Nossa memória e nós na história


Na tarde do dia 17 de abril de 2016, à tarde, eu fui à Praça Marechal Deodoro, mais conhecida como Praça da Matriz, aqui no centro de Porto Alegre. Era um dia quente de outono. Tão quente que parecia verão. Naquele dia, a Câmara dos Deputados, presidida por Eduardo Cunha, iria votar a aceitação do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Ali se reuniram os manifestante contra o impeachment. No Parque Moinhos de Vento, o Parcão, se reuniram os manifestantes a favor. Em maior número, segundo o noticiário. A maioria das pessoas deve ter acompanhado de suas casas, pela televisão.

escrevi sobre isso

Com alguma frequência temos pontos em que, com mais ou com menos precisão, a história nos invade, e mexe com nossas memórias. 

Outro exemplo, na manhã de 11 de setembro de 2001, eu estava no meu trabalho, em uma reunião, cujo assunto agora me foge. A irmã da chefe, ligou dizendo que um avião havia se chocado com o World Trade Center. Achamos estranho, mas a reunião continuou. Mais alguns minutos, e essa irmã ligou de novo, para dizer que outro avião havia se chocado com o World Trade Center. Isso já não era acidente, nem coincidência. A reunião terminou, e todos ficamos ligados à internet, que então ainda era uma tecnologia relativamente nova para nós. Sob tensão, quando chegou o horário, fomos almoçar, nos questionando o que significaria aquilo. O fim do mundo? Uma guerra mundial? Quem viveu aquele dia, há de sempre lembrar as circunstâncias em que acompanhou o evento.

Por volta de 2002 ou 2003, comecei a ler notícias sobre SARS, ou gripe aviária, como também era conhecida. Uma gripe surgida na China, que estava fazendo vítimas fatais por lá. Acho que foi então que tomei a decisão de anualmente tomar vacinas contra a gripe. 

E em 2009 houve a gripe A, ou H1N1, ou ainda gripe suína, como se falou na época. Outra gripe que marcou época. Chegando a causar o fechamento de algumas poucas escolas no Rio Grande do Sul. 

Há eventos que ficam na memória de nossos conhecidos ou familiares. 

Tive um professor que falava do dia 22 de novembro de 1963. Dia do assassinato de John Kennedy. Ele falava que quem viveu aquele dia, se lembra do que fazia quando saiu a notícia. Quando houve o 11 de setembro de 2001 me lembrei desse professor.
Na memória da família, havia o dia do suicídio de Getúlio Vargas, 24 de agosto de 1954. Algo que acontecera antes de eu ter nascido, mas ouvi de meu pai e de minha irmã.

E agora, escrevendo, me dou conta que eventos, digamos políticos, tem momentos mais precisos que emergências sanitárias.

Na nossa memória ficará o ano de 2020, o ano em que uma peste de nome difícil, a SARS-COV-2, causada pelo Covid-19, um coronavírus, chegou a a nós e maneira avassaladora e rápida, vinda do extremo oriente, nos assustando a todos, nos fazendo ficar trancados em nossas casas, nós os que podemos fazer isso. Sempre fomos precavidos com doenças, mas acho que nenhum de nós imaginava que passaríamos o que estamos passando. 

Acontecimentos que ficarão na história. 


07/04/2020.

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