Hesitação
Já escrevi sobre meu trabalho, agora feito a partir de casa ("home office") por conta da peste, e me comparei, acho que com a devida humildade ao filósofo Immanuel Kant, em seu passeio diário.
É uma caminhada para aliviar a tensão do trabalho e também mudar um pouco de ares. Sob sol, ou sob nuvens, mas não sob chuva.
Pois hoje tivemos um amanhecer relativamente frio, e chuvoso, apesar de ser primavera, e de dias antes ter tido temperaturas por volta de trinta graus.
Como se a natureza estivesse indecisa, tivemos momentos de chuva, estiagens em que apenas nuvens cobriam o céu, e até nesgas de sol apareciam vez por outra.
Encorajado pelo titubeio climático, e sempre querendo meu próprio bem estar mental, após almoçar, vesti a roupa da rua, incluindo a máscara, saí a caminhar em um momento seco.
Mas eis que há trezentos metros de casa, começou um chuvisco.
Com um casaco leve, e a cobertura de uma boina, decidi seguir em frente, pensando que se eu me molhasse, seria só o caso de chegar em casa e trocar de roupa. Se ficasse totalmente ensopado, um banho quente viria a me reaquecer.
Pensei comigo mesmo em Jorge Ben, "Chove chuva, Chove sem parar"... E pensei em Frejat, "A chuva quando fala, Lava minha alma, Ela me acalma (...) A voz da chuva, É a gente gritando, Os para-raios pifaram, E a gente continua amando..." Iria eu tomar um banho?
Nada. Me acompanhou um chuvisco incapaz de molhar. Parecia um chuvisco de inverno, mas era primavera.
Voltei. Quase seca a roupa de rua, ela foi deixada à beira da porta.
27/10/2020.
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