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Mostrando postagens de 2025

Notas de um final de semana movimentado em fins de setembro de 2025 (III): diário – show – No Te Vá Gustar

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Na noite de 27 de setembro de 2025 eu estive no Auditório Araújo Vianna, aqui em Porto Alegre, para assistir o show da banda de pop rock uruguaia No Te Vá Gustar.  Não estava frio como estivera na noite anterior, mas a previsão era de chuva para aquela noite.  No Te Vá Gustar é uma banda liderada por Emiliano Brancciari, que está em atividade desde os anos 1990. Eles têm carreira consolidada na bacia do Prata, me parece, e têm vindo com certa regularidade a Porto Alegre. Lembro de um show há dois ou três anos, no Bar Opinião. Não fui a esse show porque cheguei a uma idade em que não quero mais passar duas horas em pé na pista.  Não sei se a banda veio por conta de algum álbum novo. Acompanhei nos softwares de áudio sob demanda um show gravado em Buenos Aires em 2025, mas não me vejo em condições de dizer que esta apresentação porto-alegrense espelhou a gravação portenha.  O Araújo esteve cheio, embora não lotado. Muitas bandeiras uruguaias entre o público. Imagino qu...

Notas de um final de semana movimentado em fins de setembro de 2025 (II): sessão de autógrafos – Hospitalares, de Edgar Aristimunho

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No final da tarde de sábado, 27 de setembro de 2025, eu estive no espaço Mosaico Cultural, ali na Travessa Octávio Corrêa, 39, na Cidade Baixa, aqui em Porto Alegre, para o lançamento do livro Hospitalares, de Edgar Aristimunho. Aristimunho recebeu seus leitores, autografou uns quantos exemplares do livro e posou para fotos várias.  O livro nasceu após problemas de saúde levarem Aristimunho a uma internação de alguns (vários?) dias em um hospital porto-alegrense. São registros, divagações, reflexões, talvez até pirações de um homem que enfrenta uma situação limite.  Infelizmente não pude ficar muito tempo, mas valeu ter ido. Um Mosaico Cultural cheio já indica o sucesso da iniciativa.   . Edgar Aristimunho autografando o meu exemplar de Hospitalares . 04, 09/10/2025. 

Notas de um final de semana movimentado em fins de setembro de 2025 (I): diário – show – AnaVitória

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Na noite de 26 de setembro de 2025 eu estive no Auditório Araújo Vianna, aqui em Porto Alegre, para assistir o show do duo AnaVitória. As jovens estão em turnê divulgando seu álbum Esquinas.  Era uma noite mais fria do que eu poderia esperar para o final de setembro. Ainda havia um vento bem desagradável. Mas tudo bem, eu estava suficientemente agasalhado. Não era o caso de muitas das fãs da dupla, com roupas leves, levíssimas às vezes.  Sim, a maioria do público de AnaVitória é composto de mulheres adolescentes e jovens. Eu estimaria que elas foram dois terços da audiência que lotou o Araújo naquela noite.  As cantoras compositoras foram acompanhadas por um grupo com guitarra, baixo elétrico, bateria, piano eletrônico e o sopro de metais.  No setlist canções do álbum Esquinas, como Se eu usasse sapato,  Minto pra quem perguntar e Quero contar pra São Paulo; do álbum Amarelo, azul e branco – interpretaram a canção homônima; e a já clássica Lisboa / Lisboa-Madrid...

