Adeus, Seu Vavá



Caro Senhor Vilmar,

Nós nunca fomos íntimos. Convivíamos. Os cumprimentos formais de bom dia, boa tarde, boa noite, quando nos víamos. 

Ou as inevitáveis reclamações de parte a parte, afinal o senhor era o síndico, e eu um condômino. 

Levando em consideração que o senhor já era um veterano quando lhe conheci, não diria que o senhor ainda tinha uma vida inteira pela frente, como diz o chavão. Mas certamente alguns anos, pela vitalidade que o senhor demonstrava. Quantos? Dez? Quinze? Vinte? 

Nunca saberemos. 

Fiquei chocado ao saber da notícia do seu passamento. Não sei quando foi, assim como confessei acima que não sabia de sua idade. Recebi a notícia no domingo, 11 de abril, 2021. Se pudesse haver humor nisso, diria que foi em 11 de quatorzembro de 2020. 

O senhor, seu Vavá, mais uma vítima da covid-19. 

Foi por causa da nova cepa de vírus? Foi por causa das UTI's superlotadas desses dias? Quanto contribuíram para isso as ações e omissões de nossos governantes? Que adianta agora?

Sinto muito. Sinto mesmo.


13/04/2021. 

Comentários

  1. José Alfredo, perfeito. É um erro imaginar que apenas a morte dos íntimos nos impacta. Esses passamentos ao nosso redor entristecem e assustam. Até, quem diria, do síndico. Meus pêsames aos familiares...

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