Diário - leituras - Valsa para Bruno Stein
Comprei este livro em algum balaio da 65ª Feira do Livro, isto é, na Feira do Livro de 2019, véspera do início da peste que tornou a Feira do Livro de 2020 uma abstração de telas de computadores. Impresso em 1998, estava quase em estado de novo. Há umas poucas marcas que registram um longo período de armazenamento. Sem dúvida, devo ter sido o primeiro leitor desse exemplar.
A primeira edição de Valsa para Bruno Stein é de 1986, e minhas lembranças são que foi um livro que fez sucesso no final dos anos 1980 e início dos 1990, catapultando seu autor à relativa fama em geral, ou fama total nos meios literários. Talvez tenha até sido leitura obrigatória para o vestibular, mas posso estar enganado.
Valsa para Bruno Stein conta a história, como diz o título, de Bruno Stein, um gaúcho descendente de alemães, vivendo na cidade fictícia de Pau D'Arco, que imagino que seja calcada na Três de Maio natal do autor.
Bruno Stein é um ancião, que vive em algum distrito no interior do município. Na mesma propriedade fica sua residência e uma olaria, uma pequena empresa que ele gere há anos. Vive com a esposa, o filho, a nora, as netas e alguns cachorros. Fazem parte do quadro ainda os empregados da olaria. Além de pequeno empresário, Bruno é um escultor diletante.
O contexto é um Brasil que ia mudando, no início dos anos 1980, anos finais do regime militar. Mudavam os costumes com a televisão e suas novelas divulgando novos comportamentos. Era um tempo de êxodo rural e retomada de lutas pela reforma agrária.
Os comportamentos trazidos pelas novelas, e a televisão tomando conta dos lares naquela época são coisas que incomodam o velho Bruno, um homem de um outro tempo. Talvez carola, moralista. Essas neuroses e outras decorrentes da vida em um núcleo familiar amplo são exploradas pelo autor.
Há espaço para as mulheres da história, em especial a nora Valéria e a neta Verônica.
Eu achei um bom livro. Talvez datado, mas que traz um contexto de um país em transição, inclusive em municípios longínquos, como os do Alto Uruguai, no interior do Rio Grande do Sul. Quem viveu há de lembrar, e quem não viveu pode conhecer um pouco mais do contexto da época.
KIEFER, Charles. Valsa para Bruno Stein. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1998.
23/06/2021, 17/07/2021.
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