Asma

Do grego ásthma , que significa falta de ar. Pois é. Simples assim.  Conhecida desde a Antiguidade – Hipócrates já teria se referido a ela –, a asma é uma doença crônica dos pulmões, junto com inflamação nos brônquios. Costuma acometer crianças, daí o incentivo à prática de esportes na infância para melhorar a respiração e diminuir a inflamação pulmonar. Muitas vezes os sintomas diminuem na idade adulta e retornam na velhice, mas cada caso é um caso.  Pessoas conhecidas foram portadoras de asma. Não, elas não eram conhecidas por serem portadoras de asma. Mas, enfim, portadores de asma foram Machado de Assis, Graciliano Ramos, Che Guevara, Otto Lara Resende.  Tive um amigo, colega de aula, que queria ser oficial da reserva do Exército, nos anos 1980. Ele se empenhou e passou nos testes físicos e intelectuais para alcançar seu objetivo. Foi engajado. Porém ainda era asmático aos dezoito anos. Durante uma daquelas jornadas de treinamento, com caminhadas de quilômetros com vi...

Gatinho

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O gato era cinza. E branco. Mais cinza do que branco.  Era um filhote então. Um gatinho. Foi adotado por uma senhora no outono da vida.  Ou, talvez, no inverno da vida.  Para completar o clichê, talvez, uma solteirona que criava gatos. Só no outono de sua vida, aí sim, passou a acolher os felinos. O gato foi tomada por uma gata. Recebeu nome de personagem feminina da novela das oito. Nome esse já esquecido. Um exame mais detalhado constatou: não era uma gata. Um gatinho. Gatinho, o nome ficou. Gatinho, o nome, ficou. Um dia, a dona do Gatinho foi afligida por dores.  Dores no abdômen, dores nas costas. Consulta daqui, pesquisa dali, perscruta acolá, e chegou-se a um diagnóstico. O pâncreas tinha um tumor. E nove meses depois, um tumor no pâncreas levou a dona do Gatinho. Que foi herdado pela ex-cunhada da falecida dona. E foi bem tratado pela ex-cunhada da falecida dona. E ali até viveu bem. Uma vez fugiu. Mas voltou dois dias depois. Ali até viveu bem. Contudo houve...

Agora oficialmente: eis a primavera de 2025

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Pata de vaca, tá sabendo? Não, não falo das patas da bovina. Fala da planta. Da árvore de pequeno porte. Ou, pelo menos, as que tenho visto são de pequeno porte. Um metro, um metro e meio, no máximo uns quatro metros de altura. O nome é por conta do formato das folhas, que, de fato, lembram patas de vaca, ou de boi. Pois então, as patas de vaca estão em pleno florescimento por estes dias. Encontro-as com flores brancas e flores cor de rosa na região em que moro. Uma beleza. Embora os filamentos nessas flores me lembrem a boca do predador. Sim, aquele alienígena do cinema, cujo primeiro filme estreou lá por 1987, e esse predador era o antagonista de Arnold Schwarzeneger. Ainda assim as flores da pata de vaca são uma beleza. Parece elas que vão sucedendo os ipês-rosas, cujo auge da floração se deu há alguns dias. Ainda há flores de ipês-rosas por aqui, mas elas estão diminuindo. Esses ipês estão substituindo a sua floração por folhas.  Quem também parece suceder os ipês-rosas, são os...

Diário – show – Gilberto Gil, Tempo Rei

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No dia 6 de setembro passado, um sábado, eu estive no Estádio Beira-Rio, aqui em Porto Alegre, para ver o show da turnê de despedida dos palcos de Gilberto Gil, chamado Tempo Rei.  Foi um show muito aguardado por mim. Comprei os ingressos em abril. Tive certa ansiedade porque o provedor dos ingressos fez a venda pelo aplicativo no celular, e esses ingressos só foram disponibilizados no próprio dia do show.  Foi um espetáculo que mexeu com a cidade. Encontrei uma amiga no acesso às cadeiras, de onde eu assistiria o show. Depois vi fotos de pessoas amigas e conhecidas nas redes sociais da internet. Cerca de uma hora antes do show, o acesso ao estádio pela Avenida Borges de Medeiros estava congestionado. Talvez trinta mil pessoas tenham comparecido. É bastante mas havia lugar para muito mais. Uma pena, pois acho que esse show deveria ter sido visto por mais gente. O único local que pareceu lotado ou quase foi a pista premium. A pista comum tinha muito espaço disponível. O anel su...

