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Mostrando postagens de setembro, 2022

Crônicas de Mosaico – II

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Em 21 de setembro tivemos a primeira noite para apresentar nossas crônicas no Mosaico.  As crônicas foram baseadas em fotografia de Rodolfo Ribas. O retrato de uma mulher negra, talvez em trajes rituais relacionados a religiões afrobrasileiras: turbante, camiseta com imagem de Iemanjá, casaco (devia estar frio no dia) e alpargatas.  Quando cheguei lá estavam o Rubem, o Gian e o Marcel. Infelizmente a Zulmara e a Sílvia não puderam comparecer. A Carol haveria de chegar mais tarde, após sua aprendizagem de canto.  Folhas de papel distribuídas, foram lidas as crônicas. Sílvia não estava, mas enviou seu texto. E também foram lidos o meu texto, o do Gian e o do Rubem, o que para mim foi uma surpresa. Como é minha primeira participação em um Mosaico, eu não sabia que o Rubem também escrevia e não apenas coordenava.  Por último foi lida a crônica da Carol, que chegou por último.  Terminadas as leituras e comentários, ficamos por ali.  Então o Rubem foi embora.  Depois o Apolinário fechou.  Se

Pela hora da morte

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Domingo, 18 de setembro passado, fui a evento cujo convite dizia “Roda de conversa: Crônica: Pra quando a vida está pela hora da morte”. Anunciava a presença de Ana Marson, Claudia Tajes, Antonio Padeiro, Tiago Maria e Juremir Machado da Silva, com mediação de Luís Augusto Fischer. Seria realizado na nova sede da Livraria Taverna, na Venâncio Aires, entre a José do Patrocínio e a Lima e Silva.  Quando cheguei, me dei conta que o evento também era uma sessão de autógrafos para o livro de crônicas Pela hora da morte, da Nathalia Protazio.  Eu cheguei atrasado. Após as 17:30. O evento era para as 17 h. Quando cheguei, Nathalia ainda autografava e tirava fotos.  Por volta de 18 h que a mesa foi formada. Infelizmente a Claudia Tajes não pôde comparecer. E apesar da mencionada mediação de Luís Augusto Fischer, quem dirigiu mesmo a conversa foi a própria Nathalia.  Ali foi abordado o tema crônica, e Nathalia falou sobre como surgiu seu livro, em plena pandemia (onde muitos de nós, se não todo

Diário – show – Marisa Monte: Portas

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Depois de quase três anos, sendo uns dois e meio de peste, quatro doses de vacina, retornei ao Auditório Araújo Vianna para assistir a um show.  Foi no dia 16 de setembro passado. O show: Portas, de Marisa Monte.  Me lembrei as palavras de Pete Townsend encerrando o show do The Who no Beira-Rio em 2017 . Algo na linha do “foi muito bom estar aqui, pena que levamos tanto tempo para vir” (há cinco anos, septuagenários era improvável que pudessem retornar). Eu também demorei muito para assistir um show de Marisa Monte. Se for contar do lançamento do primeiro álbum, a cantora e compositora tem mais ou menos uns 33 anos de carreira. Mais de uma dúzia de álbuns lançados. Fazer o quê? Antes tarde que ainda mais tarde.  Mas espero poder assistir a outros shows da musa, da maga.  Sim, porque o show foi puro encantamento. Ela entrou no palco vestida com um vestido prateado brilhante. E começou cantando a música título do mais recente álbum e que também dá nome ao show. Portas.  Do álbum Portas,

Crônicas de Mosaico – I

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Depois de encerrada a oficina de criação literária em homenagem a Moacyr Scliar (lançamento do livro em algum dia entre o final de outubro e o início de novembro próximos), retornei à mesa do Apolinário para uma oficina chamada Mosaico. Consiste na criação de crônicas a partir de fotografias. Como são mais de dez cronistas (de fato, ainda não sei o número exato) falando sobre a mesma fotografia, isso realmente dá bem a ideia de um mosaico.  Quando cheguei ao bar, próximo do horário de início, isto é 20 h, já estavam lá o Rubem, a Sílvia, a Zulmara e o Marcel.  Sentei ao lado do Rubem, que estava à cabeceira da mesa. Rubem explicou a dinâmica dos encontros. As fotografias para este trimestre deverão ser retratos. E mais de uma dezena desses retratos foram apresentados.  A vivência continua a do bar, e no bar alguns pedem cerveja, com ou sem álcool, outros água, outros ainda refrigerante.  Alguém pede batatas fritas. No caso, na nova onda, batatas rústicas. As batatas vêm excessivamente

Godard e um tempo que não vivemos

Este blogue está se tornando algo fúnebre.  Nesse aspecto quem nos deixou na semana passada foi Jean-Luc Godard. Ele faleceu terça-feira passada, 13 de setembro, aos 91 anos.  Eu o tinha como um diretor de cinema francês. Agora o noticiário o declara franco-suiço. As primeiras notícias eram que ele estava doente, e teria recorrido ao suicídio assistido na Suiça. Notícias mais recentes falam que ele até gozaria de relativa boa saúde aos 91 anos, mas que não estaria interessado em continuar, nas condições em que se encontrava.  Que posso dizer de Godard? Quase nada. Não vi seu filme, talvez, mais famoso, Acossado (no Brasil. "À bout de souffle" no original, que o Google traduz como "sem fôlego". O que pode resultar que o título em português brasileiro é adequado). O único filme de Godard que sei que realmente vi foi Alphaville (1965). Devo ter assistido este filme em fita VHS. Do que me lembro? Basicamente de nada. Talvez uma história de suspense em um mundo distópico

Goodbye, Elizabeth II!

