Outubro antigamente era assim



Antigamente outubro era assim. Antigamente era nos anos 1990. 

Começava com o aniversário do Lucas, o filho de um casal de amigos nossos, no dia 5. 

Dia 11 era o aniversário do Emanuel, meu filho. Que por uma bela coincidência nasceu no mesmo dia que o bisavô dele. Com 94 anos de diferença entre eles. Emanuel só sabe de seu bisavô por vagas memórias e umas poucas fotos. 

Depois, dia 16, era o aniversário da minha cunhada Siloni. Melhor que chamar cunhada é o termo em inglês, sister-in-law, isto é, irmã na lei. 

Dia 17 era o aniversário da Sula, a mãe do Lucas. 

E dia 20 era o aniversário da Lúcia, a minha irmã. De sangue. Em grande parte também uma espécie de mãe. 

Eu sempre pensei essa profusão de aniversários em outubro como um determinismo biológico. Esses primatas gerando suas crias para nascerem na primavera. 

Também não descarto que haja uma confluência astral para que haja um monte de gente nascida sob o signo de libra. 

Quando comentei essas coincidências com minha psicoterapeuta, ela comentou que eram filhos do Carnaval. Nesses casos, acho difícil. À exceção de meu bisavô sobre cujos pais nada sei, os progenitores de todos aqui citados não eram grandes festeiros de Momo. 

Sábado passado, durante minha caminhada diária, me dei conta que deveria ser aniversário da Siloni. Mas desde novembro passado Siloni não está mais entre nós. 

Como um fantasma traz outro, logo pensei na Lúcia. Que se foi há três anos. 

E logo vem aquela melancolia da falta que nos faz quem partiu. 

Benditos dias que podíamos celebrar juntos. 

Hoje ainda celebramos, mas somos menos sem eles.


18/10/2021.

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