Silvio Tendler, Angela Ro Ro

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Em certos momentos eu me sinto como um escritor de obituários. Nas últimas duas semanas isso ficou bem acentuado. Em uma semana escrevi sobre Luis Fernando Verissimo , e na semana seguinte escrevi sobre Mino Carta . Ainda bem que, além dos obituários, também escrevi sobre a primavera de 2025 chegando  e sobre futebol americano .  Infelizmente sempre tem gente que faz parte das nossas lembranças, do nosso imaginário, morrendo o tempo todo.  Não escrevo, por exemplo, sobre o cartunista Jaguar ou o músico Hermeto Pascoal, não porque não sejam importantes. Foram. Mas não estão inseridos de forma inescapável dentro da minha vida, como as pessoas das quais comento e lamento o falecimento, como acontece neste momento.  Por esses dias morreram mais duas pessoas inescapáveis.  Silvio Tendler (1950-2025) foi um cineasta. Documentarista. Documentários não costumam ser as obras cinematográficas mais vistas, mas Tendler foi bastante bem sucedido nessa área. No início da minh...

Novamente: é uma partida de futebol!

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Dia 5 de setembro passado aconteceu pela segunda vez no Brasil, de fato pela segunda vez no hemisfério sul do planeta, uma partida da Liga Nacional de Futebol – National Football League, NFL para os íntimos, o campeonato daquele futebol praticado nos Estados Unidos. O jogo envolveu as equipes do Kansas City Chiefs e do Los Angeles Chargers.  Quando houve pela primeira vez um jogo desses no Brasil, eu comentei por aqui . Tentei explicar que o jogo não é uma sucessão de violências, embora possa dar essa impressão à primeira vista. Lembrei como acabei por gostar do jogo, que comecei a acompanhar já faz vários anos através da TV por assinatura.  NFL é uma espécie de confederação formada pelas suas duas conferências, a Conferência Americana – AFC, “American Football Conference”, e a Conferência Nacional – NFC, National Football Conference”. Se o jogo de 2024 foi entre duas equipes da NFC, o deste ano foi entre equipes da AFC.  E o jogo, novamente realizado no Estádio do Corint...

Em uma semana Luis Fernando Verissimo, na outra Mino Carta

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Lá se vão quatro anos desde que lamentei as mortes de Tarcísio Meira e Paulo José em um texto neste blogue . Estávamos então no segundo ano da peste, isto é, da pandemia de covid-19.  Pois agora por esses dias vamos nos despedindo de mais pessoas. Ou, pelo menos, eu vou me despedindo. Faz uma semana, comentei e lamentei o falecimento do escritor Luis Fernando Verissimo.  Dias depois veio a notícia da morte do jornalista Mino Carta.  Tornei-me intelectualmente próximo de Mino Carta entre o final do século passado e o início deste século XXI. Foi quando assinei por um tempo sua revista de notícias, a CartaCapital. Não lembro se quando eu assinei a revista sua periodicidade ainda era quinzenal, ou se já havia passado a ser semanal. Sei que eu estava a procura de um veículo informativo um pouco diferente do que eram as revistas Veja e Época à época. Assinei CartaCapital por alguns anos. Mino Carta era a, digamos, alma da revista. E foi por ela que acompanhei o noticiário nos ...

