Diário - teatro - O Linguiceiro da Rua do Arvoredo


Diário - teatro - O Linguiceiro da Rua do Arvoredo

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Sábado, dia 11, véspera do dia dos pais, fui ao Teatro São Pedro para assistir ao espetáculo “O Linguiceiro da Rua do Arvoredo”, junto com minha mulher e filho.

A peça trata de um fato ocorrido na segunda metade do século XIX, na cidade de Porto Alegre, que acabou elevado ao patamar de lenda urbana. Segundo o imaginário, José Ramos, habitante da cidade teria usado da sedução de sua mulher, uma migrante alemã, para seduzir e assassinar homens em Porto Alegre. E parte dos corpos das vítimas teria sido transformada em linguiça, por uma associação de Ramos, com um açougueiro da Rua Riachuelo.

A antiga Rua do Arvoredo é a atual Fernando Machado.

Há várias coisas interessantes a respeito desse espetáculo.

Antes de mais nada, eu fui surpreendido pelo fato dessa montagem ser um musical. Pois é. Numa peça relacionada com assassinato, ocultação de cadáveres, e eventual canibalismo, em vários momentos os atores cantam e dançam no palco.

Outra coisa interessante foi que o grupo responsável pela montagem do espetáculo, registrou praticamente todo o desenvolvimento em um web-log. O tal blogue se chama “O Moedor”, e registra desde o desenvolvimento da ideia da peça, os ensaios, a preparação vocal e corporal dos atores, “os eventos preparatórios” para  a estreia da peça, etc.

Foi por meio deste blogue que pude saber que o diretor do espetáculo se chama Daniel Colin. O ator que interpreta José Ramos é Leandro Lefa. A atriz que interpreta Catarina (ou Catharina) Palse é Úrsula Collischonn. Dênis Gosh é Carlos Claussner, o açougueiro. Além deles, participam da peça Dani Dutra, Diana Manenti, Douglas Dias, Francis Padilha, Ike Zimmer, Kaya Rodrigues e Maíra Prates. Enfim, a ficha técnica completa da peça está disponível na Grande Rede.

A peça também tem momentos de metalinguagem. Um desses momentos é quando uma das atrizes informa a plateia que muito do imaginário desses eventos da Rua do Arvoredo, de mil oitocentos e sessenta e pouco não podem ser encontrados em registro nenhum. Isto é, ela informa que o grupo teatral pesquisou fontes históricas e literárias em profundidade para a compsição do espetáculo.

Outro momento desses foi quando um dos atores informa algo sobre a maneira que ele iria montar seu personagem.

Os dez atores em cena formaram um grupo equilibrado. Nesse sentido, não me pareceu que nenhum tivesse atuação destacada, e nenhum teve atuação por demais discreta. Os trabalhos de desenvolvimento de expressão corporal e vocal valeram.

A personagem Catharina se expressa bastante em alemão, fazendo valer suas alegadas origens. Assim, espectadores fluentes nesse idioma terão um bônus ao assistir a peça. Não foi o meu caso...

E como eu disse, a peça é um espetáculo musical. E assim como há momentos de riso, há algumas cenas bastante chocantes. Que os futuros espectadores vejam e julguem.

De qualquer maneira, fica parecendo que a peça acaba por difundir uma mensagem pró-vegetarianismo, quando em diversos momentos é evocado o chacal interior que habita todo ser humano. Será?

Foi um bom espetáculo. Eu gostei. E o público ao meu redor aparentemente gostou mais que eu, pois a maioria se levantou para aplaudir os atores ao final da apresentação.

Eu espero que a peça faça boa carreira. Este final de semana em Porto Alegre foi apenas para começar. E certamente há diversos teatros aguardando apresentações pelo interior do Rio Grande do Sul, e pelo Brasil.


15/08/2012.

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