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Mostrando postagens de outubro, 2021

Diário da Peste (XLIX) - Ménage Atroz na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

No sábado, dia 30 de outubro de 2021, estarei autografando o livro Ménage Atroz, juntamente com a Barbara Sanco e a Claudia Lobato.  Se trata de um livro de poesia. Uma poesia curta, chamada de poetrix. Proposta pelo poeta Goulart Gomes, o poetrix é uma adaptação dos haikais. Poemas curtos mas com um pouco mais de liberdade formal. No caso são tercetos, poemas com três versos, mais o título. Os poemas não podem ter mais de 30 sílabas poéticas, em contraposição às 17 dos haikais. E haikais não têm títulos.  Barbara iniciou o projeto. Depois o José e a Claudia foram agregadas.  Ao longo de um período de tempo as autoras foram se desafiando, e ao final, no final de 2018, o livro tomou forma. 69 títulos, 207 poemas. Com introduções do próprio Goulart Gomes, da Ana Mello, grande embaixadora da métrica do poetrix no Rio Grande do Sul, e do Mario Ulbrich poeta, prosador e poetrixta.  Depois revisões, correções. Conversas com o editor.  E o advento da peste que tantas vidas ceifou, tantos e ta

A doce voz de Marisa Monte

Eu nunca pude estar próximo de Marisa Monte.  Mas tenho certeza que se pudesse, de perto, ao ouvi-la cantar, sua voz emanaria um aroma de mel e leite condensado.  28/10/2021. 

Subconscienciália aleatorália

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Marisa, Carnavália  Caetano, Tropicália  Saturno, Saturnália  28/10/2021. 

Fúria interior

Na seção de frutas e verduras, enraivecido, achou que o preço do tomate longa vida estava pela hora da morte.  Subiu uns 40% em relação a duas semanas atrás. Não se questionou se era safra ou entressafra pois sempre tem tomate no supermercado. O noticiário tem falado da aceleração da inflação. Xingou o ministro da economia e o presidente. Em voz alta e em pensamento. Detestava aquele governo.  28/10/2021. 

Diário da Peste (XLVIII) - Resfriado

Em 1966, o jornalista Gay Talese deveria ter feito uma entrevista com o cantor Frank Sinatra, para a revista Esquire. O projeto não deu muito certo, pois o cantor não quis dar entrevista, e, de quebra, estava resfriado. Bom, apesar disso tudo, Gay Talese ficou bastante tempo buscando essa entrevista, e entrevistou muita gente ao redor de Sinatra. Disso surgiu um perfil do cantor que acabou publicado. O perfil começa assim: "Sinatra estava doente. Padecia de uma doença tão comum que a maioria das pessoas a considera banal. Mas quando acontece com Sinatra, ela o mergulha num estado de angústia, de profunda depressão, pânico e até fúria. Frank Sinatra está resfriado", segundo a reprodução do Correio do Povo . E por que eu relato tudo isso? Bem, nos últimos dias eu estive resfriado.  Provavelmente peguei da Linda, quando a acompanhei ao atendimento médico justamente porque ela estava com sintomas de resfriado. Ela deve ter pego de seus colegas de trabalho, alguns dos quais precis

Reflexões de um velho ranzinza – Inteligência Artificial

Com 61 anos, e aguardando a aposentadoria, a vida não tem sido fácil.  Mas às vezes a gente tenta relaxar. Tipo, uma vez por mês, na época do salário, ir tomar uma cerva.  Como hoje. Outra Sexta-feira, fim de tarde, mesa na calçada neste bar no centro. De novo com meu sobrinho que trabalha com computador. “Pois é, tio. Faz três meses que eu tenho o dispositivo com inteligência artificial.” Ele fala.  “É? E aí?” “Sabe? Falam que a inteligência artificial pode ser uma ameaça para a humanidade. Mas acho que a coisa tá longe disso.” "É?" Eu não sei nada sobre o assunto, mas esse pessoal que trabalha com computador é tudo meio cdf.  "É. Por enquanto tá longe de ser uma ameaça. Apesar do uauê que o pessoal faz." “Que uauê?” “Ah! Tipo, já faz tempo que computadores vencem humanos no xadrez. E agora também tem aquele jogo chinês de tabuleiro que eu não lembro o nome.” “Ah sim. Isso. Essas notícias que a gente ouve falar de vez em quando.” “Acontece que os fabricantes constr