Eis a primavera de 2025

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Os dias agradáveis do final de agosto passado, e dos primeiros dias de setembro, e as dezenas de ipês-rosas em flor, não nos deixam enganar. É a primavera se apresentando. Mesmo que alguma frente fria ainda apareça e baixe as temperaturas.  Mesmo que chuvas enjoadas umedeçam mais alguns de nossos dias.  Mesmo que oficialmente a primavera austral só se inicie no próximo dia 22 de setembro.  Sim. Mesmo com a mudança climática, ou a crise climática, ou a catástrofe climática, chamem como quiserem, Porto Alegre continua tendo quatro estações.  E depois do solstício de inverno os dias começam a ficar mais longos. E podemos desfrutar mais do sol.  Os ipês-rosas em flor não nos deixam enganar. Nem, em menor número, os ipês-amarelos.  Na rua em que moro há uma fileira de quatro ipês-rosas. Os quatro floriram. E ao olhar para eles fico pensando que parece que alguém os adornou com as flores, tal qual muitos de nós fazemos com as árvores de Natal que montamos em noss...

Pequena Mona Lisa

O que há em um sorriso? O que há em um sorriso como o da Mona Lisa?  Há pouco estive em uma festa de debutantes. Não. Uma festa de debutante. Apenas uma moça debutava. Embora ali também houvesse umas tantas outras meninas, colegas daquela que naquela noite celebrava seu aniversário em grande estilo. Grande estilo ao menos para os convidados ali presentes.  De onde eu estava, e de onde eu podia ver, a debutante apenas sorria. Um sorriso como o da Mona Lisa. Contido. Discreto. Aparentemente feliz. Ali estava ela. Em seu vestido de princesa. Em uma festa de princesa. Em grande estilo. Ao menos para os convidados ali presentes. A entrada no salão, acompanhada pelos pais, em música de pompa. Era seguida pela fotógrafa e pelo cinegrafista oficiais do evento. Seguida pelas inúmeras lentes dos convidados a registrar os momentos.  Danças. Dança com o pai. Com o avô. Com o padrinho. Com um amigo (namorado?). Não lembro se valsava. Mas como valsa me soava. Faz-me recordar. Recordar ...

Diário – leituras – On the road, Pé na Estrada – Fim de leitura

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Já se vão alguns dias desde que, afinal, terminei de ler On the road, ou Pé na estrada; o clássico livro da  geração beatnik estadunidense, traduzido ao português brasileiro por Eduardo Bueno.  Antes, há relativamente pouco tempo, eu havia escrito um comentário sobre opções de tradução .  Agora, terminada a leitura, dá para escrever esse breve registro, como costumo fazer de uns tempos para cá. On the road, escrito nos anos 1950, narra as aventuras, chamemo-las aventuras, de Sal Paradise, um candidato a escritor e Dean Moriarty, seu amigo, por quem Sal tem certa veneração. As histórias narradas no livro acontecem no final dos anos 1940. Sal e Dean passam a maior parte da narrativa cruzando os Estados Unidos de leste a oeste, e vice-versa. As principais cidades, pontos de partida e chegada costumam ser Nova York e San Francisco, ou San Francisco e Nova York. Outra cidade bastante citada no livro é Denver. Também há passagens por Chicago e Nova Orleans. Várias outras cidade...

LFV (1936-2025)

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Desde a madrugada de sábado, 30 de agosto, o Brasil ficou um pouco mais triste. Pelo menos para aquela parte que apreciava o humor discreto do escritor Luis Fernando Verissimo. Ele nos deixou naquela madrugada após um relativamente longo ciclo de problemas de saúde, especialmente uma pneumonia e um AVC acontecidos há alguns anos.  Filho de Erico Verissimo, que é talvez o maior escritor sul riograndense de todos os tempos, Luis Fernando se tornou um autor com estilo próprio, diferente do pai. Ambos populares, cada qual a seu modo.  Os obituários tendem a ressaltar um homem econômico ao falar, e essa parece que foi uma característica que Luis Fernando Verissimo fez questão de cultivar.  E as memórias e recordações de amigos e colegas partem dos inícios da carreira. Ele foi colega de redação de muita gente. E trabalhou incansavelmente nessas redações.  Meu período de maior leitor de LFV é dos tempos em que eu costumava ler o jornal Zero Hora impresso. Tempos pré-interne...

