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Mostrando postagens de outubro, 2022

Esta semana eu não vou poder visitar a minha tia

Esta semana eu não vou poder visitar a minha tia.  Sabe como é, ela é a favor do presidente da república. E domingo passado, o ex-deputado Bob Jeff resolveu receber a balas os agentes da Polícia Federal enviados para detê-lo (a acusação é que ele teria violado as condições do regime de prisão domiciliar que ele cumpria. Pelo que pude entender, uma das condições impostas para a prisão domiciliar era que ele não usasse redes sociais na internet. Ele usou para chamar uma juíza de “prostituta arrombada”).  Minha tia nem é tão mais velha que eu. Ela é temporã. Nossa diferença é só de treze anos.  Ela era tri minha amiga. Eu era bem moleca, e ela, em geral, brincava comigo e me apoiava até o fim da adolescência dela.  Depois ela começou a trabalhar, e depois eu é que me tornei uma adolescente meio rebelde.  Quando eu me tornei adulta, casei, tive filho, descasei, nós meio que voltamos às boas. Trocando mensagens. Se encontrando uma ou duas vezes por mês para tomar um chá ou um café. Faz uns

Crônicas de Mosaico – V

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Depois de um feriado, a oficina foi retomada nesta quarta-feira, 19 de outubro.  Quando cheguei ao Apolinário lá estavam o Rubem e o Gian. Também estava o Marcel que participa da oficina às 18 horas, e costumeiramente permanece com a turma das 20. Além deles tínhamos visitas: Jorge Bledow e Tiago Maria.  Depois chegariam a Carol e a Zulmara. Junto com a Zulmara veio sua irmã, Magda, outra visita. Rubem, eu e Gian trouxemos textos. Carol trouxe dois textos, compensando ausências passadas. Zulmara não trouxe.  A foto desta semana era de uma trabalhadora, com aspecto indígena, com um cesto às costas à moda de mochila, mas atado à testa. Também portava um facão. Segundo lembrava o Rubem, a foto teria sido tirada pela Iara Tonidandel na Amazônia.  Coincidentemente essa foto inspirou textos em formato de poesia, tanto da parte do Rubem, como da minha. Poema crônico ou crônica poesia? Um dos textos da Carol foi sobre a reprodução de um retrato três por quatro da semana passada, na imagem atri

Pra não dizer que não falei de outubro de 2022

Escrevo em 23 de outubro de 2022, e nesta última semana, finalmente a primavera deu o ar da sua graça.  Outubro ainda estava com jeitão de agosto. Dias nublados, temperaturas baixas. Sim, um frio tardio que atravessou setembro. Quer dizer, não um frio, frio! Mas um tempo em que esperaríamos estar de camisetas, mas ainda estávamos de moletom.  O que parece meio irônico com as questões do aquecimento global. De um planeta se aquecendo. Nos últimos tempos temos ouvido os passarinhos cantar nas madrugadas de agosto. E neste ano da graça de 2022, até estes bichinhos cantaram menos por aqui.  Então, é outubro e a primavera, afinal, parece primavera.  São várias as florescências. Mas não vale contar os hibiscos, que florescem o ano inteiro.  No futebol, o Internacional de Porto Alegre segue em segundo lugar no campeonato brasileiro, e o Grêmio vai se encaminhando para retornar à primeira divisão do campeonato no ano que vem.  Da política nem é bom falar. Nisso, na minha cabeça, parece que est

