Odete e Mikhail
Na noite de terça-feira, 30 de agosto, quase meia-noite, o Claudio me enviou uma mensagem.
Informava que Odete havia falecido. Odete que fazia mais de trinta anos que eu não via. Na minha memória é uma garota de vinte e poucos anos, baixinha, de óculos e com um amplo sorriso de todos os dentes. Agora devia estar com mais ou menos 60. Pelo que entendi era portadora de alguns males, como obesidade e diabetes, e recentemente tinha sofrido um AVC.
Como ela participava de movimentos católicos, o funeral foi triste, mas belo. Odete morreu com a esperança da ressurreição de Jesus.
No dia seguinte, o noticiário informava da morte do último líder da União Soviética, Mikhail Gorbatchev. Foi assim que ficou na minha memória. A Folha de São Paulo, por exemplo, grafou Gorbatchov, uma transliteração possível do alfabeto cirílico.
A União Soviética surgiu como um ideal de igualdade e fraternidade, e tornou-se no decorrer do tempo um estado opressor e disfuncional. Gorbatchev queria melhorar a situação, mas suas reformas levaram ao fim daquele estado. Durante seu governo aquilo que o ocidente chamava de Cortina de Ferro, uma série de ditaduras no leste da Europa, acabou-se. A Alemanha pôde se reunificar. O velho ex-líder estava com 91 anos.
Odete e Gorbatchev se unem na minha memória dos anos 1980.
Eu e Odete éramos jovens.
Gorbatchev já era um cinquentão, mas (veja só!) ainda viveu mais quase 40 anos.
Às vezes me pergunto se penso demais na morte. Mas acho que não.
Talvez esse interesse me leve a refletir. Pensar na vida em geral, e na minha vida em particular. E avaliar que ela tem sido boa.
Espero que continue.
O tempo nos levará.
01, 07/09/2022.
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