Covid em Quatro Estações


Nesse dia 22 de setembro de 2020 foi o equinócio da primavera no hemisfério sul. 

Foi no final do verão que a ameaça da covid-19 se tornou uma ameaça plausível no Brasil. O primeiro caso que então se relatava teria sido no final de fevereiro, e a primeira morte em decorrência da doença teria sido na primeira quinzena de março. 

E foi justamente no início do outono, que foi meu último dia de trabalho "in office". Dia 20 de março, uma sexta-feira.

Desde então estou em teletrabalho. 

Se as telas se tornaram tudo para nós, o cinema, o teatro, a reunião de trabalho, e até o happy hour, a janela do meu apartamento se tornou meu ponto de vista privilegiado. 

Por ela pude acompanhar o bisnagueira, cujas flores cor de laranja, permaneceram por praticamente todo outono. 

Pude acompanhar os passeios e as correrias dos gatos. Pisando na grama, às vezes distraídos, mas logo atentos. 

Pude ouvir os chamados dos entregadores, que traziam de tudo, móveis, eletrônicos, livros, mas principalmente comida e bebida. 

Vi meu velho vizinho ir pegar um ar e fazer uma fumaça. 

Assisti os dias de sol, de nuvens e de chuva. 

Vi o banco do jardim ser interditado, e depois restabelecido.

Sim, porque parece que a peste vai perdendo seu ímpeto também pela capital dos gaúchos. 

E, como dizem, não há mal que dure para sempre (embora esse mal esteja durando mais que qualquer um de nós pudesse imaginar). 

Como disse a Maria Avelina em uma de suas crônicas da pandemia, ela completou 25 domingos de isolamento. O que é praticamente meio ano. 

Meio ano de saídas restritas e temerosas. 

Mas acho que o fim está à vista. 

Acredito que no início do próximo ano a população começará a ser vacinada em massa.

E o verão tornará a vida mais parecida com o jeito que ela era até 2019. 


23/09/2020.

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