Feliz aniversário de 108 anos, pai


Pai,

Feliz aniversário. Se estivesses por aqui seriam 108 anos. 

Talvez hoje fosse um bom dia para visitar teu túmulo, mas não vou fazer isso. A meteorologia prevê um calor infernal para este domingo de final de primavera. Talvez a sensação térmica chegue a 38º. Um horror!

Se bem que horror mesmo são as carnificinas que continuam ocorrendo, em especial no leste da Europa e no Oriente Próximo. Mas não quero te chatear com isso. Espero que os mortos descansem dessas preocupações e sofrimentos. 

Esta semana estive em um aniversário. A irmã mais velha da Lindoia, como tu chamavas. 28 de novembro. Pelo que me lembre o mesmo dia das tuas bodas, embora eu não tenha absoluta certeza. Não lembro se algum dia cheguei a ter em mãos a tua certidão de casamento. Não sei se celebram onde vocês estão os 78 anos que completariam juntos. Já para a aniversariante da semana eu não sei quantos anos se completaram. Talvez 65, talvez 67. Ela está bem. Mas Cronos nos devora a todos. Em algum momento nos levará daqui.

À medida em que eu também me aproximo dos 60, mais e mais penso nisso. Na relatividade da vida. Na brevidade da vida. Estou bem. Relativamente bem para a minha idade. E acho confuso que eu tenha muito mais passado do que futuro agora. Gera perplexidade pensar que agora estou aqui e em um breve momento não estarei mais. 

Feliz aniversário, pai. Continuas vivendo em mim, e, talvez, um pouco bastante em teu neto, e em todos os outros que ainda possam lembrar de ti e sentir tua falta. Quando nos formos todos, aí sim, iremos, todos, no rumo do esquecimento.

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01/12/2024, 02/12/2024. 

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