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Mostrando postagens de agosto, 2024

Algumas ruínas do antigo país do futuro

Caro mestre, Acho que a notícia que mais me impactou esta semana foi que já em 2027 o Rio Grande do Sul começará a declinar a sua população. Para o Brasil isso deverá acontecer em 2070 segundo as atuais condições de temperatura e pressão.  O Rio Grande está na vanguarda do encolhimento da população junto com Alagoas. As razões desses dois estados são distintas. No caso do Rio Grande do Sul, há o envelhecimento da população e a baixa natalidade. Sobre Alagoas pesam a menor expectativa de vida ao nascer e a ampla emigração.  Já faz algum tempo que demógrafos e, muito especialmente, economistas vêm chamando a atenção para essa questão da chamada transição demográfica. Nos primeiros anos deste século XXI alguns desses especialistas falavam que era necessário aproveitar algo chamado bônus demográfico para que o país enriquecesse mais para fazer frente às despesas que adviriam do posterior envelhecimento populacional.  Bem, cá estamos ficando velhos antes de ficarmos “ricos”. De fato, acho q

Sarau Virtual da Masterclass Virtual Santa Sede 2024 - homenagem a Cecília Meirelles

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Na quinta-feira, 15 de agosto de 2024, aconteceu o sarau virtual da masterclass virtual 2024 da Oficina Santa Sede – Crônicas de Botequim.  Desde a pandemia têm acontecido versões virtuais da oficina. Uma improvisação emergencial que se tornou um novo método. Isso tem permitido aos cronistas participarem independentemente do local em que estejam. Há mesmo pessoas de Porto Alegre – digamos, a sede da Oficina, e onde se realizam reuniões presenciais – participando virtualmente. Esse ano há a homenagem a Cecília Meirelles nas duas versões, presencial e virtual. Serão dois livros lançados em homenagem àquela que é mais conhecida como poeta.  Como aconteceu com o sarau da safra 2024 de novos cronistas , o mestre de cerimônias e organizador da oficina teve que se virar para gerenciar as apresentações de vídeos pré-gravados. Os problemas técnicos passaram pelo som, e pelo vídeo da cronista Eugênia Câmara, que havia sido recebido e testado, mas na hora de ir ao ar falhou (ah, a informática que

O inevitável Sílvio Santos

Neste sábado, 17 de agosto de 2024, morreu Silvio Santos. Escribas mais espirituosos dirão que morreu Senor Abravanel porque Silvio Santos continuará vivendo nos corações de seus fãs ainda por muito tempo. Embora o conceito de “muito tempo” possa ser relativizado.  O presidente da república declarou luto nacional de três dias. Inúmeras personalidades se manifestaram lamentando o falecimento.  Sim, o homem era um gigante da televisão brasileira. Esteve no ar por mais de cinquenta anos. Primeiro aos domingos, depois em outros dias da semana, desde que adquiriu sua própria rede de televisão.  Silvio Santos estava na TV desde que me dou por gente. Posso pensar nas tecnologias televisivas. Na primeira televisão que houve lá em casa, em preto e branco, lá estava Silvio Santos aos domingos. No primeiro aparelho com imagens coloridas, lá estava ele. Na primeira televisão de tela plana, Silvio continuava lá. Animando auditórios, dirigindo gincanas, acolhendo (ou não) calouros.  E obviamente tod

Lançamento do álbum Reverso de Antonio Xavier e Rubem Penz

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Quarta-feira passada, 14 de agosto de 2024, à noite, houve o lançamento do álbum Reverso, no Espaço 373, que é um bar ou pub que funciona como um jazz club, na Rua Comendador Coruja, 373. Foi bem um lançamento para parentes, amigos e convidados, porque o álbum já estava disponível nos sistemas de streaming na internet. E, bem, os parentes, amigos e convidados compareceram porque o estabelecimento estava cheio.  O álbum é uma bela peça de MPB, que foi sendo produzido pelo duo Antonio Xavier e Rubem Penz ao longo de cerca de vinte anos. Vários artistas participaram de sua produção. É uma pena que as gravações não tenham sido registradas como Marisa Monte fez com seu álbum Portas. Eu gostaria em especial de ver a gravação da canção Bailarina.  A apresentação no Espaço 373 começou com um bate papo mediado por Ayres Potthoff, com Xavier e Penz. Após o bate papo houve um pocket (“poquete”? Me lembro do francês poche) show, em que além dos autores do álbum, no violão (Antonio) e bateria (Rube

Diário – leituras – Surrender

Recentemente terminei de ler o livro Surrender, que adquiri no final de 2022. Lançamento na época. Se trata de um livro de memórias de Bono, nascido Paul David Hewson, o vocalista da banda de pop rock irlandesa U2. Neste caso, Bono nos mostra flashes de sua vida, e da banda, através de quarenta canções que dão títulos aos capítulos. É um formato interessante porque o título das canções evoca essas canções na cabeça de um fã como eu. Pelo menos as que eu gostava e conhecia. Sim porque eu comecei a me interessar pelo U2 através do disco The Joshua Tree, no final dos anos 1980. Foi realmente uma época em que eles estouraram mundialmente. Mas os primeiros capítulos recebem títulos de canções de antes de The Joshua Tree. A carreira da banda começa no final dos anos 1970. São títulos de capítulos do livro músicas do primeiro álbum, Three, de 1979. Ou de October, de 1981. Ou de Boy, de 1983. The Joshua Tree é de 1987 e eu devo tê-lo conhecido por 1988 ou 1989. Graças aos serviços de streaming

