Cara Maria – IX


Cara Maria,


Depois de um breve intervalo, volto a te escrever.

Nas mensagens anteriores a palavra ódio esteve presente. Fosse como meu sentimento pessoal, fosse como a expressão de um sentimento generalizado. Nas redes sociais. No mundo. 

Mas antes de falar mais sobre isso, voltemos à natureza. 

Acho que foi o jornalista e humorista José Simão que alguma vez falou em turnê do fim do mundo. Fico pensando se o fim do mundo já não é a nossa realidade. 

A sequência de catástrofes, presumivelmente derivadas da crise climática, parecem mesmo em turnê. Tempestades, inundações, tornados, ciclones. Há eventos de todo tipo. E assim vamos tendo aulas de geografia, por conta dos municípios atingidos. Caráa, no litoral norte gaúcho, Taió em Santa Catarina… Além do transbordamento do Rio Taquari que causou destruição em várias cidades ao longo dele, o Taquari. Esta semana tivemos inundação em Barra do Rio Azul, no norte do Rio Grande do Sul, outra cidade que eu desconhecia. E tornados no Paraguai e oeste do Paraná.

O que será de nós? 

Aqui em Porto Alegre seguimos com esta primavera com sabor de outono. Pelo menos por enquanto. Talvez venhamos a nos sentir mais na primavera na próxima semana (este texto deve ser publicado na próxima terça-feira, 7 de novembro) quando a meteorologia prevê máximas próximas aos trinta graus. 

Tivemos um Dia dos Mortos com ventos para Ana Terra nenhuma botar defeito. Vento dos mortos? Pode ser. Ajudam os tais ciclones a se formarem no litoral como aconteceu novamente esta semana. 

Sobre Dia dos Mortos, nesta sexta-feira, 3, dia seguinte a Finados, perdemos a atriz Elizângela Vergueiro, mas que ficou nas nossas lembranças simplesmente como Elizângela. Ela atuou em novelas nos anos 1970, e retomou a carreira neste século XXI. Parece que ela sofria de muitas sequelas por ter sido atingida pela covid-19. Infelizmente ela fez a opção política de não tomar nenhuma dose da vacina contra a moléstia. Triste.

Ainda sobre Dia dos Mortos, vi uma charge publicada esta semana na Folha de São Paulo em que uma personagem, uma mãe, dizia ao filho que todo dia é dia de mortes. Com guerras no sudeste da Europa, na margem oriental do Mediterrâneo, no sul do Mar Vermelho, e duas guerras civis no nordeste da África, todo dia é dia de mortes. 

E pelo que leio no noticiário há mais patrocinadores das guerras do que promotores da paz. 

Há uma cacofonia nas redes. Como o júbilo ou a tristeza das torcidas.

Ódio intenso expressado desavergonhadamente. 

Acho estranho o júbilo com mortes. Me entristeço.


04, 05/11/2023. 

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