Reflexões de um velho ranzinza - Ano Novo
Sou um velho com 61 anos, que aguarda ansiosamente a aposentadoria. São mais de 45 anos entre desemprego e empregos mal pagos. 45 anos para conseguir um apartamento apertado em um prédio ruim na periferia, uma lata velha do século passado como "carro", e perspectiva nenhuma de bem estar na tal aposentadoria.
Ano novo! O ano que farei 62 anos. E que faltarão três para a aposentadoria (provavelmente terei que seguir tentando bicos aqui e ali, mesmo aposentado).
Nessa época, todo mundo faz desejos, tem esperança. Como diz aquele sobrinho, "projetos".
Eu fiquei pensando que seria bom não ter que usar remédios. Eu uso remédio pra pressão, comprimidos pro diabetes. "Pré-diabetes" diz o pessoal do posto. Vez por outra, pomada pras micoses (vez por outra me dá frieira). Azulzinho pra me garantir.
E tem os dentes perdidos. Continuo com a maioria deles, mas também tenho umas pontes. Não tenho dinheiro para implantes.
Às vezes eu queria que Deus me livrasse de tudo isso.
Mas não rezo. Vá que eu peça, e Ele, pra me livrar disso tudo, como dizia uma antiga namorada, me faz desencarnar.
01, 05/01/2022.
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