Diário – leituras – Sete Erros



Gerações de mulheres, vivendo em um lugar não especificado, mas presumivelmente no sul do Brasil. Elas vão vivendo suas vidas, sob as possibilidades de viverem sendo mulheres nesse lugar e sociedade em que habitam. 

O livro começa com o mal estar de Maria Antonia, aos sete meses de uma gravidez, aparentemente indesejada. Quem vai narrando é alguém de sua confiança, uma médica, possivelmente uma residente. 

A partir daí a autora nos leva por gerações de mulheres que conviveram, viveram, sobreviveram e resistiram como puderam ao machismo e ao patriarcalismo da sociedade em que viviam, e vivem. 

Entre essas mulheres, uma marca que as uniu são os bordados. Uma arte que une as gerações que protagonizam as histórias. A própria autora vai tecendo seu livro como uma espécie de bordado em que nos enreda. 

A violência sexual é uma presença. Aconteceu no passado (há uma cena que achei muito parecida com as violações em O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo), acontece contemporaneamente. 

E há um tempo em que a religião é instrumental na opressão feminina. Presumo que a narrativa tenha lugar ali pelo início da década de 1960, quando um líder religioso poderia constranger uma mulher. 

A única questão que me incomodou um pouco no livro é que todos os personagens masculinos são ou omissos, ou abusivos, ou omissos e abusivos. Bem, talvez nós, homens, sejamos mesmo assim. Quem sabe? 

No geral, achei um bom livro, tanto que já comprei mais um exemplar para dar de presente. 


RIZZO, Ana Luiza. Sete Erros. Porto Alegre: Gog/Bestiário, 2022.



05, 15/11/2023. 

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