Diário - leituras - O amor nos tempos do cólera


E finalmente li O Amor nos Tempos do Cólera, o livro que Gabriel Garcia Marques lançou nos anos 1980, que conta a história do triângulo amoroso de Juvenal Urbino, Fermina Daza e Florentino Ariza, em alguma cidadezinha do Caribe Colombiano, entre o final do século XIX e inicio do XX. 

Como quase todo mundo, reconheço que Gabriel Garcia Marques é um grande escritor. Por difícil que possa parecer é o primeiro livro que leio dele, e ainda bem que li, mas demorei a ter o envolvimento que o livro merece. Mas o livro vai realmente envolvendo no desenrolar da trama.

Trama esta que começa com um despiste, com o doutor Juvenal Urbino (é um detalhe interessante que os personagens tenham nome e sobrenome) envolvido com o suicídio de Jeremiah de Saint-Amour, parceiro de xadrez do médico. E depois passe ao doutor, e a Fermina Daza, e a outro e ao passado. 

Mas quando senti que a trama me envolveu, foi como se o escritor me levasse pela mão para contar sua história, que tem momentos reflexivo-poéticos que adorei. 

“Desde a volta da viagem de bodas, Fermina Daza escolhia a roupa do marido (isto é, Juvenal Urbino) de acordo com o tempo e a ocasião, e a colocava em ordem sobre uma cadeira na noite anterior para que ele a encontrasse ao sair do banho. Não lembrava desde quando tinha começado também a ajudá-lo a se vestir, e afinal a vesti-lo, e tinha consciência de que a principio o fizera por amor, mas desde uns cinco anos atrás tinha que fazê-lo fosse como fosse porque ele já não conseguia se vestir sozinho. Acabavam de celebrar as bodas de ouro matrimoniais, e não sabiam viver um instante sem o outro, ou sem pensar no outro, e o sabiam cada vez menos à medida que recrudescia a velhice. (...)” (página 39). 

O livro mostra essas cenas da velhice antes de falar na juventude dos personagens, de maneira que tudo fica muito comovente. 

Como pano de fundo, as constantes guerras civis a sacudir o país, e as erupções de doenças contagiosas, como o cólera que dá consta no título do livro. Lá pelo fim, a devastação causada pelo, digamos, progresso. 

O livro é ótimo, pois. Adiantaria eu querer dizer o contrário?


25/11/2020.

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