Diário - leituras - Para diminuir a febre de sentir


Quando publiquei no blogue sobre o recebimento de "Para diminuir a febre de sentir", alguém me perguntou, "tu queres diminuir a intensidade dos sentimentos?". Tive que dizer que o livro não era de autoajuda, mas uma coletânea de crônicas. Sim, uma coletânea de crônicas, algumas com alto teor poético, de Dalva Maria Soares, com prefácio de José Falero. 

Crônicas com bastante sentimento, como indica o título. 

Das dores, em "Sororidade".

Ou da saudade, em "Era raiva, não", ou em "Eu quero a mamãe de volta". Quem não sente saudades, uma imensa saudade, de pais e mães amados que nos deixaram. 

"Dia de Reis" me levou para Milton Nascimento, o fenômeno musical gestado em Minas Gerais, nas canções de seus discos que evocam certo modo de vida de um passado já não tão recente. Canções como Morro Velho, Canção do Sal, e mesmo Cálix Bento. 

Por falar, em Minas e Milton, com suas crônicas, Dalva Soares coloca Baldim no meu mapa sentimental. Uma cidade que não conheço, nem sei se conhecerei, mas na qual parece que caminhei por suas ruas nessas crônicas. Em especial em "Propaganda enganosa", mas também em Caminhada. Há outras. Escrevo tudo isso e a música de Milton fica reverberando em minha cabeça.

Comentei da fofura do formatinho do livro, com dimensões de de dez por quinze centímetros, o que tinha se tornado o padrão de nossas fotografias, nos tempos em que usávamos filme e contávamos com um laboratório para podermos vê-las. 

Sei que gostei tanto do livrinho, que demorei um pouco a ler a última crônica, para me permitir manipulá-lo por um pouco mais de tempo. 

Curiosamente, a última crônica, "Respiro" foi uma das que menos gostei, por conta de seu caráter político. Mas quem pode querer condenar alguém por considerações políticas nesses tempos maus em que vivemos?

Enfim, um livrinho fofo, querido. Pena que não veio autografado. 

SOARES, Dalva Maria. Para diminuir a febre de sentir. Belo Horizonte: Editora Vienas Abiertas, 2020. 


14/09/2020. 

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