Canção do Confinamento


Minha praça tem palmeiras

Onde grasna a caturrita

De outras aves eu não sei

Mas o seu grasnar me irrita


Não importa se há cores

Se há frescor se há odores

O grasnar da caturrita

É uma sessão de horrores


Nos passeios de intervalo

Aqui já não há cavalo

Esse som sem confundir

O grasnar em seu badalo 


Não, não é uma periquita

Nenhum bichinho discreto

Não, não é nada secreto

O grasnar da caturrita


P.S. Se você não conhece, este poema crônico é uma paródia da Canção do Exílio, de Gonçalves Dias. A Canção do Exílio é um dos poemas fundadores da poesia brasileira. 


07/01/2020. 


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