Diário – leituras – Ainda que a terra se abra


Recentemente terminei de ler o livro Ainda que a terra se abra, de Rodrigo Ungaretti Tavares. É uma nova versão de um enredo clássico: o da morte de uma pessoa que causa um retorno de um herdeiro para um ajuste de contas com o passado. 

No caso se trata de Martín, que precisa deixar temporariamente sua vida como advogado e acadêmico em Brasília para voltar à sua São Francisco do Sul natal por conta da morte de seu pai Aramis. Lá reencontra Bibiana, sua irmã. 

São Francisco do Sul é uma cidade fictícia (embora haja uma cidade real homônima em Santa Catarina), virtualmente localizada na campanha, próxima da fronteira com o Uruguai. Pode ser baseada, por exemplo, na Bagé natal do autor. 

Nesse ajuste de contas, que é afinal a história que está sendo contada, os personagens vão relembrar o passado, explorar as saudades e, claro, lidar com traumas, e nisso o romance é bem construído. 

Além disso, o autor faz descrições interessantes da região da Campanha, no caso pela visão dos latifundiários ou proprietários de terra. Fala da criação de animais de corte, da praga do abigeato, e da busca de outros meios para o sustento econômico da propriedade da família. Há pouco foco em conflito social de classes no livro. 

E acho que se eu disser mais do que isso, corro o risco de tirar o prazer da leitura de um(a) eventual leitor(a). Lê-lo foi um prazer sim. Valeu a pena. 


TAVARES, Rodrigo. Ainda que a terra se abra. Porto Alegre: Taverna, 2020. 


11, 12/08/2024.

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