Outubro antigamente era assim

Antigamente outubro era assim. Antigamente era nos anos 1990.  Começava com o aniversário do Lucas, o filho de um casal de amigos nossos, no dia 5.  Dia 11 era o aniversário do Emanuel, meu filho. Que por uma bela coincidência nasceu no mesmo dia que o bisavô dele. Com 94 anos de diferença entre eles. Emanuel só sabe de seu bisavô por vagas memórias e umas poucas fotos.  Depois, dia 16, era o aniversário da minha cunhada Siloni. Melhor que chamar cunhada é o termo em inglês, sister-in-law, isto é, irmã na lei.  Dia 17 era o aniversário da Sula, a mãe do Lucas.  E dia 20 era o aniversário da Lúcia, a minha irmã. De sangue. Em grande parte também uma espécie de mãe.  Eu sempre pensei essa profusão de aniversários em outubro como um determinismo biológico. Esses primatas gerando suas crias para nascerem na primavera.  Também não descarto que haja uma confluência astral para que haja um monte de gente nascida sob o signo de libra.  Quando comentei essas coincidências com minha psicoterapeu

Uma rosa em 16 de outubro de 2021

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Diário - leituras - Avaliando Empresas, Investindo em Ações

Essa é mais uma leitura para quem quer aprender alguma coisa sobre o mercado de capitais e sobre o investimento em ações. O livro fala de muita coisa, tanto que o primeiro capítulo é basicamente uma explicação de macroeconomia, ou seja, os autores explicam os rudimentos de como funciona a economia brasileira. Falam dos setores da economia em que atuam as empresas.  E tem quatro capítulos sobre análise de informações das empresas, começando pela comunicação delas, passando por análise e indicadores de balanços.  O capítulo oito é o cerne deste livro que se propõe à análise fundamentalista de empresas. O capítulo dos chamados indicadores de mercado. Não é coincidência que muita gente chame-os justamente de indicadores fundamentalistas.  O livro ainda traz explicações sobre "small caps", isto é, empresas que estão na bolsa de valores, mas não são empresas gigantes. Comenta sobre preços alvos de ações. E o que são ações de crescimento.  Por fim, fala até em como tentar reagir às

Antiautoajuda

Sem saber que tal feito era impossível, ele foi lá e descobriu.  P.S. Essa mininarrativa não é original do blogueiro, mas ele acha que vale o registro.  14/10/2021.

11 de outubro de 2021

Hoje é 11 de outubro de 2021, um dia de primavera.  Primavera que por estes dias faz cara de outono em Porto Alegre. Noites frias. Vento. Hoje mesmo é um dia nublado. Como se o fantasma do inverno recém ido viesse querer nos assustar.  Hoje é aniversário do meu filho. 33 anos. E ele pode estar pensando como a canção dos Titãs, "Quem aqui como eu tem a idade de Cristo quando morreu?".  Amanhã é dia da Senhora de Aparecida.  Quando eu era criança era Dia das Crianças.  E até outro dia meu filho era criança.  Num dia 11 de outubro Renato Russo nos deixou. Também foi outro dia. Meu filho era criança. Faz 25 anos hoje.  Em um dia 11 de outubro nasceu meu avô, Augusto dos Passos. Bisavô de meu filho. Acho que foi em 1894.  Poucos anos após o fim da escravidão no Brasil. Um homem negro. E eu não faço ideia de como foram suas relações com a escravidão recém finda e suas consequências. Eu costumava dizer que o século XIX era o século passado. Mas hoje o século passado virou século ret

