Crônicas de Mosaico – VII
Há uma primeira nota de esclarecimento a ser feita: esta não é estritamente uma crônica de Mosaico, porque não houve encontro da referida oficina literária, a Santa Sede Mosaico, ou o Mosaico Santa Sede, na semana que passou, pois na quarta-feira, 2 de novembro, foi Dia de Finados.
Mas, justamente porque era véspera de feriado, algumas das pessoas do Mosaico e outras ligadas à Santa Sede invadiram o Apolinário na terça-feira, 1º de novembro, Dia de Todos os Santos.
Ali acontecia outra oficina da Santa Sede, o Aperitivo. Rubem de orientador, Magaly e Rita como alunas. Pelo menos foi o que me pareceu.
Entre os penetras, o Gian, o Altino, a Dio, e, claro, eu. Gian me informou que a Carol também passou por lá, mas muito rapidamente, porque tinha outro compromisso: assistir à apresentação do grupo vocal Sol em Si, no Museu do Trabalho.
Enquanto estávamos ali, o Rubem, a Magaly e a Rita estiveram às voltas com crônicas resenhas. Sim, todos à mesa deram pitacos nos trabalhos apresentados.
Foi uma noite um pouco atípica com os barris de chope da casa dando problemas em sequência. Felizmente solucionados com rapidez.
Terminadas as leituras, as alunas se despediram. E os que ficaram conversaram um pouco sobre política. Fazer o quê? A recente eleição no domingo anterior. O alívio, embora nem tanto. A esperança estreita.
Logo o Rubem foi embora. Queria aproveitar a véspera do feriado para namorar. Quem haveria de condená-lo?
E nós resolvemos seguir para outro bar.
Era uma noite atipicamente fria para o início de novembro. No Dia de Finados costumamos ter ventos, o sopro dos mortos, mas não frio. Não frio como naquela noite.
Caminhamos em direção à João Alfredo, e, depois de caminhar um pouco em direção à Perimetral Loureiro da Silva, sem achar um bar conhecido do Altino, voltamos em direção à outra Perimetral, que àquela altura se chama Aureliano de Figueiredo Pinto. Ficamos no Matita Perê.
O Matita estava bem cheio. Àquele horário havia música ao vivo. No repertório do grupo musical samba e MPB. Não havia lugares para sentar, de forma que nos arranjamos de pé. Bebendo e balançando o esqueleto.
Ali na alegria do Matita, meu cérebro relembrou (ou recriou) uma cena do filme Na Estrada, de Walter Salles. Aquele baseado no livro On The Road, do Jack Kerouac. Na minha mente há uma cena de uma festa, e todos parecem estar se divertindo. E um personagem secundário comenta sobre como pode haver uma festa tão divertida, com tantas pessoas interessantes.
No filme os personagens principais experimentavam todo tipo de drogas que lhes vinha às mãos. Lembro de não sei qual remédio misturado com café. Imagino que o efeito deve ter sido uma tremenda taquicardia.
Pensei na rainha de todas as drogas, isto é, no rei, o álcool, e como ele dá brilho aos nossos encontros. Não que quem não se alcoolize não se divirta. Essa é a beleza da diversão. Você pode se divertir. E você pode se chapar ou não.
Bebemos mais umas poucas cervejas. Como eu disse, agitamos o esqueleto. Com muita boa vontade se podia dizer que dançávamos.
A música cessou. Fechamos nossa conta ali e fomos adiante. Destino: Bar Pub Venezianos.
Lá chegando, o Altino achou o couvert caro. Não quis entrar.
Fizemos menção então de tomar a saideira no Boteco do Joaquim, que é quase em frente. Sim, os estabelecimentos ficam na Joaquim Nabuco.
Mas a Dio e o Altino resolveram ir para casa.
Ficamos o Gian e eu. E entramos no Venezianos.
Lá pedimos mais cervejas. De fato, de duas, acabaram três, e seriam as saideiras. O Gian ainda fez a gentileza de pagar uma pizza. Bem boa, por sinal.
O Venezianos tem uma decoração escura. Um salão no térreo, e um reservado em uma espécie de mezanino.
Começamos a beber no reservado, depois descemos para o salão. Ao descer dei uma errada no último degrau e caí. Derrubei um pouco de cerveja, mas, felizmente, não a maior parte, nem quebrei o copo. Alguém me deu a mão e me levantou. Agradeci.
Ali, de nós dois, apenas eu agitei o esqueleto. Com muito boa vontade se podia dizer que eu dançava. Mas eu estava me divertindo.
Já os olhos claros e fixos de Gian, me pareciam solitários e reflexivos. Quisera eu poder entrar em sua cabeça para saber o que pensava.
E talvez literatura seja isso. Contar histórias. Registrar momentos. De preferência os melhores. Nada de registrar que passei o dia vendo televisão. Ou que tive que comprar leite no mercadinho da esquina. Ou será que sim? Que ir no mercadinho também pode ser uma história a ser registrada?
A horas tantas, o Gian achou que talvez fosse o momento de irmos embora.
Fechamos nossa conta e fomos adiante. Para nossas casas.
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Nas fotos, a aula do Aperitivo Santa Sede; Altino, Dio e Gian pela João Alfredo; Grupo musical no Matita Perê; decoração na parede do Venezianos
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04, 06/11/2022.
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