Cara Vivi, sim, o Rio de Janeiro continua lindo. Apesar de tudo

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Na mensagem anterior, aquela que vai para o livro em homenagem ao Otto Lara Resende, onde teci loas à cidade do Rio de Janeiro, terminei concluindo que após quinze anos desde a vez anterior em que estive por lá, pelo Rio de Janeiro, já passava da hora de retornar.  Pois bem. Retornei.  E… Surpresa! Senti frio no Rio de Janeiro! Uma frente fria jogou temperaturas para cerca de dez graus nas madrugadas em que estive lá. Claro. Nada que assuste um porto-alegrense, mas foi diferente.  Foram quatro breves dias na Cidade Maravilhosa. De fato, nem isso. Daqui a pouco explico.  Desta vez sem turistadas. Tanto o Cristo Redentor, quanto o Pão de Açúcar, só de longe.  Na mensagem anterior lembrei como a cidade é permeada de História. E de histórias. Ela não foi capital da administração portuguesa, capital imperial e capital republicana, em uma sequência de quase duzentos anos impunemente. Aliás, tirarem-lhe a administração federal também não foi algo que foi feito impuneme...

Veronica Electronica, Madonna, Ray of Light

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Cara doutora, Recentemente li em algum caderno cultural, provavelmente na Folha de São Paulo, sobre o lançamento do álbum Veronica Electronica, da Madonna. Se trata da remixação (será que usei certo “remixação”?) de um conjunto de canções do álbum Ray of Light, que a artista lançou em 1998.  Uau! 1998! Lá se foram 27 anos.  Pelo que me lembro da reportagem, a ideia do álbum de remixes já vinha de 1998, mas Ray of Light fez tanto sucesso, vendeu tantas cópias, que esse álbum de remixes foi sendo adiado. Saiu agora.  Fico me perguntando sobre o motivo do nome Veronica Electronica. A parte “Electronica” do nome é bastante óbvia, ligando-o com a música eletrônica, aquela feita basicamente para chacoalhar o esqueleto em clubs e raves. Veronica é mais difícil. Há uma certa Santa Verônica de Jerusalém , relatada em hagiografias, embora não nos Evangelhos Canônicos. A sonoridade desse nome me faz pensar em vera, vero, verdadeiro, verdadeira. Será? Enfim, isso é só assuntinho....

Sobre obituários e macróbios

Diz o amigo Ed que sou o cara que lê obituários. E, de fato, leio.  E os obituários que acho mais fascinantes são os das pessoas centenárias.  Por exemplo, a Dona Maria José Gomes  faleceu em 26 de março passado, aos 111 anos. A manchete de seu obituário nos informa que ela atribuía sua longevidade ao fato de não ter tido marido. E no decorrer dos fragmentos biográficos expostos, podemos dizer que nem marido, nem filhos. Mas teve sobrinhos e sobrinhas e netos por afetividade. Foi professora e bordadeira.  Outra pessoa, acho que a que mais impressionou com os fiapos de biografia em seu obituário foi Dona Carmen Bobbio Guasti .  Ela faleceu em 28 de junho passado, aos 103 anos de idade. Nascida em 1920, na Itália, mudou-se com a família para a Líbia, durante a dominação italiana da região. O pai era general do exército. Nesse período desfrutou do fato de ser parte da elite que dominava a então colônia, e ficamos sabendo que ela frequentava bailes, e, após os baile...

Diário – leituras – Talvez você deva conversar com alguém

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Talvez você deva conversar com alguém. Eis um livro interessante. Ele tem um subtítulo assim: Uma terapeuta, o terapeuta dela e a vida de todos nós. Poderíamos dizer que é um relato que uma terapeuta, a autora, faz de uma série de casos de seus pacientes, e também o relato que ela faz sobre como ela mesma precisou procurar um psicoterapeuta. Mas há um grande porém aí. Uma psicoterapeuta não pode escrever livros relatando os casos de seus pacientes. Seria uma quebra de sigilo ético. Dessa forma, ela precisou trocar nomes, por exemplo. Além disso, ela mesma relata na, digamos, metodologia para a escrita do livro, que ela juntou alguns casos em uma mesma pessoa. Então também podemos pensar que este é um bom livro para refletirmos sobre as questões de fato e de ficção, ou de literatura e de história. Acho que devemos pensar que Lori Gottlieb conta histórias mais ou menos baseadas em fatos reais. Falar nisso me faz pensar na escritora Svetlana Alexievich, Nobel de Literatura. Contudo os rel...

