20 de novembro de 2022


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Se novembro começou frio, nesta sua segunda quinzena já temos temperaturas de verão. Na última semana tivemos vários dias com temperatura acima de trinta graus. Foi como se passássemos direto do inverno ao verão, sem muitos dos dias amenos de primavera. 

Hoje se celebra o Dia da Consciência Negra. Em outras capitais é feriado. Não que hoje isso faça diferença. Hoje é domingo. Ano que vem vai fazer. Diferença.

No início deste século as prefeituras de Porto Alegre e Pelotas quiseram decretar feriado neste dia 20 de novembro. Foram proibidos porque a Fecomércio entrou com processo alegando que prefeituras não podem decretar feriados cívicos, apenas feriados religiosos. E o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul acatou o argumento. Deve ter sido apenas coincidência que o processo tenha sido movido por um sindicato patronal dirigido em sua maioria por homens brancos, e que o Tribunal de Justiça do Estado também tenha em sua maioria juízes homens e brancos. 

A cobertura do jornal Folha de São Paulo trouxe duas reportagens interessantes. Uma sobre como negros e negras formam maioria de crentes em igrejas evangélicas, mesmo que na maioria delas o pastor seja branco (mas não em todas). E sobre como essas igrejas se tornam um lugar de acolhimento e pertencimento a essa parcela do povo negro. 

A segunda reportagem comenta como é necessário que negras e negros precisem ir bem vestidos ao médico para serem minimamente bem atendidos. A notícia cita o caso de uma moça que chegou com um quadro de emergência médica a um pronto atendimento, e foi tratada como se não fosse uma situação urgente. Lhe indicaram analgésicos e lhe mandaram para casa. A família a levou a outra unidade. Nesta segunda unidade ela foi diagnosticada com infecção na vesícula e operada de emergência. A moça negra foi levada ao hospital de pijama. Na segunda unidade, a médica que a atendeu também era negra. 


2

E hoje também se inicia a Copa do Mundo de Futebol de 2022, no Qatar. A primeira em um país árabe. A primeira no final do ano, e não no meio. 

Escrevi algumas crônicas durante a Copa do Mundo de 2014, e umas poucas sobre a Copa de 2018. 

Nesses tempos conturbados do Brasil, torcerei pela seleção brasileira com alguma relutância. Mas torcerei. 

Foram muitas as denúncias de violações de direitos humanos e trabalhistas na construção dos estádios para o torneio. De quebra, de última hora, o governo do país proibiu o consumo de cerveja nos estádios. A propósito, por conta de sua cultura, o país dificulta o consumo de álcool. O preço da cerveja lá é dos mais altos do mundo. Nos poucos lugares do país onde ela pode ser consumida. 

Enfim, o primeiro jogo é hoje, às 13 horas, horário de Brasília. Qatar versus Equador. 


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Por conta da Copa do Mundo, o Ed Aristimunho lançou seu projeto 22 Goleiros na internet. Faz algum tempo ele comentava sobre este projeto para aqueles que podem ler seus diários em aplicativos de mensagens. 

Eu imaginava que cada Copa, desde 1930, teria seu goleiro de destaque. Na minha memória eu talvez elegeria o nosso trágico Barbosa na Copa de 1950; o russo Lev Yashin, o Aranha Negra, goleiro da União Soviética em quatro copas, mas com ênfase na de 1958; e o saliente Oliver Kahn na seleção alemã da Copa de 2002.

Não foi assim. O primeiro texto no saite do projeto explica um pouco o contexto daquela primeira Copa do Mundo de Futebol, e cita os goleiros brasileiros que foram ao Uruguai.  Nomes: Joel e Velloso. Não cita algum goleiro que tenha se destacado naquela Copa. Nem mesmo o goleiro uruguaio campeão. Pesquisei e era chamado de Ballestrero. 

O principal personagem nessa crônica de Aristimunho é o escritor Albert Camus (1913-1960). Prêmio Nobel de Literatura de 1957, Camus foi goleiro na adolescência. Ele inclusive era adolescente em 1930. Mas não jogou na Copa do Mundo de 1930. 


20/11/2022.

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