Diario da Peste (IX) - Perdemos Aldir Blanc


A minha primeira notificação veio pelo Willy. Seu amigo, colega e músico, Felipe Azevedo, aparecia em um vídeo em homenagem a Aldir Blanc, com uma performance de "Corsário". 

Depois o mesmo Willy enviou um vídeo do jornalista Rodrigo Vianna, comentando a obra de Aldir Blanc, durante sua internação. Ainda era um desejo de recuperação. 

Sim, infelizmente aquilo tudo só podia significar o que realmente significava, o grande letrista, poeta, Aldir Blanc havia sucumbido à covid-19, doença que o levara a ser internado há alguns dias. 

Então foi meu momento de pegar duas doses, e dizer ao Willy que estava bebendo, e fazendo de conta que estava com ele, e com outros, no boteco na esquina da José do Patrocínio com a República. 

Mas estamos assim, isolados. Não podemos nos encontrar, não podemos beber juntos. Alguns de nós, inclusive, e infelizmente, quase não podem prantear seus mortos. São velórios para poucas pessoas, feitos afobadamente, muitas vezes com caixões lacrados. 

À noite, um programa de rádio também homenageou Aldir: em uma longa gravação Elis Regina canta "Dois pra lá, dois pra cá". Aí, além da dor da perda de Blanc, somos assaltados pela saudade de Elis. 

Fazer o quê?

De quebra, no mesmo dia, somos informados da morte do ator Flavio Migliaccio. Como disse o Willy, lá se foi um personagem de nossa infância. O Patrão Velho está sendo cruel. Ou talvez mais cruéis estejam sendo os homens e mulheres que minimizam tudo isso. 

Foi dia 4 passado.

Que descansem em paz!

Nós prosseguimos, por enquanto!...

10/05/2020.

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