O vazio de um vaso


Hoje eu me desfiz do vaso da orquídea. Ficou um espaço vazio na área de serviço. 

Talvez eu não devesse pensar tanto em um vaso de flores cuja planta morreu, mas eu penso. 

O vaso foi-me entregue na noite em que eu participava do lançamento de um livro, uma coletânea de crônicas por um coletivo de cronistas. 

Noite de bebedeira, decepções, sustos, alegrias. De tudo um pouco. 

Quando chegou, a planta veio com uma bela flor. Como dito, uma orquídea.

Depois a flor caiu, mas a planta vinha se renovando. Renovando folhas, renovando brotos. E assim se passaram três anos. 

Nesse verão, ela feneceu e morreu. Não sei se foi o calor excessivo. Ou se exagerei na quantidade de água. Foi uma pena. 

Ontem fez cinco anos que minha irmã faleceu. Tinha setenta anos então. Tinha uma vida saudável até um ano antes. 

Então, em sete meses, vieram as dores, a falta de diagnóstico, a peregrinação por consultas médicas e exames. E o diagnóstico. Câncer de pâncreas. 

Feito o diagnóstico, vieram as esperanças de tratamento. Esperanças de tratamento até o derradeiro momento. Esperanças que falharam. Uma imensa pena. Uma dor que se renova. 

Um vazio. 


23, 30/01/2022. 

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