Sarau virtual Santa Sede Safra Virtual 2024

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Segunda-feira passada, 12 de agosto de 2024, aconteceu o sarau virtual da safra virtual 2024 da Oficina Santa Sede – Crônicas de Botequim. O modelo virtual, isto é, por teleconferência, tem permitido que pessoas do Brasil todo, ou até de fora do Brasil, possam participar dessa formação.  Como de costume, os nove cronistas da safra leram nove crônicas em vídeos que foram enviados previamente e colocados no ar no momento devido. Houve cronistas mais poéticos e outros mais contidos. Os vídeos também foram ou mais simples ou mais sofisticados.  Houve problemas técnicos, como falhas no som em um vídeo ou outro. E o equipamento causou alguma atrapalhação ao mestre de cerimônias, e coordenador da oficina, Rubem Penz, mas nada que prejudicasse ao extremo o evento. Ao vivo sempre vai surgir alguma dificuldade.  No momento de máxima participação, acredito que cerca de quarenta pessoas participavam dessa live.  Aliás, falando em live, me senti um pouco como se estivesse em 2020 onde só podíamos n

Refletindo sobre algumas figuras públicas que nos deixaram em julho e agosto de 2024

Mais gente faleceu, e mais gente a gente sente falta, ou percebe o falecimento. Eis alguns que nos deixaram nas últimas semanas.  Xicão Tofani  era um jornalista, que era conhecido como colunista social televisivo e figura boêmia na noite porto-alegrense. No início de julho teve um infarto ao qual não resistiu.  Caçulinha  era um músico instrumentista conhecido no Brasil, e passou a ser ainda mais conhecido ao participar por vários anos do programa Domingão do Faustão na televisão nas tardes de domingo. Também um infarto o levou neste início de agosto. O músico estava com 86 anos.  Adílio  era jogador do Flamengo. Jogou com Zico e Júnior, e fez parte da equipe que foi multicampeã nos anos 1980. Morreu em decorrência de câncer no pâncreas. Tinha 68 anos.  Delfim Netto  foi ministro de estado e deputado federal entre outras atividades. Era o último sobrevivente da reunião ministerial de dezembro de 1968 que marcou a decretação do AI-5, isto é, da ditadura escancarada, conforme o título d

Os inevitáveis Jogos Olímpicos de Verão de 2024 (II)

Estou escrevendo no sábado, 10 de agosto de 2024, véspera do encerramento dos Jogos Olímpicos de Verão de 2024, realizados em Paris. A delegação brasileira terminou os jogos com vinte medalhas, três de ouro, sete de prata e dez de bronze, o que nos deixa por volta da vigésima colocação entre as nações (falo por volta porque ainda haverá competições até amanhã, nas quais o Brasil não participará, segundo o noticiário).  Parece-me um bom resultado.  E para mim é um bom resultado mesmo. A primeira Olimpíada de que me lembro, foram os jogos de Montreal, no Canadá, em 1976. Lembro do noticiário falando em segurança reforçada por causa do atentado contra atletas israelenses nos jogos anteriores, em Munique, Alemanha, em 1972. Eu não lembro nada de 1972, eu tinha cinco anos de idade.  Em 1976, na minha cabeça, havia a expectativa de que João Carlos Oliveira, conhecido como João do Pulo na época, vencesse a competição atlética do salto triplo. Ele havia sido recordista na modalidade nos Jogos

Diário – leituras – Ainda que a terra se abra

Recentemente terminei de ler o livro Ainda que a terra se abra, de Rodrigo Ungaretti Tavares. É uma nova versão de um enredo clássico: o da morte de uma pessoa que causa um retorno de um herdeiro para um ajuste de contas com o passado.  No caso se trata de Martín, que precisa deixar temporariamente sua vida como advogado e acadêmico em Brasília para voltar à sua São Francisco do Sul natal por conta da morte de seu pai Aramis. Lá reencontra Bibiana, sua irmã.  São Francisco do Sul é uma cidade fictícia (embora haja uma cidade real homônima em Santa Catarina), virtualmente localizada na campanha, próxima da fronteira com o Uruguai. Pode ser baseada, por exemplo, na Bagé natal do autor.  Nesse ajuste de contas, que é afinal a história que está sendo contada, os personagens vão relembrar o passado, explorar as saudades e, claro, lidar com traumas, e nisso o romance é bem construído.  Além disso, o autor faz descrições interessantes da região da Campanha, no caso pela visão dos latifundiári

Um substituto chinês

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Pai, No próximo domingo, 11 de agosto de 2024, será dia dos pais. É um momento para pensar em ti.  Sim, sou pai. Sim tive um “pai na lei” como dizem os anglófonos, isto é, meu sogro. E tive esse privilégio de ter tido um pai que me acompanhou até o fim de sua vida. De fato, foi por pouco tempo. Dos cerca de 23 anos em que estivemos juntos sobre esse planeta, os meus primeiros cinco, são de não lembranças. Dos seis aos doze, são as lembranças esparsas de ti indo dormir muito cedo, e depois acordando muito cedo. Ias dormir antes de mim, e levantavas para trabalhar antes que eu me acordasse.  Então, entre os meus doze e quatorze anos parece que foi o período em que acompanhei mais teus gestos com os relógios. Aqueles que relatei no outro texto . O ato de dar corda no relógio Technos todas as noites. Eventualmente nos meses com menos de 31 dias, ter que girar os ponteiros do relógio para ajustar o dia (o velho Technos não tem ajuste apenas para o calendário). O ato de dar corda no desperta