Sobre ter, ou não ter, filhos
Sobre ter, ou não ter, filhos
Porto Alegre, 24 de maio de de 2012.
Caro amigo,
Não pude deixar de pensar na pergunta que fizeste no almoço a respeito de ter filhos. Ou não. E que estavas avaliando a questão junto com tua esposa.
É. É complexa a questão.
Eu tendo a achar que racionalmente, é melhor não tê-los.
As despesas vão aumentar, e o salário família, para ajudar a criar a criança não compensa o valor. A esposa pode ganhar sobrepeso e perder as formas. O tempo para as tuas atividades de lazer vai diminuir. Os momentos de intimidade do casal, tornado pai e mãe, vão ficar mais restritos.
Eventualmente vai ser necessário acordar no meio da noite. Uma noite ou outra vai ser necessário correr com a criança doente para algum pronto-atendimento médico. Isso nas coisas mais triviais.
Radicalizando o que foi dito acima, e usando do biologismo rasteiro, o feto pode atuar como um parasita sobre a mãe, que eventualmente pode ter sua saúde abalada. Não é incomum que surjam problemas como hipertensão, ou hiper glicemia durante a gravidez.
Pode haver a infelicidade de uma má formação fetal, seja genética, seja congênita, e o filho se tornará uma pessoa dependente por toda a vida. E cada família tem uma forma de responder a isso. Nem todas da forma mais edificante.
Mas aí temos a palavra do poeta, que disse algo como "filhos, melhor não tê-los, mas sem os tê-los, como sabê-lo?"...
Pela minha experiência, um filho enriquece a nossa vida. E julgo que nesses vinte e poucos anos tive mais momentos abençoados que tristes. Até porque a nossa memória é seletiva, e a gente procura lembrar o que houve de bom, e tenta esquecer o que houve de ruim. Sim, há as preocupações e há as doenças. Mas há também as celebrações, os momentos gostosos compartilhados, o companheirismo que acontece por anos. E pode se estender por mais e mais anos.
Eu confesso que o meu filho nasceu mais de uma decisão emocional que racional. Mas a experiência de viver com ele tem sido tudo de bom. Enriquecedora.
Agora, pensando em ti. Eu li teu weblog.
E o teu weblog mostra um aparentemente feliz retrato de família. Talvez até seja uma descrição de fachada, mas espero que não.
E o retrato que tu mesmo traçaste é um retrato de camaradagem, de companheirismo.
Acho um privilégio que um pai e um filho possam fazer uma viagem de moto juntos, cada um na sua respectiva motocicleta.
É legal a cumplicidade de vocês terem ido comprar o teu carro juntos. Conferirem eventuais consertos que necessitassem ser realizados. Escolherem o som que equiparia o possante...
É bem legal vocês terem tido ocasião de fazer churrasco enquanto acompanhavam uma competição automobilística em Tarumã.
Em favor da hipótese dos virtuais filhos, pensando na melhor hipótese, desejando a melhor hipótese, em Deus permitindo que o melhor aconteça, que tal um futuro assim contigo e teu filho daqui há uns 20 ou 30 anos? E, melhor ainda, com a possibilidade do teu pai estar junto?
Pois é. Mas tudo isso compete a ti e à tua esposa decidir.
Só escrevi isso tudo porque a questão ficou martelando na minha cabeça.
Espero que a vida te dê tudo de bom!
José.
Ótimo texto, Zé! Na verdade nossa decisão com relação ao assunto já está 99% certa, só estamos decidindo o momento certo para isso.
ResponderExcluirObrigado pelo incentivo!
Camarada Zé, como sempre com sabias e belas palavras..
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