Feliz 2020


Então passou o Carnaval. 

Seguiu a data do Calendário Católico em um país que é cada vez menos católico. Mas o homem não se vestiu de mulher, nem a mulher de homem; o rico não se fez de pobre, nem o miserável se fingiu de nobre. As escolas de samba não desfilaram, nem os blocos puxaram multidões nas ruas. 

É comum dizer que no Brasil o ano só começa depois do Carnaval. Eu não sei bem a quem se aplica isso, mas passemos. 

Não nos enganemos. Como temíamos que acontecesse na Noite de Ano Novo, o ano não começou. Não estamos em 2021. Continuamos em 2020, com a peste que gerou uma crise sanitária e um cortejo fúnebre mundial. 

Um cortejo fúnebre com caráter especial para o Brasil, já que quem deveria liderar o combate à peste, na prática agiu para propagá-la. 

Continuamos no ano passado, pois. 

Mas o ano nem foi de todo ruim. 

Eu não fiquei doente. Até agora tenho sobrevivido. 

Pessoas das minhas relações foram contaminados. Passaram por sofrimento, ficaram com sequelas, mas sobreviveram. 

Foi um ano de leituras. Podia ser um ano de séries, mas como meu trabalho me exige ficar ligado a uma tela quase o tempo todo, no lazer procuro diminuir meu tempo de exposição às telas.

Li O Tempo e o Vento. Houve paciência para ler a obra-prima de Érico Veríssimo, em uma versão com três volumes da Companhia das Letras. Para além de Ana Terra e do Capitão Rodrigo, fiquei impressionado com o doutor Rodrigo Terra Cambará. De tal modo que se Santa Fé existisse além dos livros de Érico, eu acho que iria lá tentar encontrar seus descendentes, que já deveriam ser os netos e bisnetos de Floriano, Jango e Eduardo. 

Pela rede de computadores foi possível manter algum contato com os amigos, fosse pelos aplicativos de mensagens instantâneas, fosse pelos de reuniões virtuais. 

Apesar de economizar tela no lazer, acompanhei algumas "lives". Com especial interesse as do Milton Nascimento. 

Pelos aplicativos de mensagens, fui apresentado ao diário do confinamento do Edgar Aristimunho. Já são mais de 300 dias, e segue contando. Provavelmente vai dar livro. Tomara que estejamos todos bem para vê-lo, quando a peste passar. 

Também pela rede pude acompanhar a obra cronística da Maria Avelino Gastal. Suas crônicas foram uma companhia inescapável neste ano da peste. Se juntar, também vai dar livro. 

A Avelina também se tornou minha única leitora neste ano. Explico: acho que não foi a única, mas a que mais tem dado retorno e incentivo para que eu continue escrevendo. Realmente um grande empurrão para seguir adiante. 

As crônicas do Rubem Penz eu acompanho desde 2016, e segui acompanhando. 

E houve o projeto Projetando Poesia da Ana Mello, que projetou poetrix na empena de um prédio entre a Azenha e o Menino Deus. 

E outros há. Outros projetos de amigos e amigas, escritore(a)s e poetas. Humano que sou, tento acompanhar na medida do possível. 

Meu blogue passou de mil postagens. 

Pude dizer algo positivo de 2020. 

Espero ansiosamente que 2021 comece. 


19/02/2021. 

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