Certamente a notícia desta semana (4 a 10 de setembro) é o falecimento da Rainha Elizabeth II. Rainha do Reino Unido e mais uma série de países que a têm como chefe de estado. Talvez os mais lembrados sejam Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Elizabeth II tinha 96 anos, e reinou por 70, superando sua antepassada, a Rainha Vitória, que havia sido chefe de estado por 63 anos.  Como Elizabeth era a rainha desde 1952, e alcançou essa provecta idade, é provável que a maioria de nós tenha ideia dela como “rainha da Inglaterra”.  Eu devo ter passado a prestar atenção na rainha nos últimos trinta anos. Sempre me pareceu uma velhinha simpática e silenciosa.  Foi arremedada em um dos filmes da série Corra que a polícia vem aí. De fato houve diversos filmes com personagens calcadas nela. Talvez por conta das aulas de Moral e Cívica e OSPB que tive nos meus anos de estudo, acabo por achar a ideia de países com monarcas algo meio fora do lugar. Talvez atrasado mesmo. Sim, temos monarquias discretas,

Um 31 de agosto de 2022 boêmio

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“Amigues, caso alguém esteja em uma esquina qualquer da Cidade Baixa tomando alguma coisa, hoje pós 10 h, me chame! Ando com sede!” Era quarta-feira, à tarde. Esta mensagem, disparada para um grupo de um aplicativo de mensagens, gerou alguma discussão, do tipo qual o estabelecimento entre tantos da Cidade Baixa, e quem iria, ou deixaria de ir. E, por fim, uma mobilização.  Eu tinha um compromisso na região, e me prontifiquei a estar no Pinguim. No limite, se ninguém aparecesse, eu jantaria ali.  Próximo das 20 h eu cheguei ao restaurante, pedi uma caipirinha, e notifiquei algumas pessoas. Acho que menos de dez minutos depois, chegou o Tom. Sentou e pediu uma dose de uísque.  Bom. A noite estava começando. Começando conversando sobre opções etílicas, e sobre rótulos que são trocados. Medidas de engarrafamento, como litro ou dose. Destilados também são cultura.  Nisso a Carol confirmou que viria, e traria junto a Claudia, sua colega de aula de canto, isto é, de música. O professor é o Ma

Odete e Mikhail

Na noite de terça-feira, 30 de agosto, quase meia-noite, o Claudio me enviou uma mensagem. Informava que Odete havia falecido. Odete que fazia mais de trinta anos que eu não via. Na minha memória é uma garota de vinte e poucos anos, baixinha, de óculos e com um amplo sorriso de todos os dentes. Agora devia estar com mais ou menos 60. Pelo que entendi era portadora de alguns males, como obesidade e diabetes, e recentemente tinha sofrido um AVC.  Como ela participava de movimentos católicos, o funeral foi triste, mas belo. Odete morreu com a esperança da ressurreição de Jesus.  No dia seguinte, o noticiário informava da morte do último líder da União Soviética, Mikhail Gorbatchev. Foi assim que ficou na minha memória. A Folha de São Paulo, por exemplo, grafou Gorbatchov, uma transliteração possível do alfabeto cirílico.  A União Soviética surgiu como um ideal de igualdade e fraternidade, e tornou-se no decorrer do tempo um estado opressor e disfuncional. Gorbatchev queria melhorar a situ

As crônicas faltantes

A mensagem chegou pelo aplicativo de mensagens. “Cara, isso está passando dos limites.” Maria demorou para olhar o aplicativo, depois do som da notificação.  “Parece que o Pedroso está te atrapalhando demais.” A segunda notificação também não chamou a atenção de Maria.  “Tô pensando em chamar o Altino e o Gian e confrontarmos o Pedroso.” “O que tu acha?” “Diz alguma coisa!” Essa veio junto com um emoji de expressão de raiva.  Depois da sequência de notificações, Maria finalmente resolveu olhar o celular.  Fez uma expressão alarmada. “Já faz duas semanas que não escreves nada no teu blog.” “O que tu acha da minha ideia de convocar os caras e encarar o Pedroso? Digo, baixar porrada mesmo?” Maria enviou um emoji com cara de espanto.  De fato, Maria costumava publicar suas crônicas semanalmente. Mas nas últimas duas semanas não publicou nada. De brincadeira, atribuía a falta das publicações ao Pedroso, sua identidade civil.  “O Zé enlouqueceu ou está brincando?” Maria murmurou, enquanto ol