Preta Gil, Mário Pirata, Ozzy Osbourne: a vida é sopro

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De fato eu conheço pouco da obra Preta Gil. Tudo que eu sabia era que ela era uma das filhas de Gilberto Gil, e uma figura midiática. Era fácil ver participações dela em programas de variedades televisivos e na internet. Ultimamente tivemos a notícia do desenvolvimento de um câncer de intestino e sua luta contra a doença aconteceu em praça pública.  Apesar de eu viver em Porto Alegre, conheço ainda menos a respeito de Mário Pirata. Mário Augusto Franco de Oliveira, o Mário Pirata, era um poeta e um ativista cultural, com atuação importante na cidade desde os anos 1980.  Ozzy Osbourne é mundialmente conhecido. Primeiro como membro da banda Black Sabbath, depois como cantor solo. Na maturidade chegou a participar de um reality show televisivo mostrando a sua vida.  Estas três pessoas nos deixaram nos últimos dias. Preta Gil e Mário Pirata no domingo, 20 de julho. Ozzy Osbourne na terça, 22. Em poucos dias dezenas, milhares, milhões de fãs ficaram desamparados. Seus ídolos s...

Diário – Sarau Santa Sede Masterclass (ou Master Class) 2025 – Intromissivas, homenagem a Otto Lara Resende

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Na quarta-feira, 23 de julho, aconteceu o Sarau da Oficina Literária Santa Sede. Este ano a tradicional masterclass (ou master class) da Oficina homenageia o escritor Otto Lara Resende (1922-1992). O evento aconteceu no Mosaico Cultural, ali na Octávio Corrêa, na Cidade Baixa, aqui em Porto Alegre.  A dinâmica do sarau foi a seguinte: o Rubem Penz, organizador da Oficina, lia os perfis biográficos das participantes da masterclass, e cada oficineira lia a crônica que havia levado. As participantes neste ano são Carmen Gonzalez, Carol Anversa, Helena Corso, Idiana Luvison, eu, José E. Rodrigues, Marcia Ribeiro, Maria Lucia Meireles, Silvia Rolim e Vivi Intini. O próprio Rubem também participa da Oficina e do livro. Livro esse que deverá ser publicado entre o final de outubro e o início de novembro próximos.  O Mosaico esteve bem cheio com os amigos e parentes das oficineiras que compareceram.  Agora é aguardar o lançamento do livro.  . Rubem Penz, organizador da Oficin...

Diário – show – Sambada Coco Maracá

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No dia 19 de julho passado, um sábado, eu estive no Bar Macunaíma, ali na República, Cidade Baixa, aqui em Porto Alegre. A ideia era comemorar o aniversário da amiga Andrea Ferreira. Aliás, a amiga com esse nome de origem portuguesa resolveu fazer uma espécie de kerb, aquelas festas alemãs que duram dias. Ela se dispôs a comemorar seu aniversário nos dias 18 de julho, sexta-feira,  no Bar Matita Perê, onde houve um show da banda Tribo Brasil; e 19, o sábado que refiro aqui, no Macunaíma, onde houve o show do grupo Sambada Coco Maracá . Parece-me que a ideia da Andrea era assistir os respectivos shows. A minha própria ideia era ter ido mesmo na sexta-feira, mas tive contratempos e não foi possível. Então. Nessa noite de sábado no Macunaíma houve o show do Sambada Coco Maracá, um grupo que divulga o samba de coco, um ritmo parente do samba que costumamos associar ao Rio de Janeiro. O samba de coco tem origem afroindígena e lembra cantigas de roda. Eu me lembrei de certas gravações de...

