Passeio de despedida


O sábado, 17 de agosto de 2024, era um dia de inverno. Estava frio e nublado. Foi em um período em que se faziam queimadas na Amazônia e a fumaça dessas queimadas chegava até aqui. A fumaça das queimadas da Amazônia chegava a lugares tão longínquos quanto o Rio Grande do Sul. 

Nesta tarde de um sábado frio, ele me levou a passear. 

Primeiro à Redenção. Nosso parque tão central e tão característico em Porto Alegre. Lugar onde tive o registro dos meus primeiros passos, literalmente, lá nos anos 1960. 

A Redenção ou Parque Farroupilha é um lugar central na vida dos porto-alegrenses. Aos finais de semana sempre há muita gente por ali. Caminhando, levando os cachorros a esticar as patas, andando nos pedalinhos do pequeno lago. Eventualmente acontece algo mais. Naquele sábado, por exemplo, havia um grupo se exercitando e, ao mesmo tempo, se exibindo. Coisas que acontecem na Redenção. 

Depois da minha caminhada pelo parque, voltei a ele. 

Deveríamos voltar para casa, na Vila Ipiranga. Mas fomos por um caminho longo. 

Na rua Ramiro Barcelos estávamos, e pela Ramiro Barcelos seguimos. Seguimos até a Avenida Castelo Branco. 

E da Castelo Branco até a Freeway. 

E pela Freeway até o acesso à rodovia RS118. 

Pela RS118 para o sul, até Alvorada. Quase passei direto pelo acesso à Alvorada. Não tenho certeza se esse acesso está mal sinalizado ou se apenas não percebi alguma placa indicando-o. 

O acesso à Alvorada se dá pela Avenida Presidente Vargas. De fato essa Avenida Presidente Vargas atravessa todo o pequeno município de menos de 200 mil habitantes. Por boa parte do trajeto desde a RS118 parece uma estrada rural. Depois de, talvez, três quilômetros, a paisagem vai se urbanizando, e logo estamos na área central do município. Aqui o trânsito de veículos e pedestres se adensa e a avenida principal da cidade fica apertada. E, claro, como na maioria das cidades brasileiras aqui temos buracos e desníveis da avenida. Nada que não estejamos acostumados. 

Logo atravessamos a ponte que separa os municípios de Alvorada e Porto Alegre. Estamos na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, uma das principais saídas, ou como é o caso chegadas, da zona norte de Porto Alegre. 

A Baltazar é uma avenida familiar e estranha nesse momento. Familiar porque eu costumava utilizá-la bastante no início deste século XXI. Um bom amigo morava no Parque dos Maias, e era relativamente comum ir visitá-lo, e percorrer boa parte desta avenida. O amigo partiu, talvez, lá por 2011. Desde então era raro passar por aqui. 

O trajeto é conhecido. Suas curvas, suas subidas e descidas. Mas sempre há mudanças ao redor. Um novo edifício residencial, uma nova loja, algum antigo prédio posto abaixo. 

Quando chego ao Triângulo – o local onde a Avenida Assis Brasil vira para norte e a Baltazar de Oliveira Garcia nasce, indo para leste – sei que estou pertinho de casa. 

Quando chego em casa, agradeço a ele, meu simpático carrinho amarelo, que por um ano quase exato me serviu. Era um Kia Picanto. Apelido Pikachu. 

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27/08/2024, 10/09/2024. 

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