Refletindo sobre algumas figuras públicas que nos deixaram no primeiro quadrimestre de 2024


Os sete ou oito leitores que acompanham o que escrevo sabem que tenho certa fixação sobre pessoas com alguma influência, pessoas públicas em algum sentido, e que partiram. Como alguém já brincou, sou aquele que lê obituários, e, mais que isso, escreve obituários para pessoas queridas que nos deixam.

Neste ano de 2024, em que abril vai terminando, mais algumas pessoas que de alguma maneira me marcaram morreram. Comento sobre elas a seguir.

Samuel Pinheiro Guimarães foi diplomata. Era um homem nacionalista e patriota. Por conta disso foi associado a esquerdismo e socialismo, e ainda por conta disso, meio que ficou na geladeira do Ministério das Relações Exteriores no governo FHC. Como era um intelectual combativo, escrevia artigos criticando o que via de errado na diplomacia brasileira e nas relações políticas mundiais. Tinha 84 anos. Faleceu no final de janeiro. 

Wilson Fittipaldi talvez seja mais conhecido como o irmão do Emerson, Emerson que foi o primeiro piloto brasileiro campeão da Fórmula 1 de automobilismo. Quando eu era criança, a gente ouvia o nome de ambos os irmãos nas competições do início dos anos 1970. Depois os irmãos se envolveram na criação de uma equipe brasileira para disputar aquela competição, a Coopersucar-Fittipaldi. Talvez pudesse ser chamada também de Fittipaldi-Coopersucar. O melhor resultado da equipe foi um segundo lugar no GP Brasil de 1978, que naquele ano foi disputado no autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. É. Lembranças de minha infância. Wilson Fittipaldi tinha 80 anos e faleceu no final de fevereiro.

Pedro Herz fez parte de minha vida adulta, bastante influenciada pela Livraria Cultura. Em especial desde que a Livraria Cultura abriu uma filial em Porto Alegre. Como gosto muito de livros, eu gostava de frequentar a livraria. Comprava livros. Cheguei a ter um cartão de crédito de afinidade com a Cultura. Depois ainda descobri que a Livraria, em seus bons anos, pagava salários superiores à média para seus funcionários, algo que acabou depois que um banco se associou ao empreendimento. Nos últimos anos, a Cultura sofreu uma série de percalços, com mudanças no mundo dos livros, incluindo o comércio eletrônico e o estabelecimento de quase monopólios livreiros. A Livraria Cultura está praticamente extinta. Não deve ser coincidência que a pessoa que a levou ao seu patamar mais alto tenha morrido na mesma época. Morreu no dia 19 de março, aos 83 anos, provavelmente de um ataque cardíaco. 

Eu, de fato, não conhecia Maryse Condé. Nunca li um livro que ela tenha escrito.  O que me espantou em seu obituário foi a minha ignorância. Perguntei-me  como eu nunca soube de sua existência enquanto era ela viva. Essa escritora francesa negra tinha 80 anos ao falecer, no início de deste mês de abril. Espero que eu ainda venha a ler algum livro dela. 

Ziraldo é um ícone pop brasileiro. Seu personagem, o Menino Maluquinho, foi muito citado ao longo das notícias e comentários sobre a morte do artista, aos 91 anos, também nesse início de abril. Eu inclusive vi a adaptação do personagem feita para o cinema. Cheia do saudosismo que perpassou o Brasil nos últimos sessenta anos, quando o país deixou de ser um país rural e a população se concentrou nas cidades. Mas também me lembro da personagem Supermãe, da época em que minha irmã comprava a revista Cláudia. Ou ainda do Mineirinho, nas revistas Playboy do início de minha adolescência. Um artista que marcou o país com suas constantes iniciativas. 

E por aqui termino.


27, 28/04/2024. 

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