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Mostrando postagens de outubro, 2024

Diário – leituras – Sol na parede

Na primeira quinzena de outubro terminei de ler o livro Sol na parede (o autor deu o título de “sol na parede”. Creio que são opções artísticas. Enfim) , coletânea de contos de Jorge Bledow. Bledow, além de escritor, é engenheiro e militar reformado.  Em geral os contos são ambientados em comunidades rurais, provável influência da infância e da adolescência do autor, nascido e criado na cidade de Três Passos, no norte do Rio Grande do Sul, não muito longe das fronteiras com a Argentina e com o estado vizinho de Santa Catarina.  Dentre esses contos há a questão de conhecer as plantas ao redor, como no conto salsaparrilha, que abre o livro. A questão das distâncias, e das aventuras, ou desventuras, que estas distâncias criam, aparece nos contos porquinho melado, em que um menino precisa levar um leitão ao vizinho; e sol na parede, o que dá nome ao livro, em que um rapaz precisa acompanhar o avô a uma festa de casamento. Há também no livro histórias fantásticas como é o caso dos contos ma

Em uma semana aviação e eleição – o Aeroporto Salgado Filho e o prefeito

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Recente reportagem do periódico eletrônico Matinal comentava das desventuras em série enfrentadas pelo Mercado Público de Porto Alegre . Nos últimos pouco mais de dez anos: um incêndio em 2013; a pandemia de covid-19 em 2020, 2021; por fim, a inundação de 2024.  Cada catástrofe, na sua escala, é um marco na história recente da cidade de Porto Alegre. O incêndio afetou parte dos lojistas do Mercado e seus clientes mais fiéis. A pandemia parou o mundo. A inundação paralisou Porto Alegre por semanas.  A inundação paralisou Porto Alegre por semanas. Talvez um terço do território da cidade ficou inundado, inclusive boa parte de sua área central. As águas alcançaram o Aeroporto Internacional Salgado Filho que teve suspender suas atividades por meses. Foram dias em que o único meio para entrar e sair da cidade foi a rodovia RS 040 que liga Porto Alegre a Viamão e parte do litoral norte do estado. Foram dias sem fornecimento de água e energia elétrica em boa parte da cidade.  Em minha opinião,

Lançamento do livro A Morte em Pleno Verão de Yukio Mishima com tradução de Andrei Cunha

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No sábado, 19 de outubro passado, estive na Livraria Taverna, que fica junto à Casa de Cultura Mário Quintana, no centro de Porto Alegre, para a sessão de autógrafos e lançamento do livro A Morte em Pleno Verão de Yukio Mishima. Mishima é um escritor japonês nascido em 1925 e falecido em 1970. Assim, essa sessão de autógrafos era para o tradutor, o professor Andrei Cunha. Antes dos autógrafos houve um bate-papo com o tradutor mediado por André Günther. Nesse bate-papo Andrei Cunha falou de seu envolvimento com a cultura japonesa e o tempo em que viveu e estudou no Japão. A conversa também versou bastante sobre a obra de Mishima, como era de se esperar.  Mas talvez o aspecto mais interessante tenha sido as explicações sobre a edição anterior de A Morte em Pleno Verão lançada no Brasil nos anos 1980. Segundo Cunha, aquela tradução havia sido feita a partir de outra tradução, a versão ao inglês, feitas por tradutores dos Estados Unidos e esses tradutores estadunidenses eram pessoas ligada

16 de outubro de 2024

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E a primavera sempre retorna. E então é outubro outra vez. E então o dia 16 chega e se mostra a você. E você se assusta.  É 16 de outubro de 2024. É aniversário da Siloni. Seriam os primeiros sessenta anos neste ano. Siloni não está mais entre nós, exceto, talvez em alguns de nossos corações.  O estranho foi a sensação de surpresa. De olhar para alguma tela, possivelmente algum celular, e lá estar a data: 16 de outubro.  Talvez eu devesse apenas publicar por mais um ano o texto Outubro antigamente era assim , mas não dessa vez.  Os sessenta anos de Siloni chegaram sem que eu percebesse. Pegaram-me de surpresa. E sessenta anos são, talvez, um sinal de plenitude. Pelo menos, talvez, segundo o horóscopo chinês. Segundo essa tradição, aos sessenta anos a pessoa já viveu o suficiente para passar pelos doze signos e pelos cinco elementos. Eu já falei sobre isso em um texto em que, de alguma maneira, felicitava alguém por completar… 61 anos! E como a Esfera Azul não para, sempre dá para relem

