Diário – leituras – On the road, Pé na Estrada – Fim de leitura


Já se vão alguns dias desde que, afinal, terminei de ler On the road, ou Pé na estrada; o clássico livro da  geração beatnik estadunidense, traduzido ao português brasileiro por Eduardo Bueno. 

Antes, há relativamente pouco tempo, eu havia escrito um comentário sobre opções de tradução

Agora, terminada a leitura, dá para escrever esse breve registro, como costumo fazer de uns tempos para cá.

On the road, escrito nos anos 1950, narra as aventuras, chamemo-las aventuras, de Sal Paradise, um candidato a escritor e Dean Moriarty, seu amigo, por quem Sal tem certa veneração. As histórias narradas no livro acontecem no final dos anos 1940. Sal e Dean passam a maior parte da narrativa cruzando os Estados Unidos de leste a oeste, e vice-versa. As principais cidades, pontos de partida e chegada costumam ser Nova York e San Francisco, ou San Francisco e Nova York. Outra cidade bastante citada no livro é Denver. Também há passagens por Chicago e Nova Orleans. Várias outras cidades são mencionadas, mas, em geral, como locais por onde os protagonistas passam. Essas viagens são feitas em ônibus, trens, e, principalmente, automóveis. Era um tempo de florescimento da indústria automobilística após o fim da Segunda Guerra, e de gasolina relativamente barata. 

Vez por outra leio que o período de ouro do capitalismo para os trabalhadores se deu entre o final da Segunda Guerra Mundial e o início da década de 1970, com pleno emprego e crescimento de salários. Bem, as histórias narradas neste livro demonstram que nem todo mundo participou dessa prosperidade. Ou talvez possamos dizer que nem todo mundo se conformou a essa prosperidade. 

Dean Moriarty me parece uma espécie de louco, ou no mínimo, inconsequente. Sal Paradise o vê como uma espécie de santo. E essa é a tensão do livro. Um livro, que mesmo que eu dissesse como termina, isso pouco importaria, porque é um caso certo de uma obra que o mais importante é ler o que acontece enquanto está sendo narrado. Mais ou menos como as andanças dos personagens. Pouco importa o destino, o que importa é o que acontece na viagem. Lá iam eles com pouco dinheiro, em busca da estrada, sexo, drogas e jazz. 

Além da obra de Jack Kerouac, o livro ainda tem introdução e posfácio do tradutor Eduardo Bueno. Acabam sendo tutoriais para o livro. A introdução fala sobre o contexto em que o livro foi produzido e um tanto do autor, Jack Kerouac. O posfácio faz um inventário de como Eduardo Bueno descobriu o livro e resolveu traduzi-lo, e de como essa tradução se tornou um sucesso de vendas no Brasil desde os agora quase longínquos anos 1980.

Eu gostei do livro. Talvez eu tenha achado em alguns momentos que Kerouac abusou de adjetivos, mas o livro já tem quase oitenta anos de publicado. Não há o que fazer com a minha opinião sobre excesso de adjetivos. 

Eu gostei do livro. Em relação a mim mesmo, uma ressalva é que eu deveria tê-lo lido quando eu era mais jovem. Não fiz isso. E é outra coisa que não há o que fazer para consertar. 


KEROUAC, Jack. On the road (Pé na Estrada). Porto Alegre: L&PM, 2008. Tradução de Eduardo Bueno.

KEROUAC, Jack. On the road . New York: Penguin Books, 1999.


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31/08/2025, 02/09/2025.

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