Meu Mundo

Eu gosto de utilizar representações de nosso planeta, a Terra, com o Pólo Norte voltado para baixo, em lugar do sul, como é mais comum vermos. Já defendi este posicionamento num outro texto.
Claro, que muita gente acha loucura, falta de sentido (em que sentido? He, he, he...), absurdo. Alguns colegas de trabalho em especial, gostam de “endireitar”um pequeno globo que mantenho em cima de minha mesa (obviamente este globo fica com o Pólo Sul para cima), e vez por outra sou surpreendido quando chego para trabalhar e o globo está com o Pólo Norte para cima. Quando eu percebo, por coerência, tenho que corrigir isto. Infelizmente isto causa um pequeno desgaste no globo, a cada endireitada, e cada corrigida. Ou seja, brevemente terei que comprar um globo novo.
Uma colega já me perguntou por quê eu mantinha o “globo virado”. Nós trabalhamos num prédio que fica relativamente bem orientado, com relação aos pontos cardeais. O prédio é uma “caixa” retangular, com alas sul e norte, e os lados maiores orientados para leste e oeste. Eu trabalho na ala norte. Na estrutura do prédio, os banheiros coletivos, masculinos e femininos, ficam orientados para oeste, pelo menos os que eu conheço (sim, porque não conheço todos os banheiros do prédio). Então, voltando àquele questionamento da colega, para responder o porquê, de eu colocar o sul para cima, eu caminhei com ela até próximo da janela que mostrava o norte e perguntei se ela via alguma “subida” que olhava em direção ao norte, e não apenas uma longa planura até onde a vista alcançasse. E de fato, até onde a vista alcança, o que se pode ver é um plano.
Curiosamente, é esta sensação de plano que fez com que se pensasse que a Terra era plana, na Europa Ocidental, durante a Idade Média, com o aval da Igreja Católica de então. Mas a Terra é esférica, ou geóide se quiserem. Uma esfera não possui parte de cima ou de baixo. A Terra pode ser representada, e normalmente o é, tendo o norte para cima, como sendo visualizada a partir de um determinado ponto de vista, em seu eixo de translação em relação ao Sol.
Outro colega já me objetou que a metade sul do plante possui menos terras que a metade norte. Mas isso é totalmente irrelevante para realizar uma representação com o sul para cima. Mesmo que existam menos terras ao sul da linha imaginária do Equador, eu vivo em Porto Alegre, que fica ao sul desta linha. Imaginária como eu disse. E também Montevidéu, Santiago, Buenos Aires, Luanda, Sidney e Durban (na África do Sul, que fica numa latitude muito próxima da de Porto Alegre).

Sul. Para Cima.


Este texto havia sido publicado no meu blog Voltas em Torno do Umbigo, em maio de 2007.

Comentários

  1. Oi ZéAlf!
    Pergunta para estender a discussão:
    Qual a relevância da bússola na escolha do norte para cima no desenho do globo?
    Wagner

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  2. Oi, Wagner.
    Há quanto tempo, hein?
    A bússola aponta para o norte magnético.
    Mas veja que os inventores da bússola foram os chineses, e já ouvi falar de mapas antigos chineses com o sul em cima.
    De qualquer maneira, a questão aqui são mapas, e mapas são representações do mundo, com sabes.
    Qualquer dia desses vou acabar por importar aqueles mapas australianos com o hemisfério sul para cima.
    [ ]

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  3. Grande Zé, me surgiu agora outra pergunta, mas que tenho certeza deve ter uma resposta trivial. Se o Sul pode estar em cima, ele não pode estar ao lado também? Pq não o oeste para cima? Abraços

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  4. 1. Mas quem seria o Mumu?
    2. Eu não sou original a este respeito. O Kanitz também tem um texto nesse sentido. E a esse propósito, ele comenta que houve tempo em que o hemisfério que ficava na parte superior do mapa era o oriental, onde nascia o sol.
    Mas a minha proposição de deixar o sul para cima é apenas porque eu vivo no sul.

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