Ainda o Salgado Filho e a inundação
Eu moro na Vila Ipiranga, na zona norte de Porto Alegre. Daqui é muito fácil avistar os aviões decolando e se preparando para pousar no Aeroporto Salgado Filho. Também é relativamente curto o trajeto daqui até o aeródromo, pouco mais de seis quilômetros. Quinze minutos de carro. Ou uma hora e meia a pé, para quem estiver disposto. Se fosse possível atalhar pelo pátio do Salgado Filho a pé, essa distância cairia para uns quatro quilômetros até o terminal, uma horinha de caminhada.
Desde que passei a morar na Vila Ipiranga eu me acostumei com o ruído dos aviões, e também a avistá-los quando caminho pelo bairro. Eram parte da paisagem, por assim dizer.
Ao longo da vida tenho tido fases com o Salgado Filho. Basicamente duas. Ou três. Explico. Duas: primeiro a fase que eu via o aeroporto, o visitava, e não viajava de avião. Houve a época do terminal antigo, que tornava o aeródromo um campo de pouso, quando passageiros que embarcavam ou chegavam tinham que caminhar pela pista. Depois o novo e moderno terminal, com seus “fingers” para acessar as aeronaves.
A segunda fase foi quando comecei a realizar viagens aéreas. Isso começou em 2008. Foram umas três viagens até 2011, quando houve um hiato e parei de viajar de avião. Por isso que falo em duas ou três. Voltei a voar no ano passado.
E tinha viagem marcada para maio passado. E no início de maio veio a inundação. E com a inundação o Salgado Filho foi alagado, fechado. No meu caso, felizmente a companhia aérea transferiu a partida para Florianópolis e pude viajar. No retorno pousei em Caxias do Sul.
Por cinco longos meses o aeroporto de Porto Alegre ficou fechado. Não foi possível ouvir o ronco dos motores dos aviões, nem vê-los em suas decolagens e aproximações para pouso.
Recente estudo publicado demonstrou que o Salgado Filho foi inundado por deficiência na manutenção no sistema de proteção contra cheias em Porto Alegre. Lamentável falha de nossas autoridades, em especial do alcaide de Porto Alegre, creio.
Na segunda metade de outubro, o aeroporto voltou a receber pousos e decolagens. Pude voltar a ver os aviões decolando e se aproximando do Salgado Filho. Isso tem novo significado. Antes eu nunca imaginei que pudesse deixar de vê-los.
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15/12/2024, 07/01/2025.
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