Um sonho na manhã de 23 de outubro de 2022

No mais recente álbum de Jorge Drexler há uma canção chamada Duermevela, e, me parece, fala daquele momento do sono leve que precede o despertar.  O sono que permite que nos lembremos do que sonhamos. Sonhei que estava na casa da Cefer. E minha mãe estava lá. Mas a Cefer não estava lá. Para quem não conhece, o conjunto residencial financiado pela Caixa Econômica Federal no final dos anos 1960 (daí o nome “Cefer”, lembrando a Caixa Federal) fica morro acima, um morro em frente ao Morro Santana, não muito longe dos limites entre Porto Alegre e Alvorada e Viamão. A Avenida Antônio de Carvalho, a principal ali, fica em um vale, ligando as Avenidas Bento Gonçalves e Protásio Alves.  Nossa casa ficava lá, em um ponto elevado do morro onde está a Cefer. No meu sonho era como se toda a vila entre a casa e a Antônio de Carvalho não existisse. No sonho havia apenas a descida, como um campo, lomba abaixo, para a avenida que continuava lá.  E na verdade essa paisagem me remeteu à cidade de Rivera,

Leituras na Piauí – junho de 2022 – Shakespeare na Fronteira

Já faz algum tempo que não comento algo a respeito da revista Piauí aqui no blogue. O texto mais recente é de agosto de 2020 , quando comentei a respeito de poesias publicadas nas edições de abril e maio daquele ano.  Agora (agora?), em junho passado, a revista abriu suas páginas, dentro do tema de “questões literárias”, para apresentar o trabalho de José Francisco Botelho, tradutor de Shakespeare, nascido em Bagé, no sul do estado.  A longa reportagem de Jerônimo Teixeira comenta como o primeiro contato de Botelho com Shakespeare foi com uma adaptação portuguesa para os quadrinhos. Fala também de como Botelho está trabalhando para que toda obra de Shakespeare seja novamente traduzida ao português. Sua competição/colaboração com o professor Lawrence Flores Pereira, que também traduz Shakespeare. Conta ainda que a poesia campeira gaúcha influencia o trabalho do tradutor. Também aborda questões de método: usar de prosa ou de poesia? No caso de poesia, qual a métrica mais adequada? Versos

Quem nos deixou na saudade neste início de outubro: Sergio da Costa Franco e Robbie Coltrane

Se em setembro eu havia comentado o falecimento de algumas pessoas que me marcaram, outubro vinha leve.  Infelizmente na semana passada nos deixaram duas pessoas que estiveram em minha vida, como leitor e como espectador.  No dia 13 foi noticiada a morte do historiador Sergio da Costa Franco. Ele era conhecido como um especialista na história da cidade de Porto Alegre, embora tenha ganhado a vida como promotor de justiça. Faz muito tempo eu costumava ler seus textos sobre a cidade no jornal Zero Hora. Sempre aprendia mais um pouco. Tenho livros dele. Se foi aos 94 anos. Curiosamente faleceu no ano em que a cidade comemora 250 anos.  No dia seguinte, 14, foi noticiada a morte do ator Robbie Coltrane, aos 72 anos. Robbie Coltrane ficou imortalizado no personagem Rubeo Hagrid na série de filmes de Harry Potter. Eu tive a feliz coincidência de ter o filho crescendo junto com Harry Potter, nos livros. O primeiro livro da série que dei ao meu filho, e também li, foi em alguma Feira do Livro

A primeira caixa de gordura a gente não esquece

Já faz tempo a publicidade utiliza a expressão “a primeira” ou “o primeiro”. Já se vão muitos anos, desde que se falou no primeiro sutiã.  Bom, faz alguns dias, um som diferente de água, e, depois, a visão de um fio d'água saindo por cima da abertura da caixa de gordura, indicava que ela, a caixa de gordura, estava entupida.  Pela primeira vez, eu teria que limpar uma caixa de gordura.  Na visita ao supermercado comprei luvas de látex, sacos de lixo e toalhas de papel para a tarefa.  Minha primeira iniciativa era limpar a caixa no feriado, 20 de setembro. Contudo apareceu um compromisso de última hora, e o trabalho foi adiado.  No sábado seguinte, 24 de setembro, tomei a iniciativa.  Comecei abrindo espaço. Tirando todo tipo de objetos que entulhavam a área de serviço.  Depois coloquei as luvas, uma máscara, e separei os sacos de lixo.  Então, como eu tinha constatado a presença de baratas quando vi o vazamento, apliquei inseticida ali.  Quando abri a tampa, a água na caixa de gord

