Diário – leituras – Surrender


Recentemente terminei de ler o livro Surrender, que adquiri no final de 2022. Lançamento na época. Se trata de um livro de memórias de Bono, nascido Paul David Hewson, o vocalista da banda de pop rock irlandesa U2. Neste caso, Bono nos mostra flashes de sua vida, e da banda, através de quarenta canções que dão títulos aos capítulos. É um formato interessante porque o título das canções evoca essas canções na cabeça de um fã como eu. Pelo menos as que eu gostava e conhecia. Sim porque eu comecei a me interessar pelo U2 através do disco The Joshua Tree, no final dos anos 1980. Foi realmente uma época em que eles estouraram mundialmente. Mas os primeiros capítulos recebem títulos de canções de antes de The Joshua Tree. A carreira da banda começa no final dos anos 1970. São títulos de capítulos do livro músicas do primeiro álbum, Three, de 1979. Ou de October, de 1981. Ou de Boy, de 1983. The Joshua Tree é de 1987 e eu devo tê-lo conhecido por 1988 ou 1989. Graças aos serviços de streaming na internet, pude explorar essas canções que me eram basicamente desconhecidas, e de um tempo em que Bono talvez quisesse ser Joey Ramone (essa ligação fãzística ficou clara na canção The Miracle (of Joey Ramone), mas eu não sabia como a fãzice influenciaria o início da carreira artística de Bono e do U2). 

As recordações que Bono nos deixa ver começam na adolescência em Dublin, passam pela perda da mãe quando ele tinha quatorze anos, pela participação em um grupo de jovens de uma igreja protestante junto com The Edge (que na época devia ser apenas David Evans), pelo relacionamento com o pai (que cobrava dele que fosse trabalhar em um “emprego de verdade” enquanto ele se aplicava à carreira artística) e com o irmão mais velho. Passa também pelo relacionamento com a namorada, que se tornaria depois esposa, Ali. 

Depois o foco vai mesmo para a carreira artística, com os sucessos e algum relativo fracasso do U2. O início das turnês, depois os estádios lotados, o relativo fracasso do álbum Pop, a questão da tecnologia e da digitalização, e a questão da queda de vendas dos álbuns físicos. 

E há também o momento de relembrar a sua militância contra a pobreza e contra a epidemia de AIDS. Ele criou fundações para isso e conversou com políticos a respeito; é possível citar Bill Clinton e Condoleeza Rice, entre outros. 

Faço aqui um resumo bem resumido. O livro tem mais de 600 páginas, com direito a fotos no final. 

Eu gostei de ler, afinal sou um fã da banda. Enquanto eu escrevia este texto, na minha cabeça tocava The Miracle (of Joey Ramone), do álbum Songs of Innocence. Também foi interessante ler sobre um astro da música com o qual minha vida correu paralelamente; pensar que ele era um menino que assistia TV em Dublin, enquanto eu era um menino que assistia TV em Porto Alegre; ele foi um adolescente que frequentou grupos de jovens de igreja, e eu também. 

Eu diria que é um livro para fãs. Eventualmente também para jornalistas especializados em música pop. 


BONO, (Paul David Hewson). Surrender. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2022. 


11, 17/08/2024.

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