Em uma semana aviação e eleição – o Aeroporto Salgado Filho e o prefeito
Recente reportagem do periódico eletrônico Matinal comentava das desventuras em série enfrentadas pelo Mercado Público de Porto Alegre. Nos últimos pouco mais de dez anos: um incêndio em 2013; a pandemia de covid-19 em 2020, 2021; por fim, a inundação de 2024.
Cada catástrofe, na sua escala, é um marco na história recente da cidade de Porto Alegre. O incêndio afetou parte dos lojistas do Mercado e seus clientes mais fiéis. A pandemia parou o mundo. A inundação paralisou Porto Alegre por semanas.
A inundação paralisou Porto Alegre por semanas. Talvez um terço do território da cidade ficou inundado, inclusive boa parte de sua área central. As águas alcançaram o Aeroporto Internacional Salgado Filho que teve suspender suas atividades por meses. Foram dias em que o único meio para entrar e sair da cidade foi a rodovia RS 040 que liga Porto Alegre a Viamão e parte do litoral norte do estado. Foram dias sem fornecimento de água e energia elétrica em boa parte da cidade.
Em minha opinião, a catástrofe foi ajudada pela omissão do poder público, no caso o prefeito, em fazer manutenções que haviam se mostrado necessárias na quase catástrofe que ocorreu em setembro de 2023. Na primavera do ano passado o sistema de prevenção contra enchentes protegeu Porto Alegre, mas mostrou problemas que precisavam ser corrigidos, em especial a vedação de comportas na zona norte ao longo do Cais Navegantes. Depois se soube também que uma casa de bombas no Centro Histórico tinha problemas desde 2018. Nessa catástrofe descobrimos que as casas de bombas servem para evitar que uma inundação invada a cidade pelo sistema de esgotos, como acabou ocorrendo no Centro.
Muita gente boa disse que choveu demais em todo estado entre o final de abril e o início de maio. Que mesmo que o sistema de prevenção de enchentes de Porto Alegre estivesse plenamente funcionando, a cidade seria inundada, e um sinal disso seria que as águas superaram os diques de proteção das vizinhas Canoas e São Leopoldo. Pode ser. Mas o que resta na minha mente é que era óbvio que meio ano antes, o sistema preventivo precisava de correções que não foram feitas. O prefeito se omitiu.
Cerca de um mês depois da inundação as águas refluíram.
Porto Alegre era como um vaso quebrado. Era necessário juntar os cacos e restaurar a cidade.
Aos poucos as pessoas afetadas, desalojadas, voltaram para suas casas. Foi um tempo de limpeza e reconstrução para os que podiam – infelizmente nem todos puderam retornar às suas casas. Dias de entulhos pelas calçadas, do fedor de lama e esgoto pelas ruas.
Em 21 de outubro de 2024 foi reaberto parcialmente o Aeroporto Salgado Filho para pousos e decolagens. Ele ficou totalmente fechado por cerca de dois meses. Em julho abriu para check-in e check-out de passageiros que usavam que provisória e emergencialmente a Base Aérea de Canoas para viajar. Fiquei contente. Um pouco emocionado. Eu que faço parte da pequena parcela de brasileiros que já pôde viajar de avião.
Foi mais um caco colado no vaso metafórico chamado Porto Alegre.
Neste domingo, 27 de outubro de 2024 (escrevo dia 26), é provável que o prefeito incumbente seja reeleito em segundo turno de votação. É o que indicam as pesquisas. Ele não foi reeleito em primeiro turno por poucos votos.
O que resta na minha mente é que a maioria dos eleitores porto-alegrenses premiarão a incompetência e a omissão.
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Foto de Gustavo Garbino – Prefeitura de Porto Alegre vista em Gazeta do Povo
Foto de Evandro Leal – Estadão Conteúdo vista em Jovem Pan
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20, 26, 29/10/2024.
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