Semvergonho

Na noite de 11 de outubro de 2022, o Tiago Maria recebeu amigos, fãs e convidados (não necessariamente nessa ordem), para o lançamento de seu primeiro livro solo de crônicas, o Semvergonho.  Escritor inteligente e divertido, ele já havia participado de coletâneas, e mantêm um saite onde publica suas crônicas mais ou menos regularmente.  Eu já havia avisado que não poderia ir, pois o lançamento foi no mesmo dia do aniversário do meu filho, e não era certo que ele e a mãe dele quisessem comparecer ao Apolinário. No final, nem celebramos o aniversário. Como chegamos de viagem naquele mesmo dia, estávamos exaustos. Eu literalmente não tive energia para ir.  As primeiras fotos distribuídas mostravam o comparecimento dos parceiros de escrita de quase sempre do Tiago, o pessoal da Santa Sede.  Depois ele mesmo, o Tiago, publicou um álbum público-privado com as várias pessoas que adquiriram o livro e ganharam um autógrafo.  Nas fotos, vale ressaltar a presença constante da filha caçula favorit

Outubro antigamente era assim

Antigamente outubro era assim. Antigamente era nos anos 1990.  Começava com o aniversário do Lucas, o filho de um casal de amigos nossos, no dia 5.  Dia 11 era o aniversário do Emanuel, meu filho. Que por uma bela coincidência nasceu no mesmo dia que o bisavô dele. Com 94 anos de diferença entre eles. Emanuel só sabe de seu bisavô por vagas memórias e umas poucas fotos.  Depois, dia 16, era o aniversário da minha cunhada Siloni. Melhor que chamar cunhada é o termo em inglês, sister-in-law, isto é, irmã na lei.  Dia 17 era o aniversário da Sula, a mãe do Lucas.  E dia 20 era o aniversário da Lúcia, a minha irmã. De sangue. Em grande parte também uma espécie de mãe.  Eu sempre pensei essa profusão de aniversários em outubro como um determinismo biológico. Esses primatas gerando suas crias para nascerem na primavera.  Também não descarto que haja uma confluência astral para que haja um monte de gente nascida sob o signo de libra.  Quando comentei essas coincidências com minha psicoterapeu

Diário – show – Kevin Johansen: Tú ve

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Dia 9 de outubro passado, eu estive no Auditorio Adela Reta del SODRE (SODRE é o Servicio Oficial de Difusión, Representaciones y Espectáculos, ligado ao Ministério da Educação e Cultura do Uruguai), em Montevidéu para assistir ao show Tú ve, do cantautor americano-argentino (mais argentino que americano) Kevin Johansen. Kevin Johansen entrou na minha preferência quando eu assistia a uma coletânea de videoclipes de Jorge Drexler no aplicativo de vídeos. A canção apresentada então foi Desde Que Te Perdí.  Com o advento do streaming foi fácil ter acesso a todos os álbuns já lançados por ele.  E, ao contrário de Drexler, ele não consegue penetrar no mundo dos espetáculos do Brasil, apesar da proximidade físico-geográfica e da sonoridade de suas canções.  Como me tornei fã, eu queria assistir a um show dele. A princípio, eu iria a um show em Buenos Aires em maio de 2020.  Então veio a peste e esse projeto acabou cancelado. Dois anos depois, novo álbum lançado, o argentino levaria sua turnê

