Puxador de tampa de cafeteira


Quando cheguei ao escritório para minha escala presencial no sistema híbrido de trabalho (parte trabalhando de casa, parte trabalhando no escritório), o puxador da tampa da cafeteira italiana estava sobre a minha mesa. A própria cafeteira italiana está sobre uma mesinha auxiliar, ao lado da minha. A máquina de fazer café não é usada há muito tempo, me parece.

Antes da pandemia a usávamos bastante. Uma cafeteira elétrica italiana, com um filtro de aço inoxidável. 

Normalmente comprávamos o café no Café do Mercado, aqui no Mercado Público de Porto Alegre. Era preciso pedir moagem francesa, um pouco mais grossa, para evitar que o pó do café passasse para a bebida. É isso aí: cafeteira italiana, moagem francesa. Parece incoerente, mas é assim que é. Ou que era. 

Normalmente comprávamos o café extra-forte. Mas eventualmente comprávamos as variedades "gourmets". Um pouco mais caras, mas com outros e mais suaves aromas. Mogiana, Montanhas de Minas, Montanhas do Espírito Santo. Coisas assim, com suposta origem nobre. 

Consumíamos bastante café. Um litro e meio pela manhã, outro tanto à tarde. Três ou quatro pessoas consumindo. A bebida nos mantinha no ritmo. 

Foi o Guerreiro quem comprou a cafeteira. 

Durante o tempo de uso, uma vez esse puxador da tampa quebrou. O próprio Guerreiro adquiriu a peça de reposição. E mais uma extra. Sim, é de se imaginar que com o uso, novos rompimentos do puxador aconteçam. 

Mas, como eu disse, o advento da peste fez com a máquina parasse de ser usada. Nosso sistema híbrido de trabalho ainda não a reabilitou. 

O puxador reserva estava sobre a minha mesa porque o Guerreiro deixou a firma. Foi trabalhar em outra empresa. O que é uma lástima, mas também é algo a respeito do qual nada podemos fazer. As pessoas estão sempre em busca de um presente e um futuro melhor. 

Coloquei o puxador sobre a mesa do Tavares. Pelo andar natural da carruagem ele está mais longe de se aposentar que eu. Em poucos anos eu também serei ausência.


07/12/2022.

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