Depois da catástrofe de maio de 2024 – III


Em meados dos anos 1970 houve um aumento, ou um ressurgimento, dos chamados filmes catástrofe. Lembro de títulos como Inferno da Torre, Terremoto ou Tubarão que devem ter sido sucessos de bilheteria daquela época. Falo em aumento porque a indústria cinematográfica sempre se alimentou de tragédias. O naufrágio do Titanic já foi recriado diversas vezes no cinema; a primeira pouco tempo após o famoso navio ir a pique, no início do século XX. Citei três títulos que fizeram sucesso, e os quais não vi na época, porque era criança, e não me permitiriam entrar nas salas de exibição. Fui ver Tubarão muito depois, já não me lembro em qual circunstância. 

Os filmes catástrofe seguiram, seguem, sendo produzidos. Na década seguinte, dos anos 1980, assisti no cinema ao filme O Dia Seguinte (“The Day After”, Estados Unidos, 1983). Naqueles dias de acirramento da chamada Guerra Fria, sob a presidência de Ronald Reagan, o filme imaginava como aconteceria um conflito direto entre os Estados Unidos e a então União Soviética, partindo de algum incidente militar nas Alemanhas, que naquela época eram duas. Lembro pouca coisa do filme. Ele foi marcante e bem apavorante na época. 

Domingo,  15 de junho passado, choveu bastante no Rio Grande do Sul. Os rios Caí, Taquari e Paranhana subiram causando alagamentos e sustos nas cidades banhadas por eles. Na noite desse domingo me senti um pouco figurante de filme catástrofe com essas novas ameaças.

Na terça-feira tive que resolver alguns assuntos no centro da cidade. O centro de Porto Alegre ainda não parece no ritmo de antes da enchente. Muitos negócios ainda não voltaram. Infelizmente alguns nunca mais voltarão. 

Na volta, a carona veio pela Castelo Branco. No caminho foi possível ver a montanha de lixo acumulada na Voluntários da Pátria próxima da Ernesto da Fontoura. Um lixão que estava esperando destino definitivo, e, me parece, cujo volume já ultrapassava a própria altura da Castelo Branco. 

Na Sertório, entre a Frederico Mentz e a Santos Pedroso, há uma igreja, cuja frente estava ainda tomada por entulho. Me lembrou uma cena do filme O Dia Seguinte. 


22, 24/06/2024. 

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