Diário – leituras – A Era dos Dogmas e das Dúvidas

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Para mim, ler esse livro foi um pouco como voltar ao passado. Li os livros anteriores desta série de Justo L. González lá por meados dos anos 1980, quando eu era jovem, e um crente evangélico engajado. A série de livros se propõe a contar a História do Cristianismo desde o tempo dos apóstolos de Jesus até meados do século XX. O autor tem um estilo fluente, e os volumes contam com diversas ilustrações.  Este volume 8 fala sobre a evolução do cristianismo durante os séculos XVII e XVIII. O foco está na Europa e Estados Unidos. Falar sobre 200 anos de história em 200 páginas é sempre fazer muitas escolhas. Por exemplo, ao falar das agitações na Inglaterra que levaram à execução do rei Charles I, na metade do século XVII, o autor dedica apenas uma página ao líder puritano Oliver Cromwell. Cromwell é uma figura importante da história inglesa; há biografias e biografias sobre ele. Mas, como eu disse, um historiador precisa fazer escolhas sobre o que contar, e González faz.  Este liv...

Jean-Claude Bernardet: medicina, vida e morte

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E morreu no sábado retrasado, 12 de julho, Jean-Claude Bernardet. Intelectual relativamente conhecido, sua morte foi lamentada em cadernos culturais de veículos de comunicação Brasil afora. Escritor, foi crítico cinematográfico, ensaísta, roteirista. Também foi diretor cinematográfico. Ultimamente também passou a atuar em frente às câmeras. O noticiário informa que ele não se considerava exatamente como um ator, mas uma espécie de “performer”. Belga de nascimento, se tornou brasileiro por adoção – naturalizou-se.  Nos variados obituários lamentando sua morte, em geral o foco se dá sobre sua relação com o cinema. Primeiro como crítico e ensaísta, depois como roteirista, diretor e ator (ou “performer”, como citaram). Um intelectual ativo, curioso e provocador.  Minha relação com Jean-Claude Bernardet não foi assim. Conheci-o por meio de um longo depoimento que ele deu à revista Piauí em 2019, comentando sua relação com o corpo doente. Na época em que o depoimento foi publicado, ...

Diário – leituras – Manual Prático de Mindfulness

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Este livro, como o nome diz, é um um manual para o aprendizado de mindfulness. Mindfulness tem sido traduzido como atenção plena. São técnicas de meditação, cujo intuito é aliviar o sofrimento psíquico e viver uma vida melhor.  Li a primeira parte, onde os autores explicam a técnica.  Acabei por encerrar prematuramente a leitura porque achei a primeira meditação excessivamente longa (39 minutos).  Troquei pelo livro Atenção Plena, escrito pelo mesmo Mark Williams e por Danny Penman. Quando der, devo registrar a leitura desse outro livro.  TEASDALE, John; WILLIAMS, Mark; SEGAL, Zindel. Manual Prático de Mindfulness. São Paulo: Pensamento, 2016. Tradução de Claudia Gerpe Duarte e Eduardo Gerpe Duarte. . . 18/06/2025, 15h, 15/07/2025.

