Reflexões de um velho ranzinza – Resta um


Com 61 anos, e aguardando a aposentadoria, a vida não tem sido fácil. 

Quando eu estava no primeiro grau, de fato no primário, eu tinha um colega chamado Marcelo. 

Uma vez ele me convidou para ir na casa dele. Talvez tenha sido mais de uma, mas essa eu acho que me lembro melhor. Ele tinha um joguinho chamado de Resta Um. Eu não conhecia. Era um tabuleiro quadrado azul, com um monte de pecinhas brancas. A gente ia fazendo uma pular por cima da outra, mais ou menos como no jogo de damas. Aquela que foi pulada saía. Até que só sobrasse uma peça. A topizera, como a gurizada fala hoje, era deixar a peça que sobrava no centro do tabuleiro. Um brinquedo para se brincar sozinho. 

Às vezes eu fico olhando para as cartelas dos comprimidos que eu tomo, e me lembrando daquele joguinho. “Uso contínuo” o doutor escreve na receita. Vou tomando. Tem um momento que resta um. Depois nenhum. 

Quanto tempo me resta?


25/05/2022 

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