Diário da Peste (LXVII) - O que fica da peste?



O que fica da peste? Me fiz essa pergunta porque hoje (segunda-feira de Carnaval, 28 de fevereiro de 2022) tive que colocar o aparador de pelos que comprei no início da pandemia para recarregar. Pela primeira vez. 

Não lembro quando comprei o aparador de pelos. Deve ter sido bem no início da pandemia, e do recolhimento decorrente de tal. A ideia era aparar os poucos lugares na minha cabeça em que ainda havia cabelo. É um aparelho que pode funcionar sem fio, com uma bateria recarregável. Desde então devo ter usado o aparelho umas quarenta vezes. E durante 39 vezes a bateria aguentou. Nesse meio tempo também passei a usar o equipamento para aparar uma certa barba que passei a cultivar. 

Infelizmente o barbeiro que me atendia, na prática, perdeu um cliente. Nesses dois anos de pandemia, voltei ao salão apenas uma vez. 

O que me leva a pensar em todas essas coisas que vieram com a pandemia.

Em especial, penso com carinho nas panelas elétricas. A panela de pressão elétrica, a panela de arroz, presente do Guerreiro, e o forno elétrico por convecção (também conhecido como air fryer). Chamei esses dispositivos de máquinas de fazer comida, mais ou menos como há máquinas de lavar roupa. Nesses dois anos de pandemia, comecei usando o micro-ondas e os aplicativos de entrega de comida. Com a decepção pela demora e pelos erros nas entregas larguei os aplicativos de comida (para não dizer que larguei totalmente, devo fazer pedidos uma vez a cada seis meses). Como me foi impossível ficar apenas com o micro-ondas, adquiri esses novos apetrechos. Nesse período soube de amigos que ficaram basicamente no aplicativo de entregas, o tal delivery, ou que iam a restaurantes nos intervalos em que estes abriam. Eu peguei certo gosto pelas máquinas de fazer comida, e continuo usando-as, mesmo que os restaurantes estejam abertos há meses, sem interrupção. Sim, também uso os restaurantes, mas não muito. 

Outra coisa que me acompanhou durante a pandemia foram os livros. Como eu fazia antes de pandemia, adquiri mais livros que consigo ler. Mas eles são uma companhia agradável. Gosto de pensar em especial naqueles escritos por autores que conheço, Ana Mello, Dalva Soares, José Falero, Maria Avelina. Jorge Bledow, cujo livro já traz crônicas ambientadas na pandemia, em especial, uma (agora) divertida expedição ao supermercado, narrado quase como um relato de guerra. E outros e outros e outros. Uma pilha infindável de livros. Faço o possível para lê-los. Há alguns registros de leituras realizadas no blogue. E espero ser imortal para poder ler a todos. 

Durante a pandemia passei a consumir mais álcool do que antes da pandemia. Mas acho que a coisa não chegou a um nível incontrolável. Foi assunto de algumas sessões de terapia. Claro que na cabeça do meu amigo Guerreiro, devo estar necessitando ir para uma clínica de reabilitação. Coisas da vida. 

Acho que a epidemia se encaminha para um certo fim. 


28/02/2022. 

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