8 a 10 de julho de 2025, como se fosse um Rubempalooza

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Ou talvez um Santassedepalooza. O importante é que foram três eventos em três dias seguidos na semana, promovidos pela Oficina Literária Santa Sede, e eu estive nos três. E sabe como é, virou modinha atribuir o nome daquele festival de música a qualquer evento com duração de alguns dias. Tudo isso no Mosaico Cultural, ali na Cidade Baixa, na Octávio Correa, 39 Na terça-feira, 8, houve o sarau de apresentação dos cronistas que participam da chamada Safra 2025 que gerará um livro a ser lançado lá pelo final de outubro ou início de novembro. Os novos cronistas são Adriane C. Silveira; Anne Calfruni; Bernadete Saidelles; Dóris B. Almeida; Kerwin Weizemann; Márcio Koehn; Milton Turik; Milton L. Wainberg; Roberta Lorini. Noite de Mosaico Cultural cheio. Na quarta-feira, 9, eu estive para o encontro regular da masterclass, ou master class, Intromissivas, em homenagem a Otto Lara Resende. Essa masterclass também vai gerar um livro, que também deve ser lançado lá por final de outubro ou in...

Diário – show – Os Paralamas do Sucesso, 40 Anos

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Dia 28 de junho passado, eu estive no Auditório Araújo Vianna, aqui em Porto Alegre, para assistir ao show dos Paralamas do Sucesso, celebrando seus 40 anos de carreira. E de sucessos.  Fora do auditório era uma noite fria e chuvosa em Porto Alegre. Dentro do Araújo o show foi quente.  Após alguns minutos de atraso, e um aparente problema técnico, que foi superado, o espetáculo de fato iniciou por volta de 21:30 (a previsão era 21 horas). Depois de algumas reproduções musicais eletrônicas, a voz de Herbert Vianna iniciou cantando Vital e sua moto. Como provavelmente deveria ser a abertura.  E a partir daí foi um espetáculo celebração com as canções desses quarenta anos de carreira. Meus destaques: Lourinha bombril; Trac-Trac, versão dos Paralamas para a canção de Fito Páez; O Calibre, que ouvi tantas vezes no streaming enquanto aguardava a data do show; Ela disse adeus, mostrando no telão o clipe feito na época do lançamento da música, com todos eles mais jovens e o prota...

Diário – leituras – Nunca fomos santos: Santa Sede 15, safra 2023

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Nunca fomos santos, como diz o título completo é o 15º livro safras das oficinas de crônicas da Oficina Literária Santa Sede. Gerado a partir de uma oficina literária de crônicas, é um livro de crônicas. Crônicas, crônicas, crônicas. Decidi por lê-lo porque alguns dos autores se tornaram meus colegas em outras oficinas. É o caso de Nelson Ribas, Andréa Aquino Ferreira e Silvio Sibemberg.  Há também a peculiaridade de eu ter participado como convidado neste livro, por conta de um oficineiro que desistiu com o projeto em andamento. Mas obviamente eu não vou ler um livro apenas porque colaborei com ele.  Acho que, para quem puder, é um livro que vale a pena. Como todo livro de crônicas, vai-se lendo aos poucos.  PENZ, Rubem (Org.). Nunca fomos santos: Santa Sede 15, safra 2023. Porto Alegre: Santa Sede, 2023. . . 18/06/2025, 15/07/2025.

Sobre pênis, vaginas e talento literário

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Primeiramente a gente começa advertindo que assuntos delicados precisam de explicações e prevenções. Este texto é escrito por um homem velho, cis e heterossexual. Assim esse será o ponto de vista aqui. Esse texto contém palavras chulas. Assim, tirem as crianças da sala. Ou evitem mostrar esse texto a elas. Ou, no limite, só mostrem com supervisão e explicação. Por fim, pênis aparece antes de vagina no título por conta da ordem alfabética. Após as advertências e explicações iniciais, seguimos.  Possivelmente tudo comece com uma crônica antiga da Tati Bernardi chamada Colocando a vagina na mesa , onde, em uma série de expressões, ela troca a palavra pau pela palavra vagina. Assim na crônica temos que “Vagina chutou a vagina da barraca e colocou a vagina na mesa”.  Pois é. Nessas expressões todas pau é tanto um pedaço de madeira quanto uma metáfora do órgão sexual masculino, o pênis. E uma questão no texto de Tati Bernardi é que vagina é praticamente um termo científico. Em relaç...