12 de outubro de 2024

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12 de outubro de 2024 caiu em um sábado. Em Porto Alegre foi um dia lindo, ensolarado e de temperatura agradável, como talvez um dia de primavera devesse ser. 12 de outubro é feriado no Brasil. Se celebra o Dia das Crianças e a Senhora de Aparecida.  Nesse dia, resolvi almoçar fora. Fui a um shopping aqui na Zona Norte. O mais antigo shopping grande de Porto Alegre, inaugurado há mais de quarenta anos, e continuamente ampliado e reformado desde então. Convenientemente moro perto. É possível ir a pé.  O shopping estava cheio. Filas para o estacionamento. A praça de alimentação norte lotada (agora há uma praça de alimentação sul, mas não fui conferi-la). Filas de espera nos restaurantes. Os corredores por onde muitas pessoas se deslocavam. Me lembrou o filme Cenas em um Shopping  , dos anos 1990. Só faltaram as filas para o cinema. Na minha cabeça o nome do filme era Cenas de um Shopping. Engraçado que somente agora, pensando nisso, me dei conta que o título e a temática remetem ao filme

Diário – leituras – Crônicas de viagem, 1

Este livro é o primeiro volume de uma seleção de crônicas de viagens escritas por Cecília Meireles para a imprensa, em meados do século XX. Segundo as datas informadas ao final de cada crônica, os textos foram escritos entre 1941 e 1952. É um período que coincide com a chamada era de ouro da crônica no Brasil, em que cronistas de destaque publicavam nos jornais da então Capital Federal, isto é, a cidade do Rio de Janeiro.  São dezenas de crônicas, relatando viagens para México, Estados Unidos, Uruguai, Argentina, Senegal, Espanha, Portugal e outros lugares.  Meireles tenta ser mais viajante que turista, mas, às vezes, cai no lugar comum desse tipo, o turista. Seu olhar muitas vezes mira o pitoresco. E, bem, ela é uma mulher do seu tempo, uma mulher relativamente rica, brasileira, que pode fazer viagens internacionais quando isso não era algo trivial, e muito menos gente se arriscava além fronteiras do que hoje. Carregava os preconceitos da elite intelectual a que pertencia.  São dezena

Cid Moreira se foi na primavera de 2024

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Em meados dos anos 1970 eu ainda era criança, mas me lembro vagamente de meu pai circunspecto quando da morte de Lupicínio Rodrigues, falecido em 1974, e da de Orlando Silva, em 1978. Acho que deveria ser pesado para o Velho ver irem-se seus ídolos de juventude. Meu pai constantemente cantava Nervos de Aço à capela.  Talvez a impressão que tive de peso e circunspecção tivesse a ver com o fato de o pai também estar entrando na velhice. Em 1974 ele tinha 58 anos. Fico pensando nisso quando percebo tanta gente ao meu redor morrendo, e, em geral, por velhice ou enfermidades relacionadas à velhice.  Acho que o caso mais recente foi o do jornalista Cid Moreira. Durante boa parte da minha infância e adolescência eu via Cid Moreira lendo notícias no Jornal Nacional, na Rede Globo. Ao final de cada edição vinha o seu (da parte dele) “boa noite”. Conheci gente que respondia boa noite a ele. E alguém que nos marca nessa tenra idade, marca para sempre.  A nossa memória sempre perde em exatidão as

A próclise

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“Te amo prá sempre Te amo demais Até daqui a pouco Até nunca mais” George Israel e Paula Toller Te amo! Te odeio! Me sinto indiferente em relação a ti.  Me emociono. Às vezes, não muito.  Me sinto confuso. Me sinto com raiva. Em especial quando o corretor ortográfico do editor de texto me diz que não se inicia períodos com próclise.   . Imagem gerada através do ImageFX . 22/09/2024, 01/10/2024.