Diário - leituras - Andarilhos, de Rodrigo Tavares

Andarilhos acompanha as andanças de Pedro Guarany, e outros personagens, pela região da Campanha, no sul do Rio Grande do Sul, no início do século XX. Um gaúcho sem endereço fixo, se empregando para trabalho temporário nas estâncias. Um tempo em que, apesar da invenção dos automóveis e dos trens, o cavalo ainda era o principal meio de locomoção. Ainda havia tropeadas de bois e de cavalos.  É uma leitura que não empolga de início, mas depois colhe o leitor e o leva até seu belo final. Pelo menos foi o que aconteceu comigo.  Natural da região, o autor deve ter contado com lembranças ancestrais e com o estudo para recriar o sul do Rio Grande do Sul, e nos levar para lá. Onde os estancieiros mandavam (mandam?), onde feminicídios eram chamados de crimes de honra. Onde éguas eram exterminadas porque não ficava bem ao gaúcho montar sobre um animal que não fosse macho. Uma das cenas mais tristes que já li.  Na falta de consultar o autor, vou enfiar significados na leitura. Com isso quero dizer

Diário da Peste (XLVII) - Tecnologia do Capeta

No dia 5 de outubro de 2021, quando acessei meu computador para iniciar minha jornada de trabalho me dei conta que o sistema operacional do meu computador tinha sido atualizado. Aquele sistema operacional das janelas. Ou seja, o sistema operacional tinha se atualizado sem me avisar,  nem pedir permissão. E de repente as configurações da minha área de trabalho não existiam mais. Nem mesmo o software para acesso remoto, fundamental para o teletrabalho, estava facilmente disponível. Sendo que com o "home office", você não tem a preparação psicológica para o trabalho que um deslocamento te dá. Você acorda, faz as necessidades mais básicas, põe o café na cafeteira, e liga o computador. E de repente, "what the hell?" (sim, como bons informatas temos que praguejar em inglês). Pânico! Contacta o chefe. Contacta o grupo do aplicativo de mensagens (que felizmente funcionava). Contacta o suporte. Felizmente todos colaboram, mas a jornada só vai começar 45 minutos após o que de

Diário da Peste (XLVI) - Lendo notícias em 30 de setembro de 2021

30 de setembro é um dia como qualquer outro dia. O último dia do mês de setembro no calendário que seguimos. Ou um dia como nenhum outro, porque é improvável que exista um outro dia como este.  E ler notícias é falar do passado. Porque a coleção de notícias relatadas no jornal de hoje aconteceram ontem ou antes.  Uma luta entre gangues rivais levou à morte de mais de cem prisioneiros no Equador. Tudo indica que o incidente é relacionado a disputas por tráfico de drogas. O tráfico se tornou um negócio internacional, em rotas que saem da América do Sul, passam por América Central e México, para chegar aos Estados Unidos. Por conta disso, parte de nós, primatas, nos matamos, decapitamos, esquartejamos, enfim aterrorizamos, porque cremos que nisso está nosso bem-estar e prosperidade.  A segurança do Primeiro Ministro da Holanda terá que ser reforçada porque o político lidera um governo que também está combatendo o tráfico de drogas. Roterdã tem sido um dos portos de chegada do tráfico de c

Diário – leituras – Bukowski, um é pouco, dois é demais

Sob o nome geral de “Ereções, Ejaculações e Exibicionismos” os dois livros de Charles Bukowski, “Crônica de um amor louco” e “Fabulário geral do delírio cotidiano”, compõem uma longa coletânea de contos e crônicas desse autor com fama de boêmio e maldito.  Na minha infância, minha mãe vivia repetindo, não me lembro exatamente em que circunstância, que “um é pouco, dois é bom, três é demais”. Houve uma vez que ela citou o que seria o ditado completo, “em casa de caboclo, um é pouco, dois é bom, três é demais”. Talvez fosse o caso de associar isso a ter filhos, mas não posso confirmar. Meu filho disse que um ditado desses, nomeando um caboclo, pode ser algo pejorativo. Não sei. Quem souber pode explicar nos comentários, ou em enviar um emeio.  Mas eu mencionei isso tudo do “um é pouco, dois é bom, três é demais” para fazer uma associação com essa duologia de Charles Bukowski.  Eu comecei lendo Crônica de um amor louco. Seria uma maneira de comparar com o livro Trilogia Suja de Havana, de