Várias vezes Fernanda Torres


Em 5 de janeiro deste ano, Fernanda Torres venceu o Globo de Ouro 2025 na categoria de atriz de filme de drama. 

No dia 6 de janeiro só se falava do Globo de Ouro para Fernanda Torres na minha linha de tempo da antiga rede social do passarinho azul. 

No dia 7 de janeiro só se falava do Globo de Ouro para Fernanda Torres na minha linha de tempo da antiga rede social do passarinho azul. 

No dia 8 de janeiro só se falava do Globo de Ouro para Fernanda Torres na minha linha de tempo da antiga rede social do passarinho azul. 

Talvez eu não devesse frequentar tanto a antiga rede social do passarinho azul, que virou uma letra, muitas vezes associada à matemática, haja visto quem se tornou dono dessa rede, e no que esse novo dono a tornou, mas paciência. Por dias só se falava noutra coisa, parodiando o Guri de Uruguaiana. Só se falava em Fernanda Torres. 

Em 1986 Fernanda Torres me nocateou. Venceu a Palma de Ouro para atriz principal pelo filme Eu sei que vou te amar, dirigido por Arnaldo Jabor. A primeira e. que eu me lembre, a única vez em que uma atriz brasileira venceu esse prêmio. E minha então jovem sensibilidade conservadora ficou chocada com aquele drama obsessivo sobre amor, romance e sexo. Por outro lado, por conta do prêmio, lembro de uma uma revista de notícias na época declarar que Fernanda Montenegro havia se tornado a mãe da grande atriz Fernanda Torres. Antes disso, Fernanda Torres era conhecida como a filha da Fernanda Montenegro.

No mesmo ano de 1986 ela trabalhou na então nova versão da telenovela Selva de Pedra. Mas disso eu não lembro muito bem. Só lembro de Rock and Roll Lullaby.

Não sei exatamente quando ela começou a escrever textos para jornais. Em geral ela escrevia / escreve crônicas enfocando aspectos do Rio de Janeiro e do Brasil. Sei que me tornei fã de seus textos e sinto falta deles em maior quantidade. De fato, de uns tempos para cá, não os encontro mais. É uma pena. 

Na segunda década deste século Fernanda Torres lançou um romance chamado O Fim. Uma curiosa obra.  Um livro que achei solar, basicamente sobre a velhice e a morte de homens que passaram sua juventude e idade adulta na Cidade Maravilhosa que perdia muitos dos seus encantos à medida que Brasília ia mais e mais assumindo o papel de Capital Federal do país. Apesar de falar de velhice e morte, Fernanda Torres narra os destinos de seus personagens com leveza e galhardia. 

Fernanda Torres é muito maior do que este texto. O que narro aqui são apenas pequenos detalhes de como sua arte me tocou. 

Em 5 de janeiro deste ano, Fernanda Torres venceu o Globo de Ouro 2025 para atriz de filme de drama. A partir do dia seguinte só se falava nisso na antiga rede do passarinho azul. Fiquei comovido. Fiquei comovido como eu ficara, por exemplo, quando as meninas do Brasil ganharam a medalha de bronze por equipes na ginástica artística nos Jogos Olímpicos de Paris no ano passado. Momentos assim me lembram a canção daquele bardo que nos deixou tão cedo. Começa com “Vamos celebrar a estupidez humana / A estupidez de todas as nações / O meu país e sua corja de assassinos / Covardes, estupradores e ladrões”; e lá pelas tantas diz “Vamos celebrar nossa bandeira / Nosso passado de absurdos gloriosos / Tudo o que é gratuito e feio / Tudo que é normal / Vamos cantar juntos o Hino Nacional / A lágrima é verdadeira / Vamos celebrar nossa saudade / E comemorar a nossa solidão”.

Salve, Fernanda Torres! Bendita sejas! 


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Foto de Robyn Beck para a AFP reproduzida na Folha de São Paulo

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20, 21/01/2025.

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