Diário da Peste (XLI) - Dias de chuva no final de agosto de 2021
Sem inspiração para compor uma narrativa ficcional, me ponho a escrever sobre assuntos aleatórios.
Estamos no final de agosto, e no final do inverno, e chove. Uma chuvinha chatinha, longa, com poucos intervalos de estiagem. Começou segunda-feira à noite, e continua hoje, quarta. Parece não ter hora de acabar.
Esse tipo de narrativa não nasceu com Ed, mas o fato de eu estar acompanhando seu Diário do Confinamento tem me influenciado.
Aliás, ele disse que o título do "capítulo" 40 do Diário da Peste, "A primavera trará o fim da peste" era "muito peremptório". É um título meio grandiloquente, concordo, mas acho que é o que acontecerá. Inclusive tenho esperanças. Aliás, o comentário de Avelina à crônica foi justamente de esperança.
Sigo lendo Brasil, o Romance, de Errol Lincoln Uys. Errol Lincoln Uys é um sul-africano. Esse livro foi publicado em 1986 pela Editora Best Seller. Me lembro deste livro e desta editora nos anos 1980. Lembro que o Pastor Richard Hipps, um norte-americano que foi missionário em Porto Alegre, mais ou menos entre 1987 e 1992 tinha esse livro em sua estante, provavelmente uma maneira de conhecer o país.
É um romance épico em dois volumes, e ainda estou no início do primeiro volume. São muitas páginas e letras pequenas. Por enquanto está interessante. Eu poderia comparar com Viva o Povo Brasileiro, do João Ubaldo Ribeiro, mas o livro de Ribeiro tem mais picardia.
A Editora Best Seller lançou vários, hummm, best sellers nos anos 1980. Neste século foi incorporada pela Record.
Engraçado como parece que eu falo dos anos 1980 como eu ouvia adultos falarem dos anos 1960 quando eu era criança.
Ontem à tarde o zelador do condomínio me entregou uma encomenda que o entregador aparentemente largou displicentemente sobre o container das caixas de correspondência do prédio. Vai ver que o gesto displicente foi por causa da chuva.
Dava para falar mal dessa entidade, o brasileiro, que faz coisas mal feitas. Displicentemente. Mas de fato não dá. Das diversas encomendas que fiz, foi a primeira vez que ocorreu algo assim. Milhões de encomendas são entregues todo dia nesse país.
De quebra, o valoroso zelador pôde dar uma demonstração de sua integridade. Ele é também um brasileiro. Somos milhões de brasileiros e brasileiras. De todo tipo.
E escrever brasileiros e brasileiras me lembrou de quando Sarney era presidente. Também nos anos 1980.
Terça-feira saiu a notícia de falecimento do guitarrista Paulo Rafael. Eu nunca havia prestado atenção, mas com a notícia soube que ele trabalhou com Alceu Valença, Zé Ramalho e Gal Costa. Tinha 66 anos, e fazia tratamento contra câncer.
Ontem à tarde tivemos a triste notícia do falecimento de Charlie Watts, este sim muito conhecido, baterista dos Rolling Stones há quase 50 anos. Extremamente sóbrio, em vários sentidos, parecia fora de lugar na bateria dos Stones, mas não estava. Tinha 80 anos, o que é uma idade provecta, mas é uma pena que tenha morrido. A causa da morte não foi divulgada, mas não deve ter sido de covid-19.
Outro dia, quando escrevi sobre o falecimento de Paulo Pompeia, que foi o menino que estampou as caixas dos cigarrinhos de chocolate, Ed comentou com sutil ironia que eu era o cronista que lia obituários. Mas quem nunca?
Enfim, nem todo mundo que morre, morre da peste. Menos mal.
25, 26/08/2021.
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