Diário - leituras - Andarilhos, de Rodrigo Tavares


Andarilhos acompanha as andanças de Pedro Guarany, e outros personagens, pela região da Campanha, no sul do Rio Grande do Sul, no início do século XX. Um gaúcho sem endereço fixo, se empregando para trabalho temporário nas estâncias. Um tempo em que, apesar da invenção dos automóveis e dos trens, o cavalo ainda era o principal meio de locomoção. Ainda havia tropeadas de bois e de cavalos. 

É uma leitura que não empolga de início, mas depois colhe o leitor e o leva até seu belo final. Pelo menos foi o que aconteceu comigo. 

Natural da região, o autor deve ter contado com lembranças ancestrais e com o estudo para recriar o sul do Rio Grande do Sul, e nos levar para lá. Onde os estancieiros mandavam (mandam?), onde feminicídios eram chamados de crimes de honra. Onde éguas eram exterminadas porque não ficava bem ao gaúcho montar sobre um animal que não fosse macho. Uma das cenas mais tristes que já li. 

Na falta de consultar o autor, vou enfiar significados na leitura. Com isso quero dizer que vi ali referências a O Tempo e o Vento, a começar pelo protagonista ser chamado de Pedro Guarany. Afinal Pedro Missioneiro está na base da obra de Érico Veríssimo. Também Pedro é o nome do único filho de Ana Terra. 

E assim, como um médico alemão é um dos melhores amigos de Bibiana Terra, no livro de Tavares temos um outro europeu vagando pelo Pampa. Se bem que nesse europeu desterrado deve também  haver uma homenagem a Saint-Hilaire. 

Enfim, se a história continuasse a ser contada, não é impossível que Pedro Guarany acabasse envolvido no levante assisista contra Borges de Medeiros em 1923, como aconteceu com a família Terra Cambará, na Santa Fé de Érico. 

Um livro que me surpreendeu positivamente. Ao final gostei bastante. 


TAVARES, Rodrigo. Andarilhos. Porto Alegre: Editora Taverna, 2018.


01/09/2021, 11/10/2021.

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