Uma quase saga para assistir a um show de Kevin Johansen

Conheci a obra de Kevin Johansen quando assistia a uma coletânea de videoclipes de Jorge Drexler em um aplicativo de vídeos na internet. Entre tantas canções de Drexler, a lista apresentou uma canção de Johansen. No caso era Desde que te perdí.  (Do próprio Drexler devo ter me tornado fã, por conta do filme Diários da Motocicleta, com a canção Al otro lado del río, e, talvez por conta do clipe da canção Milonga del moro judío, que devo ter visto no blogue do Jean Scharlau, na época de ouro dos blogues, na primeira década do século XXI. Por onde andará Jean Scharlau?) Fato que me afeiçoei às canções de Johansen. E isso é uma coisa tipicamente dos tempos que vivemos, por conta do "streaming". Não consigo imaginar que eu pudesse encontrar discos do cantautor argentino em lojas de disco de Porto Alegre, como fazíamos até poucos anos atrás.  No início de 2020 eu soube que Johansen se apresentaria em maio daquele ano em Buenos Aires. Decidi que iria vê-lo. Comprei um pacote de viag

Crônicas de Mosaico – IV

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Nosso quarto encontro foi relativamente normal. Embora seja difícil estabelecer o que é normal.  Quando cheguei ao Apolinário lá estavam O Rubem e o Gian, do Mosaico noturno e presencial. Também estava lá o Marcel do Mosaico happy hour e virtual. É normal ele permanecer. Ainda estava lá o Tiago Maria. Imagino que para tratar detalhes de seu livro Semvergonho que seria lançado em breve. Depois apareceu o Altino que passou para dar um alô, antes de seguir para um evento em outro bar. Silvia e Zulmara não compareceram. Nem a Carol.  Tanto o Tiago quanto o Altino foram embora em seguida. Eu e Gian lemos dois textos cada, referentes às fotos de um pássaro e de um retrato como que de três por quatro. Como não houve turma presencial na semana anterior tínhamos dois textos.  O Rubem leu apenas um, o do retrato. O do pássaro ele deu por lido para a turma virtual, que aconteceu, na semana anterior.  Lidos os textos, ficamos de conversas.  E se chegou a cogitar se estas Crônicas de Mosaico seriam

Crônicas de Mosaico – III

Em 1965 o jornalista Gay Talese deveria fazer uma entrevista com o cantor Frank Sinatra, a ser publicada na revista Esquire. Infelizmente Sinatra estava resfriado e não concedeu a entrevista. Talese usou o tempo em que esteve próximo do cantor para entrevistar amigos e funcionários de Sinatra. Disso resultou uma longa reportagem que acabou sendo publicada na revista, e ajudou a estabelecer uma maneira de reportar que foi chamada de Novo Jornalismo.  Já escrevi sobre essa história em outros textos, o que me faz pensar que eu deveria ler esta tal reportagem. Ela foi republicada em livros. De Talese tive a oportunidade de ler o livro A Mulher do Próximo, adquirido por minha irmã no início dos anos 1980, através do antigo Círculo do Livro. Em A Mulher do Próximo, Talese investigou a revolução sexual nos Estados Unidos, no decorrer dos anos 1960. Um assunto muito suscetível para o adolescente que eu era naqueles anos. Não lembro de quase nada do livro, exceto que o assunto interessante e o

Diário – show – Jorge Drexler: Tinta y Tiempo

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Terça-feira passada, 27 de setembro, estive novamente no Auditório Araújo Vianna. Desta vez para assistir o show do uruguaio Jorge Drexler. Eu estava resfriado e banquei o japonês, usando máscara, não para me proteger, mas para proteger os outros de mim. Havia uns poucos outros gatos pingados usando máscara durante o show. A esmagadora maioria das centenas de espectadores não usava o equipamento de proteção. Tempos de vacina.  A abertura do show ficou a cargo dos artistas locais, Paola Kirst e Dionísio Souza, que apresentaram o que me pareceram composições próprias, usando apenas vozes, percussões no corpo, e um baixo elétrico. Se apresentaram por cerca de meia hora.  Depois veio a apresentação principal.  Jorge Drexler entrou no palco com sua simpatia conhecida. Se ajoelhou e fez reverências à plateia, que ali estava para seu segundo show (“show extra”) desta turnê na cidade de Porto Alegre.  De fato, o cantautor exalava alegria por seu segundo show na cidade. Me parece que é um feito