuidados paliativos nas últimas semanas de vida. Tinha 56 anos, completados há um mês.

Diário - leituras - Livros de Miguel del Castillo

Entrei em contato com Miguel del Castillo por conta das resenhas jornalísticas para seu mais recente livro, "Cancún". Nessas resenhas é exposto o pano de fundo evangélico presente neste livro. Por conta disso, digamos, da nossa história comum, e pela literatura, fui atrás. Além de Cancún, descobri que o mesmo autor havia publicado há poucos anos o livro "Restinga", uma coletânea de contos, apresentada como dez contos e uma novela. Eu diria dez contos e um conto mais longo, mas isso sempre pode ser discutido. Quando eu mostrava "Restinga" aos meus amigos, aqui em Porto Alegre, sempre perguntavam pelo bairro homônimo no extremo sul desta capital. Não. Se trata da Restinga da Marambaia, no Rio de Janeiro, uma região ao sul do estado. No primeiro conto do livro, a protagonista relembra uma viagem com a mãe para lá. O segundo conto de Restinga se chama "Empire State", e traz um protagonista às voltas com o irmão surdo, e a vida na igreja. Outra histór

Morte limpa: últimas palavras

“Devia ter desligado o chuveiro quando senti o cheiro de fio queimado.” 08/07/2020.

Giro dominical

Hoje saí a rodar pela cidade Sozinho, nos trajetos que tantas vezes fazes comigo Passei devagar pelo Germânia Tanta gente Menos gente que imaginei Na Nilo, em uma sinaleira,  panfleteiros distribuem santinhos na campanha que vai findando Um senhor, meia idade quase velho Paramentado em traje quase formal, quase surreal Com óculos de aro redondo  Pede esmolas Levou-me um trocado A Redenção estava cheia Mas não tão cheia como pensei que estar poderia Larguei o carro num canto atrás do Instituto E caminhei pela alameda central à confeitaria Maomé  Pedir um cappuccino que tantas vezes tomamos juntos Dali retornei O carro acionei E fui à Orla Moacyr Scliar Ali sim, lotação quase total Gente, muita gente Gente de máscara Gente sem máscara e mais um monte de cabo eleitoral Os barcos voltaram Para o tradicional passeio no rio, estuário, lago Nosso mar sem onda Poluído litoral da capital E eu estava sem ti Sem te ouvir  Sem compartilhar chope Depois de passos para lá e para cá Sem destino, sem

Diário - leituras - Uma Trilogia de Francisco Marins

Quando eu estava com sete ou oito anos ganhei de presente um livro de Francisco Marins. Se tratava de "Volta à Serra Misteriosa", um livro que tratava de mineração e de bandeiras, e de uma serra mítica, rica em ouro, os "Martírios". Sei que aquilo me marcou. Li e gostei daquele livro. E ficou marcado na minha memória que aquele livro tinha sequências. E que eu bem que gostaria de ler estas sequências. Mas elas não vieram, não as ganhei. Veio um outro livro de Francisco Marins, "Viagem ao Mundo Desconhecido". Bom também, mas bem diferente, sobre a expedição de Fernão de Magalhães, a primeira volta ao mundo feita por ocidentais.  Provavelmente esses livros foram fundamentais para me inocular o prazer da leitura. Fossem as aventuras pelo Brasil Colônia, ou recém independentizado, fossem pessoas nesse mesmo Brasil narrando a viagem de Fernão de Magalhães. Pois bem. Depois de encontrar "Volta à Serra Misteriosa", num balaio de saldos de um sebo, resol

Tempos de ler O Tempo e o Vento

"O Tempo e o Vento", obra monumental de Érico Veríssimo é algo como nossa versão para "Guerra e Paz" de Tolstoi. São três livros, "O Continente", "O Retrato" e "O Arquipélago", que originalmente foram publicados em sete tomos, e abarca uma série de personagens, ao longo de 200 anos de história do Rio Grande do Sul.  Já foi adaptada ao audiovisual pelo menos duas vezes. Uma série televisiva pela TV Globo, na metade dos anos 1980, e um filme, de 2013. Devo dizer que não vi o filme, e o que que vi da série, já não lembro mais. Em todo caso, pelo que pude pesquisar, estas obras se detém mais no primeiro livro.  A propósito, este primeiro livro, "O Continente", subdividido em diversas histórias, tinha parte de seu conteúdo extraído, e era leitura obrigatória para muitos estudantes do ensino médio, antigo segundo grau, nos anos 1980. "Ana Terra" e "Um Certo Capitão Rodrigo" circularam muito em edições da antigo E

Predador

A coruja chegou a nós através dos policiais da patrulha ambiental. Eles a resgataram em um bosque ne periferia de nossa cidade, na Serra. Era uma coruja listrada. Linda! É curioso que a coruja seja considerada uma ave de rapina, "pequenos roedores tremei!", mas quando nos chega um espécime para nós assim, parece tão indefeso, e mesmo fofo. Estava com a asa esquerda fraturada, e o tipo de fratura nos sugeriu que ele recebeu um tiro, embora não possamos determinar o calibre. Com a asa quebrada e restrita ao chão, o bicho estava bem debilitado. A medicamos com antibióticos e analgésicos. Ela estava tão fraca que tivemos que forçar a alimentação. Assim foi por três dias. Estávamos confiantes que ele poderia se recuperar, mas nunca mais poderia voltar ao seu habitat natural. Viveria sob nossos cuidados para sempre. Ao terceiro dia a coruja morreu. Infelizmente.  14/09/2020.

Rabo de galo

Rabo de galo, aprendi. Uma dose de cachaça, meia dose de Cynar, meia dose de vermute tinto. Não conhece Cynar? Nem eu conhecia até ler uma receita na internet. Encontrei com facilidade no superrmercado em Porto Alegre. O rótulo informa que se trata de “aperitivo de alcachofra”. Em todo caso, quando o Cynar acabar não vou comprar outro. Terei um rabo de galo capenga. O vermute indicado é o tinto, mas tenho usado o branco. Tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Uma dose é 50ml, acho que a mais usada no Brasil. Quase entrei em transe quando o Tom, a uma mesa de bar, me disse que uma dose não era necessariamente 50ml, mas que podia ser uma onça líquida. Eu que até aquele bate papo achava que uma onça era uma medida de peso, algo próximo da vigésima parte de uma libra, que é quase meio quilo, 454 gramas. E dependendo da fonte de consulta, pode ser que essas quantidades variem. Eu gostei assim. Fui pesquisar na internet, e vi que de fato existe a onça líquida, ou de medida de líquido