Diário – shows – Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá – As V Estações
Sábado, 27 de julho de 2024, foi noite para voltar ao Auditório Araújo Vianna para rever os remanescentes da Legião Urbana, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. Junto a eles está André Frateschi que tem sido o vocalista do grupo. Além desses há Mauro Berman (baixo e direção musical), Lucas Vasconcellos (violão e guitarra) e Pedro Augusto (teclados). Berman e Vasconcellos já estavam na formação que esteve por aqui em 2019.
Escrever sobre esse show é repetir um pouco o que já escrevi sobre o show de 2019. Talvez fosse também escrever sobre o show de 2022 ou 2023, não lembro a data exata, lembro que quando procurei comprar os ingressos, também no Araújo Vianna, eles já estavam esgotados e acabei ficando de fora.
Mas, claro, não dá para repetir tudo, porque não é o mesmo show, os artistas envelheceram, eu envelheci, e possivelmente, como diria Juca Kfouri, a rara leitora, o raro leitor já ouviu falar de Heráclito – filósofo grego pré-socrático e pré-cristão.
André Frateschi continua sendo um ator que assume o papel de cantor, mas o achei muito mais parecido com Renato Russo nesse show. Talvez seja a presença dos óculos em seu rosto, coisa que não havia em 2019, e era uma espécie de assinatura de Renato. E ele, Frateschi, é essa pessoa interessante, que tinha uns dez anos quando a Legião Urbana lançou seu primeiro disco e talvez quatorze quando a banda se tornou um fenômeno de vendas – talvez algo como um U2 brasileiro – com a álbum As Quatro Estações. E sua voz me soa mais potente para as canções da banda que a dos remanescentes originais. Acho que eles também reconhecem isso, já que Bonfá cantou umas três canções das cerca de duas dezenas que compõem o setlist do show. Villa-Lobos fez o vocal principal em apenas uma.
Com um atraso de uns trinta minutos em relação ao que estava escrito no ingresso, o show abriu com a sequência Há tempos, Meninos e meninas, Sereníssima, Eu sei, e Quase sem querer. Seguiu. Achei marcante Índios, a canção que Dado Villa-Lobos cantou. Faroeste Caboclo, em versão que inicia acústica, e que foi marcante porque o público cantou junto sua longuíssima letra. Soldados, que ainda toca na minha cabeça enquanto escrevo. Pais e filhos, que um amigo dizia que, se não tocasse nos shows originais da Legião, na década de 1990, ele requereria o valor dos ingressos de volta. Terminou com Monte Castelo. E o bis foi com uma canção apenas, Metal contra as nuvens. Frateschi fez homenagens a Renato Rocha, primeiro baixista da banda, falecido e, claro, a Renato Russo, a quem ele chamou de “raio, relâmpago e trovão”.
Mais um show de celebração em um Araújo lotado, superlotado, da herança musical do grupo que, de fato, terminou com a morte de Russo em 1996, mesmo que alguns álbuns póstumos tenham sido lançados. Onde gerações vão se sucedendo, já que os fãs originais da banda são em geral cinquentões e sessentões. Ao meu lado, por exemplo, havia uma moça cantando todas as letras e dançando. Ela devia ter menos de trinta anos. Se tiver trinta, era uma bebê quando a banda acabou. A música tem esse poder.
Os artistas comentaram que esse era um projeto que já tem dez anos. Tomara que dure muitos anos mais e continue nos embalando e fazendo-nos relembrar o tempo em que éramos tão jovens.
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28, 29/07/2024.
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