LFV (1936-2025)
Desde a madrugada de sábado, 30 de agosto, o Brasil ficou um pouco mais triste. Pelo menos para aquela parte que apreciava o humor discreto do escritor Luis Fernando Verissimo. Ele nos deixou naquela madrugada após um relativamente longo ciclo de problemas de saúde, especialmente uma pneumonia e um AVC acontecidos há alguns anos.
Filho de Erico Verissimo, que é talvez o maior escritor sul riograndense de todos os tempos, Luis Fernando se tornou um autor com estilo próprio, diferente do pai. Ambos populares, cada qual a seu modo.
Os obituários tendem a ressaltar um homem econômico ao falar, e essa parece que foi uma característica que Luis Fernando Verissimo fez questão de cultivar.
E as memórias e recordações de amigos e colegas partem dos inícios da carreira. Ele foi colega de redação de muita gente. E trabalhou incansavelmente nessas redações.
Meu período de maior leitor de LFV é dos tempos em que eu costumava ler o jornal Zero Hora impresso. Tempos pré-internet. São os tempos do Analista de Bagé, de Dora Avante, das Cobras, da Família Brasil. Tempos das crônicas com críticas a Figueiredo, Sarney, Collor e FHC. Curiosamente não lembro de LFV fazendo críticas a políticos regionais do Rio Grande do Sul. Não sei se não aconteceu, ou eu que não percebi.
Coincidentemente, à medida em que comecei a acompanhar mais o noticiário pela internet, meio que me desconectei de Luis Fernando Verissimo. Eu continuava a admirá-lo, mas já não o lia. Ou, pelo menos, o lia menos.
Faz uns anos me juntei à patota da Oficina Santa Sede, do Rubem Penz. Na década passada a Oficina lançou uma obra em homenagem a LFV, baseando textos nas Cobras. Verissimo esteve presente durante a criação do livro. A presença dele foi uma autêntica teofania para alguns dos participantes. E a morte dele foi especialmente lamentada por esses. Infelizmente eu não participei desse projeto.
Quando eu comentava com meu Filho a morte do autor das Crônicas da Vida Privada, e a lamentávamos, ele, meu filho, me revelou que Luis Fernando Verissimo foi fundamental para que ele passasse a desfrutar o prazer da leitura. Muito mais que José de Alencar, por exemplo. Que bom!
Se vai Luis Fernando, mas creio que deixa um legado que fica.
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A imagem de Luis Fernando Verissimo foi copiada do blogue do Emilio Pacheco. É uma postagem que comentava os então 80 anos completados de LFV. Se tivesse chegado a 2026, seriam 90.
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31/08/2025, 01/09/2025.
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