O Raul que não conheci


Caro Rubem,


Só posso imaginar a dor que sentes pela perda do teu primo-irmão, a respeito de quem escreveste como se fosse um irmão, o Raul. 

Sendo que tens um irmão e duas irmãs. E eu só sei da existência de toda essa gente pelo que escreveste a respeito deles. 

Não há nenhum Raul memorável na minha infância, um amigo, um primo que marcaram minha vida. 

Raul para mim era o Seixas, aquele que todos pedem para que seja tocado, e que gerou um conto no primeiro livro em que fui publicado (e que tu adquiriste, espero que tenhas lido e gostado); e aquele que foi goleiro no Cruzeiro e no Flamengo. 

O Raul que conheci por ti foi galã, esportista, e, bem, parece, brigão. De qualquer maneira parceirão, amigo. Admirado. 

E, bem, se foi. Precocemente. Podia ter ficado um pouco mais. Ou muito mais. Quanto é muito? (vale lembrar o vídeo que publicaste no teu aniversário sobre o teu desejo / esperança de viver mais trinta anos. Admirável! Que tal mais quarenta?). 

Crente, ou ex-crente, que sou, me resta dar graças a Deus pela vida desse Raul que te levou a dedicar-lhe uma crônica, e pedir orações por ele. 

Estamos em uma fase da vida em que já acumulamos muitas perdas. Daqui a pouco alguém chora por nós (sempre esperando que alguém chore por nós). 

“Filosofar é aprender a morrer”, eis a frase que pego solta e sem contexto do Antonio Prata. Boa, sem dúvida. E assim vamos, escrevendo. Filosofando.

Gostaria de te dar um abraço em nosso próximo encontro. Sei lá se isso te seria uma forma de consolo. Como até lá o sol terá se levantado e posto três vezes não tenho certeza em que vibe (“vaibe”, vibração) vais estar. Em que vaibe estaremos. 

Fica aqui desde já meu abraço virtual. Força aí, mestre! 


10/04/2022. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poemas de Abbas Kiarostami na Piauí de Junho/2018

Sessão de Autógrafos - A Voz dos Novos Tempos

Feliz aniversário, Avelina!