Sobre redes sociais, Bettega, Carver e Sanco


Cara Bárbara, 


Uma noite dessas, eu estava dedicando às redes sociais os cerca de quinze a trinta minutos que costumo dedicar a essa atividade. 

Curiosamente passou pela minha linha de tempo um linque para uma entrevista do Amilcar Bettega. Sabes? Conheço o Amilcar Bettega por apenas um conto, O Voo da Trapezista, que a Cíntia Moscovich apresentou em uma aula, como um conto exemplar. Tenho um livro do Bettega na estante que aguarda o momento de ser lido. Chama-se Prosa Pequena. 

Então, como eu dizendo, fui ler a entrevista com o Amilcar Bettega, onde ele rememora sua obra, comenta que ele já seja usado como literatura de referência para o vestibular. E cita Carver.

Carver? Disparou alguma fagulha entre meus dois neurônios. Coloquei o nome no oráculo dos dias de hoje, e lá veio Raymond Carver. 

Raymond Carver (1938-1988), escritor americano. Principalmente de contos. Mas também poeta e ensaísta. Associam os contos dele a minimalismo. 

Acabei por adquirir um livro dele, em sebo virtual. Se chama "Fique quieta, por favor", coletânea de contos que foi publicada originalmente em 1963. Esta edição que adquiri, saiu pela Rocco, no ano do falecimento do autor, com tradução de Maria Helena Torres. 

Até agora li apenas o conto que dá título ao livro. E fiquei meio perplexo que um conto minimalista tenha se prolongado por 21 páginas. Acho que aquele nosso amigo o chamaria de novela. :) 

O conto começa com um resumão da vida de Ralph Wyman, o protagonista. Faz uma elipse sobre seu casamento e lua de mel, para finalmente se deter sobre o fio de tensão que realmente vai conduzir a trama. Três páginas de introdução, dezoito de desenvolvimento. E, te digo, o final é de chorar. Pelo menos para mim. Lemos o autor e lemos a nós mesmos. 

Tudo isso me levou ao teu conto, Conto de Natal. Que foi merecidamente elogiado por quem o leu. Também o achei bom, mas vi algo mais ali. Cada parágrafo era praticamente uma cena, que pode ser traduzido em outro conto. Ou cada parágrafo pode derivar para um capítulo de uma narrativa longa. 

Tu vês que eu já tinha comentado sobre isso contigo, mas o Bettega e o Carver fizeram tudo voltar ao meu pensamento.

Pois é. Redes sociais podem trazer coisas boas, além da divulgação do meu blogue e dos teus contos e crônicas. 


14/01/2021. 

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